Para começar a abordar o problema da natureza das mulheres convém conhecer os pressupostos de que se costuma partir. São estes que vamos aqui reportar.A justificação dos papéis sociais que tradicionalmente as mulheres têm exercido sempre se baseou em alegada diferença de natureza entre os dois sexos: As mulheres seriam por natureza muito diferentes dos homens e isso justificaria que fossem confinadas à esfera privada e ao exercício exclusivo dos papéis sociais de esposa e de mãe.
Há motivos para pensar que esta alegada diferença, ou pelo menos a interpretação que lhe tem sido dada, não é correcta. Vejamos esses motivos.
«Toda a educação das mulheres deve ser relativa aos homens. Agradar-lhes, ser-lhes útil, fazer-se amar e honrar por eles; criá-los quando jovens, cuidar deles quando crescidos, aconselhá-los, consolá-los, tornar a sua vida agradável e doce; estes são os deveres das mulheres em todos os tempos e o que se deve ensinar-lhes desde a infância Quanto mais nos afastarmos destes princípios, mais nos afastaremos do nosso objectivo e todos os preceitos que lhes dermos falharão no sentido de garantir a sua felicidade ou a nossa.»
Esta razão toma por base o facto de os homens terem construído uma ideia acerca da natureza das mulheres que é tudo menos imparcial, e que deve ser em grande parte o resultado de um pensamento voluntarista - aquilo que em língua inglesa se designa por wishful thinking.
Uma outra razão, igualmente importante, que nos leva a pôr em causa esta pretensa diferença de natureza entre homens e mulheres e suas implicações, decorre do facto de que, para se conhecer a natureza de uma coisa, - admitindo-se que exista tal coisa como a natureza de uma coisa - não basta fazer umas quantas observações de senso comum; as coisas ocorrem sempre em determinados contextos e estes não podem ser ignorados. Ora, no caso em apreço, há fortes contextos circunstanciais, ligados ao processo de aculturação das mulheres. O modo como as mulheres têm sido condicionadas pelo meio e pela educação leva a colocar em dúvida a existência de uma natureza dada, tão ao gosto dos homens, e a pensar numa natureza que é pelo menos em grande parte uma construção social e que, assim como foi adquirida, também pode ser alterada.
Vamos lá vêr, isso é em grande parte verdade, muito embora, se deva notar que há componentes de comportamento humano que são inatos e o Darwin encontrou vários exemplos disso no mundo animal. Como tal alguns deste estéreotipos tem raizes de certo modo cientificas.
ResponderEliminarA existência de sociedades em que não existe a divisão do trabalho ou em que as relações entre os sexos são igualitárias provam o erro que é esse argumento da natureza humana.
ResponderEliminarA própria ciência moderna nem sequer coloca a questão nesses termos.
Ainda assim, acho que se deve atacar os argumentos contrários em todas as frentes.