tag:blogger.com,1999:blog-85180661014884453212024-03-13T16:40:49.792-07:00Sexismo e misoginiaEste blogue pretende denunciar situações de sexismo e de misoginia que até ao momento têm impregnado toda a cultura ocidentalAdíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.comBlogger516125tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-45323136784996553452023-02-01T04:32:00.001-08:002023-02-01T04:32:12.226-08:00<p> </p><p class="bodytext" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span style="color: black; font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"><span style="font-size: medium;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">O que é o materialismo histórico
e por que razão é uma ferramenta imprescindível de análise histórica. </span><span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="bodytext" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p>
<p class="bodytext" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">O materialismo histórico é em
simultâneo uma conceção sobre a história e um método de análise do processo
histórico; ou seja, é uma teoria, mas também uma prática instrumental e os dois
aspetos encontram-se intimamente imbricados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="bodytext" style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Enquanto conceção sobre a história, o materialismo histórico
assenta no pressuposto de que esta é um processo - o que supõe a ideia de
continuidade e de movimento. Nesse sentido, a história – o modo como tem vindo
a decorrer a vida da humanidade, não pode ser entendida como algo estático, nem
os eventos podem ser isolados uns dos outros, sob pena de se tornarem
incompreensíveis. Por outro lado, como estamos perante uma conceção
materialista, supõe que o motor do processo histórico são as condições
materiais de vida, pois são elas que estabelecem as ideias que as pessoas têm
acerca da realidade na qual se encontram imersas e essas condições em última
analise estão na origem da mudança, explicando e determinando o sentido desta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="bodytext" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Por outro lado, enquanto método de análise do
processo histórico, o materialismo histórico pressupõe que ao focar-se a análise
sobre um determinado período ou evento não se olhe apenas para esse período, mas
se procure conhecer e refletir sobre o que veio antes e o que veio depois – que
sempre se considere o contexto pois só assim se pode entender o momento, a fase
que se está a analisar; como refere <a name="_Hlk126137386">Eric Hobsbawmy</a>,
este método:<o:p></o:p></span></p>
<p class="bodytext" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 5.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">“Implica que o passado não pode ser compreendido exclusivamente ou
primariamente nos seus próprios termos: não apenas porque ele é parte de um
processo histórico, mas também porque apenas esse processo histórico nos
capacita a analisar e a compreender os aspetos desse processo e do passado.” </span><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Eric Hobsbawm, <i>Marx and History</i></span><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="article-authors" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Neste método de análise, o conceito de trabalho é fundamental
porque segundo Marx foi o trabalho - a transformação da natureza em objeto de
fruição - o elemento responsável pelo processo de humanização. Deste modo, o
conceito de trabalho é central à interpretação que o materialismo histórico faz
da história da humanidade, até porque é o trabalho que cria as condições
materiais de vida e a forma organizativa que assume bem como as divisões
sociais que pressupõe influenciam de modo diverso o processo histórico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="article-authors" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Tem ainda de se dizer que, com o materialismo histórico, há uma
rejeição do idealismo que conduz a uma interpretação da história segundo a qual
são as ideias, os pensamentos, que determinam e dominam a vida dos homens, as
suas condições materiais de existência e a sua vida real. Mas também é preciso
salientar que a visão materialista da história não é mecanicista porque para Marx,
se é certo que as condições materiais determinam a existência e a vida dos
seres humanos também é certo que estes têm a possibilidade de alterar essas
condições materiais, logo tal implica a necessidade de se ter uma visão dialética
da realidade e o materialismo histórico acaba sendo uma aplicação do
materialismo dialético à análise dos fenómenos históricos, pois que se “não é a
consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”
também é certo que, como Marx escreveu, os homens são capazes de modificar as
condições de vida e assim a sua própria <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>consciência. <o:p></o:p></span></p>
<p class="article-authors" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Concretizando, <span style="background: #FEFEFE;">para sobreviverem,
os seres humanos têm de produzir o que é materialmente necessário: abrigos,
vestuário, comida, etc., isto é, têm de trabalhar e o modo como organizam a
produção determina o seu modo de ser e de pensar enquanto seres humanos; assim,
por exemplo, as condições do modo de produção centrado na caça e na recolha de
frutos silvestres vai condicionar uma maneira de pensar e de se relacionarem
entre si diferente da que se implantará com a descoberta da agricultura, que
levará ao estabelecimento de outro tipo de relações sociais, e de organização
social e é também diferente do modo de produção capitalista que é aquele com
que de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>momento nos encontramos confrontados.
<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="bodytext" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Partido destes pressupostos podemos dizer que o materialismo
histórico se apresenta como um método de análise dos acontecimentos históricos
que procura encontrar as causas e os efeitos dos fenómenos históricos, isto é,
procura saber por que as coisas ocorrem desta ou daquela maneira, e o que a
partir daí se pode esperar; é, pois, uma tentativa de aplicar a metodologia científica
aos fenómenos sociais e humanos que encontra grandes dificuldades dada a
especificidade e complexidade destes fenómenos. Todavia, apesar dessas
limitações, como até a data não foi encontrada uma metodologia que o supere, o
materialismo histórico é a ferramenta mais atual que temos para analisar a
história, por isso, se queremos compreender o presente e prever o futuro não o
podemos descurar e, decididamente não vale a pena consultar nenhuma bola de
cristal ou atribuir as mudanças a putativas vontades, heroísmos ou maldades
pessoais, ignorando todos aqueles fenómenos de natureza económica, geográfica e
social que se encontram a montante.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-89122995341870800362023-01-24T01:27:00.000-08:002023-01-24T01:27:42.805-08:00<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Populismo – o segredo do seu sucesso <o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Muitas pessoas,
atrever-me-ia a falar na maioria, mesmo quando têm certo grau de educação
académica, carecem de educação política; não estão habituadas a refletir em
termos de política e quando se aventuram no campo não conseguem afastar-se do mais
básico senso comum.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Claro que quanto mais
toscas forem mais vulneráveis serão às mensagens populistas; todavia, é um erro
pensar que as pessoas são populistas porque são ignorantes; bem ao contrário,
podem ser cultas, ler livros, frequentar espetáculos, etc. tal não constitui
vacina ou impedimento. Vemos este fenómeno na televisão, nos jornais, etc. e
não é só porque os jornalistas são ‘a voz do dono’, é porque não foram habituados
a pensar criticamente em política, desse modo, propendem a uma visão heroica da
história, tem dificuldade em pensar em termos de geopolítica e não sinalizam as
reais causas dos eventos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se isto se
passa com os profissionais da comunicação social, imaginemos o que ocorrerá com
os auditórios a que se dirigem. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Mais especificamente, julgo
que a maior dificuldade para se entenderem os fenómenos políticos reside no
facto de a grande maioria das pessoas, mesmo cultas, não dominarem os conceitos
de sistema e de estrutura e tão pouco terem uma visão dialética do processo
histórico; filosoficamente ainda se encontram, se assim podemos dizer, na fase designada
de ‘metafisica’, que conduz a uma perceção da realidade como se esta fosse constituída
por partes diferentes, separadas umas das outras; daí a grande dificuldade em
perceberem, por exemplo, que as coisas podem correr mal não porque <i>a</i> ou <i>b
</i>desejem o mal, mas pura e simplesmente porque a lógica do processo em que <i>a</i>
ou <i>b</i> se encontram inseridos leva a que corram mal. Isto acontece porque
as pessoas também não percebem que assim como o mundo dos fenómenos naturais é
regido pelo determinismo, o mesmo acontece no mundo dos fenómenos sociais e históricos
e que postas certas circunstâncias dar-se-ão necessariamente determinados
efeitos; para que tal não acontecesse seria requerido intervir a nível da
cadeia causal. Assim, enquanto não se entender a noção de sistema e como este
funciona a nível da vida social, enquanto não se perceber que o determinismo é
a regra do jogo, não se consegue alterar o jogo. Não há boas vontades que
resistam, o voluntarismo e as boas intenções não passam disso mesmo, são
irrelevantes para modificar o curso dos acontecimentos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Daqui decorre que a vilã
da história, a grande responsável pela adesão às teses populistas, é a falta de
literacia política; as pessoas, não percebendo o que se está a passar, não
identificando corretamente as causas dos eventos que as perturbam e prejudicam,
aceitam as explicações simples e fáceis que o populismo lhes oferece. Podemos
citar alguns casos mais flagrantes:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Por exemplo, a partir
sobretudo da instauração do neoliberalismo, a pequena burguesia, constituída
por proprietários de pequenos negócios e micro empresas, viu-se engolida pelas
grandes empresas capitalistas, e então julga que o voto em partidos populistas
vai servir para alguma coisa; não percebe que a culpa do seu fracasso não é da
democracia liberal, mas do sistema capitalista que tem uma lógica interna
potenciadora desse efeito, e, mais, não percebe que o populismo não só não
ataca nem vai atacar o sistema como o vai fortalecer porque vai tornar mais
difícil qualquer veleidade de resistência, dada a sua feição autoritária e
violenta, o seu apreço peça autoridade e pela ordem. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Algo semelhante acontece com a classe
trabalhadora que, despojada progressivamente de representação sindical, se
percebe vítima da globalização e adere aos nacionalismos e a valores mais
paroquiais, sem compreender que as causas da globalização com a deslocalização
das empresas decorrem de um fenómeno tipicamente capitalista centrado na
procura do maior lucro possível e na acumulação capitalista obtida, no caso,
pelo baixo valor do custo do trabalho, não regulado e sujeito à lei da oferta e
da procura. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Vejamos agora, para além da
iliteracia política, que é uma espécie de pano de fundo, outros fatores mais
específicos do sucesso dos movimentos populistas, começando por realçar que não
há um fator isolado e único que o explique, mas vários, coadjuvantes, que
preparam a ‘tempestade perfeita’. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>De
entre esses fatores identifico e destaco:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 60.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><a name="_Hlk125355240"><span style="font-size: medium;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">O
ressentimento das pessoas relativamente às democracias liberais; <o:p></o:p></span></span></a></p>
<span style="font-size: medium;"><span style="mso-bookmark: _Hlk125355240;"></span>
</span><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 60.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">A
dificuldade/incapacidade de se mobilizar uma luta credível contra o projeto
democrático liberal capitalista; <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 60.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">Os
novos <i>media </i>digitais e a sua potencialidade de divulgação e ampliação
das mensagens populistas.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 60.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">A
conivência do capitalismo para com o populismo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">_ Muitas pessoas não se percebem
verdadeiramente representadas pelas democracias liberais e, se pararmos um
pouco para pensar, temos de reconhecer que essa perceção é correta dado que o
processo eleitoral tal como está estruturado permite o acesso ao poder fundamentalmente
aos representantes da burguesia, não do povo, e permite que a classe dominante se
perpetue no poder, por isso são os interesses desta, não os do povo, que vão ser
acautelados. A democracia promete igualdade politica, liberdade individual e
representatividade politica, mas o que se constata é que tanto a igualdade como
a liberdade são meramente formais e a representatividade falha o alvo, de onde
decorre o entendimento, mais ou menos claro, de que a democracia não cumpriu o
que prometera; dai a frustração, o ressentimento e o ódio de estimação aos
políticos, sem se perceber que tal acontece porque numa sociedade de classes
que tem de conviver com um sistema económico capitalista não há lugar para a
democracia de facto, porque afinal a democracia liberal é liberal, mas não é
democracia.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">_<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A defesa liberal do individualismo preparou o terreno para o desmonte
que a cultura neoliberal fez das estruturas de resistência, nomeadamente da
luta sindical, as pessoas encontram-se politicamente isoladas e impreparadas
para contestar o que a cultura dominante lhes ‘vende’, e por isso mostram-se
recetivas às mensagens populistas. Por outro lado, essa tarefa é facilitada pelo
facto de não se apresentar nenhuma outra alternativa viável no horizonte dos
possíveis dado a ideologia politica que se lhe opõe – o socialismo – ter
perdido credibilidade com a queda da união soviética , que a esquerda nunca
procurou explicar, metendo como que a cabeça na areia; daí poder dizer-se que
há falta de comparência à luta por parte da esquerda política o que só pode
ajudar na passagem da mensagem neoliberal e, no caso que estamos a apreciar, de
propostas populistas . <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">_ Um outro fator, de
enorme importância, que pode explicar o sucesso dos movimentos populistas
reside no facto dos novos media, os <i>media digitais</i>, centrados nas redes
sociais, serem o veículo adequado à mensagem da extrema direita e à sua
divulgação e mobilização para a ação. Ora, a esquerda não consegue ser competitiva
neste campo, por razoes de vária ordem.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">A esquerda, grosso modo,
e passe a generalização, desprezou inicialmente e durante bom tempo os novos <i>media,</i>
o que não deixa de ser intrigante porque, não tendo acesso aos <i>media </i>tradicionais,
que também genericamente falando se encontram nas mãos do capital, deveria ter
estado atenta às potencialidades democráticas deste novo instrumento de
comunicação social. Todavia, fez mesmo gala em mostrar uma espécie de
superioridade moral e intelectual afastando-se dele, já que recusa recorrer à
violência verbal, à <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>retórica demagógica,
ao insulto puro e duro, à ameaça física, etc., táticas de combate que campeiam
nas redes sociais, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por outro lado, este
novo tipo de <i>media</i> ‘impõe’ mensagens curtas e imediatamente recebidas e
respondidas que não dão espaço a que se construa uma argumentação e se derrotem
verdades do senso comum, o que para a extrema direita é ouro sobre azul, mas,
para a esquerda, desastroso. O populismo não argumenta, recorre à retórica como
estratégia persuasiva e por isso tem tanto sucesso porque transmite a mensagem
sob uma forma pregnante que entra bem no ouvido que se fixa facilmente, e do
ponto de vista intelectual evita a complexidade – geradora de perturbação e
perplexidade - porque põe tudo a preto e branco: ou é isto ou é aquilo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><a name="_Hlk125358729"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Neste
contexto, a tecnologia deu e continua a dar uma ajuda de peso à extrema direita
e a esquerda não só acordou tarde para o fenómeno como ainda não encontrou
estratégias criativas para tirar dele o melhor partido. <o:p></o:p></span></span></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk125358729;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></span></p>
<span style="font-size: medium;"><span style="mso-bookmark: _Hlk125358729;"></span>
</span><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">_
Por último, mas não menos importante, para explicar o sucesso do
populismo está o facto de este contar com a cumplicidade tácita dos setores da direita
e mesmo do chamado centro esquerda e isto acontece porque afinal o populismo
não coloca em risco o sistema capitalista, bem pelo contrário. O populismo assume a defesa do liberalismo
económico, a famosa liberdade dos mercados – trave mestra do capitalismo -, que
é a liberdade de a classe dominante decidir da vida económica de um país, base
que condiciona outros patamares da vida social. É certo que politicamente, o
populismo defende o nacionalismo, o que em certa medida parece entrar em
contradição com a liberdade económica; é certo que em matéria de costumes é
mesmo reacionário, colocando em risco as tão apregoadas liberdades individuais
das democracia liberais capitalistas, mas a casa não vem abaixo por isso e se
for preciso fazer sacrifícios para a manter, paciência - vão-se os anéis,
fiquem os dedos.</span><span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 9.0pt; line-height: 150%;">Glossário retórico:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 9.0pt; line-height: 150%;">Populismo e capitalismo são farinha do
mesmo saco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 9.0pt; line-height: 150%;">O problema não é com a democracia; é
com o capitalismo, estúpido!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 9.0pt; line-height: 150%;">O populismo aposta na iliteracia
politica.<o:p></o:p></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-15070970953391212952023-01-20T12:15:00.000-08:002023-01-20T12:15:55.413-08:00<p><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk124668952;"><b><span style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></b></span></p>
<span style="mso-bookmark: _Hlk124668952;"></span>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;">O que é o populismo?</span><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; margin-left: 35.2pt; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody><tr style="mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="border: none; padding: 0cm 5.4pt; width: 12cm;" valign="top" width="454">
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Abadi",sans-serif" style="line-height: 150%;">Quero
começar por salientar que o populismo, tal como o entendo, é um movimento
político que se situa no espetro da direita e que defende <i>in extremis</i>
valores que a direita sempre defendeu. Rejeito, portanto, designar a extrema
esquerda de populista porque o único aspeto que comunga com a direita é o princípio,
em minha opinião, verdadeiro, da divisão da sociedade entre elite e povo,
havendo no povo camadas intermédias mais ou menos próximas da elite, mas com
a ressalva de que quem verdadeiramente decide é a elite, porque o diferencial
de poder de que dispõe o permite. Sendo assim, abstenho-me de pronunciamentos
morais, isto é, não considero que a elite é má e o povo bom, não embarco
nessas categoriais concetuais dicotómicas que remetem para visões
maniqueístas que não comungo.</span></p></td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">Vamos então à caracterização do
populismo (movimento de extrema direita) que apresenta duas nítidas dimensões,
uma que o caracteriza enquanto estratégia de poder e outra enquanto projeto político,
consubstanciado num conjunto de propostas políticas. Enquanto estratégia de
poder visa mobilizar para a ação política um vasto setor das sociedades
modernas que, por um ou outro motivo, não se reveem no liberalismo político e
valores por este defendidos. Enquanto conjunto de propostas políticas
apresenta-se como um movimento conservador e mesmo reacionário, no sentido de
retorno a um passado que se julgava já morto e sepultado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">O populismo enquanto estratégia de
poder visa a conquista do poder político, contando por um lado com o declínio das
democracias liberais e por outro com o desconforto que o neoliberalismo provoca
em vastas camadas da sociedade; para conseguir os seus objetivos e aliciar o
maior número de pessoas para a causa recorre a práticas diferentes, mas
convergentes: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">(1) Fornece respostas
simples para os problemas, logo respostas aparentemente exequíveis;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">(2) Explora os
sentimentos e emoções do auditório e não propriamente a sua razoabilidade,
conseguindo desse modo mobilizá-lo mais facilmente para a ação;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">(3) Apresenta líderes fortes
e autoritários dotados de carisma com os quais as pessoas se podem identificar
e que vão querer apoiar incondicionalmente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">Estes três aspetos encontram raízes na
tendência das pessoas para cultivarem o que se chama de senso comum, para se
deixarem dominar mais facilmente pelas paixões do que pela razão, e por
preferirem seguir quem sabe mandar que inspira confiança e as exime da difícil tarefa
de ‘tomarem o touro pelos cornos’, como soe dizer-se. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Podemos dar alguns exemplos que permitem
compreender como funcionam estes ‘fundamentos’ da estratégia populista:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo6; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-size: medium;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">Explicar
o declínio dos direitos da população nativa de um país atribuindo a culpa aos
emigrantes e propondo a proibição da entrada destes no pais é dar uma resposta simples,
aparentemente exequível – bastaria decretá-la – compreensível para as pessoas pela
sua simplicidade e exequibilidade. O facto de se estar perante um problema
muito mais complexo e perante uma pseudossolução, alem do mais desumana, passa
ao lado, porque exigiria, para ser equacionada, tempo de desconstrução e conhecimento
e compreensão das raízes económicas e sistémicas do problema. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo6; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-size: medium;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">Explorar
a raiva justa das pessoas contra a corrupção a que os políticos cedem é fácil e
apelativo porque a descarga emocional que esta proporciona diminui a pressão e
o incómodo. Todavia, não permite compreender o problema encontrando a sua causa
real.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ora, a causa da corrupção reside
na existência dos corruptores, e estes são os agentes económicos, por outras
palavras, o sistema capitalista de que o sistema político é simples correia de
transmissão. Os corruptos são o meio de que os corruptores se servem para
atingirem os seus objetivos. Mas já todos reparamos que ninguém fala nos
corruptores, todos apontam os dedos aos corruptos fornecendo-se mais uma vez
uma explicação imediata e aparentemente verdadeira – os políticos sabem quem são;
os agentes económico vivem numa espécie de penumbra da esfera pública. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo6; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-size: medium;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">Por
último, mas não menos importante, propor/apresentar líderes fortes,
autoritários, dotados de carisma, convida à obediência, à aceitação da
submissão, e consequentemente facilita a tarefa do líder político que não tem
de se preocupar com os embaraços da democracia porque ele é o <i>demos,</i>
identifica-se com o povo porque entre o líder e o povo não há diferença, há
identidade e graças a este passe de magica o povo julga que não esta a ser
marginalizado. Defende-se assim o autoritarismo depois de se terem rejeitado as
autocracias, e de se ter defendido a democracia como regra do jogo político. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">Vejamos agora o populismo enquanto
projeto político. Neste aspeto o populismo apresenta propostas conservadoras e
mesmo reacionárias; estas não agradam a elite liberal, é certo, mas esta pode
ver-se obrigada a ‘engolir o sapo’, se não lhe restar outra opção, isto é, se,
para manter os seus privilégios económicos, tiver de aceitar um regime político
que será hoje uma nova versão do fascismo de meados do seculo passado. Vejamos
então por que razão ou razões se justifica dizer que o populismo é conservador
e reacionário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">O Populismo pretende restaurar, ou
melhor, reconduzir para o campo do político os valores da religião, da nação e
da família; “Deus, Pátria e Família” é a fórmula que resume de modo exemplar o
conteúdo ideológico do populismo. Em termos retóricos esta fórmula é
irrepreensível, apelativa para bom número de pessoas, e aqueles que dela
suspeitam têm mais uma vez de se justificar, de ficar na defensiva, numa
posição ingrata e incómoda. Mas vamos lá, é preciso desvelar o que ela oculta,
o que não diz, mas está subentendido: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-add-space: auto; mso-list: l2 level1 lfo7; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-size: medium;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">Em
relaçao a Deus, ou seja, à religião, o que não se diz é que se pretende impor a
todos aquilo em que alguns acreditam, da maneira como acreditam, com a sua
interpretação muito própria e especifica dos mandamentos divinos e as
consequências a nível social que daí decorrem. Quer dizer, não se trata de
conceder aos indivíduos liberdade de pensamento e expressão no campo religioso
porque esta já lhes é reconhecida pelo liberalismo e pelas democracias liberais,
trata-se de voltar ao passado, a um passado que se supunha derrotado, que
obrigava a uma só fé e que não admitia sequer a ausência de fé, ou seja, o
ateísmo. Trata-se de abolir o estado laico e de inscrever a religião no âmago
do político, tal como em tempos passado, quando as monarquias e poder
eclesiástico se reforçavam e defendiam reciprocamente. Assim, enquanto o
liberalismo e a democracia liberal instituíram o estado laico e a tolerância em
relaçao aos credos religiosos diferentes de diferentes indivíduos, o populismo
revela profunda intolerância em relaçao a outras religiões que não a dominante
e pretende que a doutrina e a moral religiosa enformem a estrutura política. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-add-space: auto; mso-list: l2 level1 lfo7; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-size: medium;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">Quanto
à “Pátria” o reforço do sentimento nacionalista e a exaltação da nação, numa época
em que esta, embora ainda conserve algum sentido pelos laços de pertença que
fornece, perdeu muita da sua importância, em função da globalização e
internacionalização da economia - fenómenos inevitáveis a menos que um
cataclismo anule as recentes aquisições tecnológicas - revelam o
conservadorismo que habita o projeto populista, não porque haja alguma coisa
errada com o sentimento de pertença a uma nação, a um território, mas porque
este sentimento, se exacerbado, propende a fazer esquecer a solidariedade que é
necessário construir entre as nações a fim de minorar os conflitos bélicos que
dele se alimentam e sempre estão à espreita.</span></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; margin-top: 12pt; mso-add-space: auto; mso-list: l2 level1 lfo7; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="font-size: medium;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font-family: "Times New Roman"; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="line-height: 150%;">Também
não se diz, nesta fórmula simpática e apelativa, que a família aqui defendida é
a família heterossexual e patriarcal com exclusão de outras formas de
organização familiar. Ora, como sabemos, a família tradicional tem vindo a
sofrer alterações no sentido de suavizar a carga patriarcal que resiste em
perdurar e, alem disso, está a ser confrontada com outros modos de organização
familiar. Face a estes desenvolvimentos, é reconhecido o desagrado e o
ressentimento de muitos setores da sociedade, em primeiro lugar de muitos
homens, que sentem perder privilégios ancestrais, mas também de populações com
formação religiosa impregnada nas suas mentes, que embora pretendam aceitar as
mudanças, no fundo de si mesmas, são ainda presa de crenças e de preconceitos nas
quais estas não se encaixam. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">Resumindo, existe um campo fértil para
a difusão da ideologia populista que prega “Deus Pátria e Família”, mas que
esconde: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(1) a intolerância religiosa contra outros
credos e também contra a ausência de credo; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">(2) um nacionalismo fundamentado no ódio
e na aversão ao que é diferente;</span></p><p class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;"> (3) um apego forte à família patriarcal e à ordem
e hierarquia nela implícitas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">Numa palavra, o populismo
recentra valores que a contemporaneidade tem vindo progressivamente a
desmontar. Por isso se pode dizer que afinal <a name="_Hlk124668985">o
populismo é um anacronismo</a>; é a recusa da modernidade que inspirou o
liberalismo, apenas com uma exceção, mas uma exceção de peso, que pode explicar
o seu sucesso: <u>a aceitação do liberalismo económico, indispensável ao
funcionamento do capitalismo</u>. Quer dizer o populismo não põe em causa o
sistema capitalista e o tipo de liberdade que este exige e pressupõe – este é o
segredo do seu sucesso, isto é, da sua aceitação pelos setores sociais privilegiados.
Melhor ainda, os seus valores afinal alinham com os valores essenciais do
capitalismo: hierarquia em vez de igualdade; dominação de uns e submissão de
outros; liberdade dos mercados, isto é, liberdade para aqueles que controlam a
economia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium; line-height: 150%;">O populismo aparece assim
como a verdadeira face política do capitalismo quando a máscara da democracia
liberal não mais se sustenta. Resta saber se as contradições que suscita não se
vão continuar a manifestar, agora em outros campos e de sentido diferente, e se
o populismo não será de facto e de direito a última fase do capitalismo – a
face feia, mas necessária que o capitalismo tem hoje de assumir para se
sustentar.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><b>Glossário retórico: </b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;">O populismo é a política
da pedra lascada;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;">O populismo é um
anacronismo;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;">O Populismo - é a última
tábua de salvação do capitalismo - a face feia do capitalismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-3822581706982507822023-01-14T04:09:00.000-08:002023-01-14T04:09:16.933-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;"><b>Populismo e corrupção</b><span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">Uma das bandeiras atuais dos partidos
populistas é a da luta contra a corrupção; mas mais uma vez, como é sua caraterística
dominante, o populismo dá uma resposta simples a um problema complexo: advoga
um estado forte que, de uma penada, elimine os políticos corruptos e com eles,
claro, a democracia liberal, instalando um governo autocrático que reponha a
ordem e a autoridade. Esta resposta é simples porque não compreende, ou não quer
compreender, a complexidade do problema; contudo a maioria das pessoas,
precisamente porque é simples, aceita-a sem contestação e sem escrutínio. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">O populismo não compreende desde logo
que existe contradição entre o sistema político e o sistema económico, isto é,
entre a democracia liberal e o capitalismo. De facto, enquanto a democracia propõe
igualdade de participação política e de representação, o capitalismo está nos antípodas porque<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o modo de produção capitalista está
longe de ser democrático: quem decide o que produzir e como produzir é o dono
do capital não são as pessoas que trabalham para o servir e que não são tidas
nem achadas, nem tem qualquer poder decisório. Por exemplo, se ele entender
deslocalizar a empresa, os trabalhadores não terão qualquer hipótese de anular
tal decisão por mais gravosa que esta seja para as suas vidas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, malgrado esta contradição
entre democracia e capitalismo, os donos do capital precisam do Estado para
este lhes criar as condições mais favoráveis e por isso precisam de alguma
maneira de dominar o aparelho politico; de notar que este, em principio, nas
democracias liberais, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>já lhes é favorável
porque afinal os políticos na sua maioria são filhos das burguesias nacionais e
defendem os interesses destas, desse modo estão recetivos à adoção de medidas
que favoreçam o sistema económico vigente. Quando tal não sucede
espontaneamente, entram as luvas, os subornos, os favores, as placas giratórias
entre a esfera política e as empresas, etc., numa palavra, entra a corrupção.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">No caso que estamos a
abordar, o populismo pretende que a resposta/solução do problema da corrupção consiste
em punir/eliminar os corruptos, uma resposta circular: há corrupção porque há corruptos,
se eliminarmos os corruptos, eliminamos a corrupção. Reparem na falácia, é como
dizer: há pobreza porque há pobres, logo a solução da pobreza está encontrada se
eliminarmos os pobres. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">Esta resposta populista ignora
a verdadeira causa do fenómeno e desse modo não se propondo eliminar a causa não vai eliminar o efeito. Ora a causa da corrupção não são os políticos, é o sistema económico e os seus agentes diretos que exigem que as medidas políticas
sejam favoráveis aos seus interesses económicos; os corruptos são simplesmente o
meio de que os corruptores se servem para atingir os seus objetivos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">Assim, se um partido populista
vencer eleições e for governo, o mais certo é que vá subordinar as suas políticas
aos interesses do capital; se não o fizer, terá igualmente corruptos no seu
interior ou então terá os dias contados. Isto porque, qualquer que seja o
sistema político, o capitalismo tem de manipular a governação, seja através da própria
representação ou da sua cooptação por meio do suborno, vulgo corrupção. <span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: verdana;"> </span></o:p></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-83276693875244974012023-01-10T21:40:00.001-08:002023-01-10T21:40:16.717-08:00<p> </p><blockquote style="border: none; margin: 0 0 0 40px; padding: 0px;"><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 11.25pt; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;"><b>Porque temos
de combater o individualismo e a ideologia liberal que o sustenta?</b></span></span></p></blockquote>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A conceção
liberal de indivíduo - individualismo - defendida pelo liberalismo e
preponderante nas democracias liberais contemporâneas não investe numa ideia de
sociedade como comunidade, como coletivo, no qual os indivíduos se encontram
numa relação de suporte e dependência recíproca; bem pelo contrário, insiste em
inculcar a ideia de que cada um é uma entidade autónoma, responsável por si
mesmo, pelos seus sucessos e /ou fracassos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Também ignora que nas sociedades humanas
os indivíduos não existem em abstrato e isoladamente, mas surgem integrados em
grupos e em extratos sociais diferentes, assim, por exemplo, homens e mulheres,
brancos e minorias raciais, ricos e pobres, situam-se em ‘lugares diferentes’ e
a distribuição de recursos e de poder entre tais grupos está muito longe de ser sequer aproximada. Tal omissão e mesmo negação leva a que só reconheça direitos aos
indivíduos, não aos grupos sociais, e que conceba o papel do Estado como o de garantir
a todos os indivíduos o reconhecimento e a proteção de direitos formais, como o
direito à vida, à liberdade e à posse de propriedade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">É certo que o objetivo declarado do
liberalismo é a construção de uma sociedade democrática; de uma sociedade de
iguais, na qual todos tenham igualdade de direitos e de oportunidades. Mas, há uma premissa que deveria desde logo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>colocar: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se se quer construir uma sociedade de iguais,
pelo menos no que respeita a direitos básicos, <u>não se pode ignorar a situação
de desvantagem em que, à partida, se encontram alguns grupos sociais
relativamente a outros</u> e portanto não se pode ignorar que para alem dos
indivíduos existem grupos sociais e estruturas sociais que enquadram esses
grupos e que por tal motivo não é suficiente a garantia de igualdade formal de
direitos porque sabemos que esta, neste contexto, vai abrir a porta à
existência e persistência de desigualdades de facto: nem todas as vidas serão
igualmente protegidas; a liberdade será um luxo a que os pobres e os
destituídos de poder não terão de facto acesso; a propriedade continuará nas
mãos de um reduzido número de pessoas e permitirá que alguns explorem a
maioria. Usando uma imagem interessante, poderia dizer-se que de acordo com a
conceção liberal tanto o rico como o pobre podem dormir num banco de jardim - não é proibido - mas o primeiro preferirá com certeza a sua mansão, enquanto o
segundo pode nem sequer ter dinheiro para comprar uma tenda. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Temos então
de perceber que a montante da sociedade democrática, da sociedade de iguais, é
preciso lançar as bases sólidas da igualdade – os alicerces. Esta, embora exija
a igualdade formal de direitos fundamentais, exige também a criação de condições
materiais e outras que permitam a passagem do formal ao factual; para garantir
essa passagem é preciso aprender a tratar de forma igual o que é igual e de
forma desigual o que é desigual, é preciso aceitar que não existem apenas
indivíduos existem também grupos sociais e estruturas sociais e que estas
condicionam diferentemente o horizonte dos possíveis de cada individuo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Assim, para
construir uma sociedade democrática, uma sociedade de iguais, é preciso
abandonar a conceção liberal de indivíduo porque existe contradição entre
individualismo e democracia. A democracia é o governo do ‘demos’ (povo), é dar
atenção a todos, não deixar cada um entregue a si mesmo e a uma espécie de lei
da selva em que vence o melhor, típico de animais predadores, mas não de seres
civilizados que percebem que viver num palácio quando ao redor
só existem latrinas continua a ser viver numa lixeira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Claro que os
que vivem em palácios procuram abstrair-se das latrinas e encontrar
justificações reconfortantes para a sua situação de ‘relativo’ privilégio;
estas vão desde a negação: a igualdade não é possível logo nem vale a pena
fazer um esforço para estabelecer bases igualitárias; não é também desejável
porque de facto uns são mais brilhantes do que outros e merecem o pedestal em
que se encontram porque a sua contribuição é maior. Procuram a</span><span style="color: #403d39; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 13.3333px;">inda, para evitar conflitos e invejas, </span><span style="color: #403d39; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;">convencer os outros de que podem vir a ter o que
eles têm, se não forem preguiçosos, se aproveitarem as oportunidades, se…
se... </span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #403d39; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt;">Temos de convir que de tolos não têm nada, só vistas curtas!</span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-20356802281604628012022-12-12T04:01:00.000-08:002022-12-12T04:01:19.870-08:00<p> <b style="text-align: center;">Democracia liberal e capitalismo – gato
escondido com o rabo de fora…</b></p><div class="post hentry uncustomized-post-template" itemprop="blogPost" itemscope="itemscope" itemtype="http://schema.org/BlogPosting"><div class="post-body entry-content" id="post-body-8822785779746733764" itemprop="description articleBody">
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">A democracia liberal na fase do
neoliberalismo, que é aquela em que, no dealbar desta terceira década do seculo
XXI, nos encontramos, atravessa uma crise profunda e sofre ataques persistentes
de partidos de extrema direita aos quais, tudo leva a crer, vai ter de acabar
por se render, aceitando-os pelo menos como pares na governação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">É certo que entre a extrema direita
populista, conservadora e tradicionalista e a ideologia liberal que enforma as
democracias liberais, as divergências são profundas, mas nada que não seja
ultrapassável se, para salvar os dedos, for preciso perder os anéis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">As
críticas que o populismo faz à democracia
liberal são pertinentes e justas mas tem um pequeno senão é que falham o
alvo: dirigidas
aos políticos esquecem que estes são uma espécie de marionetes
manipuladas
pelas elites capitalistas de acordo com os interesses destas, ou
corrompidas, quando tal se mostra necessário; e há formas muito subtis
de corromper: lembremos
como é frequente certas personagens politicas, findo o mandato,
transitarem
para altos cargos em instituições financeiras privadas, ou outro tipo de
posições
extremamente bem remunerados e nunca mais ouvimos falar delas, ficam a
operar
na sombra do sistema enquanto os políticos ocupam o palco.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">Esta
foi porventura a principal façanha do
capitalismo - uma espécie de operação mãos limpas - conseguir que o ódio
fique
com os políticos, que as populações os detestem e ignorem que afinal a
culpa das coisas correrem mal é do sistema capitalista, não dos
políticos, não da
democracia liberal; ou melhor, só é da democracia liberal porque esta se
esquece de ser democracia e a sua liberalidade é tao simplesmente a que
convém
ao capitalismo: liberalidade no mercado, na ausência de regulamentação, na não interferência do estado nos negócios,
na isenção de impostos aos ricos com o justificativo de que essas medidas não permitem o
desenvolvimento da economia e a criação de empregos, etc., e a maioria das
pessoas pura e simplesmente não percebe que está a ser ludibriada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">Seria de esperar que as esquerdas
denunciassem esta situação, fizessem pelo menos pedagogia, e não slogans de que
todos estamos cansados, mas até parece que elas próprias não têm a cultura
política necessária para desmontar e desmistificar este processo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">Como o processo não é desmistificado, o
populismo pode navegar a vontade, persuadindo amplos setores da sociedade de
que as elites se estão nas tintas para o povo - e estão de facto - e de que o
melhor será entregarem os seus destinos a líderes providenciais que pelo menos
olharão paternalmente por eles. Desse modo não percebem que afinal o populismo
- que vão apoiar - não combate o sistema capitalista, só combate a democracia da
qual este pode prescindir ou mesmo ter necessidade de prescindir, atendendo às
medidas predatórias que pretende impor ao trabalho para continuar o processo da
chamada acumulação primitiva. O capitalismo pode em certo momento perceber a
democracia como um empecilho de que será necessário desfazer-se, mesmo às
custas de certas flores na lapela como as liberdades individuais, desde que não
se toque no direito de propriedade e se mantenha uma farsa de igualdade política.
Neste particular, o que se tem passado ultimamente no Brasil é sintomático desta
situação bizarra, desta encruzilhada em que o capitalismo contemporâneo se
encontra: pactuar com o fascismo ou enfrentar o descontentamento das populações,
que pode ser violento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">Por outro lado, a extrema direita é
nacionalista e o capitalismo é globalista, mas paradoxalmente o nacionalismo até
ajuda porque cria um clima propício ao ódio entre nações, leva a ver o outro
como inimigo porque diferente e assim quando há guerras a primeira vitima é a
capacidade crítica com a ascensão do comportamento de rebanho e os próprios trabalhores
colocam toda a sua energia não contra os patrões, mas afinal, veja-se o absurdo,
contra outros trabalhadores (de outras nações). De facto, tudo o que ajuda a
criar bodes expiatórios, em simultâneo ajuda o povo a ignorar os seus
verdadeiros inimigos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">Ainda
acontece que a extrema direita é
tendencialmente conservadora nos valores e não vê com bons olhos a
tolerância
em relaçao a novas formas de família, a avanços nos direitos das
mulheres, veja
se, por exemplo, a reversão do direito ao aborto nos Estados Unidos e
outras
pérolas de misoginia disfarçadas com a defesa do valor vida, tao
desprezado no
concreto e nos mais variados contextos. .Mas paciência, não se pode ter
tudo, sacrifique-se o que for preciso para se manter o essencial. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face="Abadi, sans-serif" style="line-height: 150%;">Resumindo,
pode dizer-se que aos analistas
políticos, mesmo aos sectores da esquerda, tem escapado a perceção de
que a crise
da democracia liberal decorre da contradição entre democracia liberal e
capitalismo que se encontra instalada desde os seus primórdios;
assim, a seu tempo, foi possível detetar as debilidades da democracia e
atacá-la,
deixando-se todavia intacto o sistema capitalista a que esta desde
sempre tem estado atrelada – quer dizer, neste caso, deita-se fora
apenas a água do banho, o bebé
continua bem protegido… <span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face=""Abadi",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span face=""Abadi",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span></p>
<div style="clear: both;"></div>
</div>
<div class="post-footer">
<div class="post-footer-line post-footer-line-1"><br /><div class="post-share-buttons goog-inline-block"><br /></div>
</div>
<div class="post-footer-line post-footer-line-2">
<span class="post-labels">
</span>
</div>
<div class="post-footer-line post-footer-line-3">
<span class="post-location">
</span>
</div>
</div>
</div>
<div class="comments" id="comments">
<a name="comments"></a>
<h4><br /></h4>
<div class="comments-content">
<div id="comment-holder">
<div class="comment-thread toplevel-thread"><ol id="top-ra"><li class="comment" id="c3577286822219054958"><div class="avatar-image-container"><br /></div><div class="comment-block"><br /></div></li></ol></div></div></div></div>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-28974728481663996522022-12-11T02:36:00.001-08:002022-12-11T02:36:51.147-08:00<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">VAMOS FALAR DE REDES SOCIAIS!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">As
redes sociais são uma forma nova de comunicação social que surgiu e se
desenvolveu com a internet e que, pelo menos aparentemente, é democrática: todo
e qualquer um pode entrar e pronunciar-se sobre o assunto/tema que está sendo
debatido. Têm ainda a particularidade de não pressupor mediatização, isto é, as
pessoas entram diretamente e podem comunicar – pôr em comum - o que bem
entenderem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Utopia
ou distopia, eis a questão! Para quem participa, pelo menos para muitos, esta
nova forma de comunicação significa a realização de uma espécie de utopia, tanto
mais surpreendente quanto nunca se imaginaram com tal possibilidade e o seu
protagonismo dá-lhes uma sensação de poder que nunca tiveram, ficando ainda com
a convicção de que aqui consegue eliminar-se a função eventualmente manipuladora
do mediador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Todavia,
se na comunicação tradicional mediatizada se corre o risco de se ser manipulado
pelos ‘donos’ do ‘meio’, aqui, correm-se outros riscos porventura ainda mais
embrutecedores e perigosos Citemos alguns. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"></p><ul><li><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Um
dos riscos deste tipo novo de comunicação consiste na proliferação de notícias
falsas e na dificuldade a partir daí de se distinguir o verdadeiro do falso.</span></li><li><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Um
outro, muito referido porque equivale a uma enorme multiplicidade de
experiências reais, está na proliferação de falas de ódio, que afastam muitas
pessoas destas verdadeiras arenas dos novos tempos com todas as consequências negativas
para a lucidez do debate.</span></li><li><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Um terceiro, que não costuma ser devidamente
denunciado consiste na ausência de discurso argumentativo e de apresentação de
factos que o corroborem, o que representa um empobrecimento real da comunicação
na qual o argumento é substituído pela falácia ad hominem quando não pelo
insulto mais soez. </span></li></ul><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Tudo
isto contribui para que muitas pessoas se recusem terminantemente a participar
nesta nova forma de comunicação porque o chorrilho de asneiras e insultos flui
com tal velocidade que é de facto difícil baixar ao nível e não ficar
seriamente incomodado. Esta reação embora compreensível é contraproducente
porque quanto mais acentuada for a ausência de pessoas com conhecimento e
capacidade argumentativa mais perigosa se torna esta nova forma de comunicação
pois aqui, muito ‘democraticamente’, todos são emissores e recetores em
simultâneo por mais incompetentes que se revelem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Defender
que há democracia porque todos podem participar, porque há liberdade de
expressão de pensamento é não perceber que a democracia é muito mais exigente: tem de pressupor
informação e conhecimento, boa fé, vontade de ouvir e de entender o ponto de
vista do outro; saber defender aquilo que se acredita corresponder a verdade,
saber dialogar que é a antítese de insultar. Ora nada disto parece estar
presente nas redes sociais. Diria mesmo que este novo tipo de comunicação
social não só não representa qualquer progresso em relaçao aos media que
conhecemos como traz perigos acrescidos para a própria democracia e suas
instituições. Se entendermos a democracia como um procedimento que visa chegar
a decisões que vão ao encontro dos interesses razoáveis – dotados de
razoabilidade – do maior número de pessoas, consenso esse obtido através do diálogo
e da argumentação, na qual se espera que vença a posição que apresenta melhores
argumentos, que vença quem convence, então temos de concluir que tal não será
alcançado através das redes sociais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: "Verdana",sans-serif; letter-spacing: .15pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Ficam-me
muitas duvidas, mas uma é particularmente perturbadora: isto acontece em função
da natureza deste nova tecnologia de comunicação ou porque ela é
intencionalmente construída para produzir estes efeitos?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #39393a; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><span style="letter-spacing: 0.15pt;">P.S
Como se pode deduzir, o meu conhecimento do tema é nitidamente insuficiente,
assim convido quem ler e puder a enviar textos que acrescentem </span><span style="letter-spacing: 0.2px;">informação</span></span><span style="letter-spacing: 0.15pt;"><span style="font-size: x-small;"> e o esclareçam
melhor; poderei publicá-los no blog, identificando os autores. </span><o:p></o:p></span></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-88898614128176594132022-09-23T02:48:00.000-07:002022-09-23T02:48:02.748-07:00<p> </p><p class="MsoCommentText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;"><b>Nós e o
neoliberalismo</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoCommentText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">O
neoliberalismo através de uma verdadeira revolução silenciosa com a qual
conseguiu a proeza de modificar a linguagem e o pensamento das pessoas tornou-se
o senso comum da nossa época, isto é, o modo de ser e de pensar que a maioria
das pessoas assume como correto, sem mais indagações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoCommentText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Desse modo,
todos nós, se não fizermos um escrutínio crítico, contante, difícil, para o qual
muitas vezes nos falta tempo e competência, assumimos uma forma neoliberal de
pensar o mundo e a vida. Vemos tudo e avaliamos tudo em termos neoliberais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoCommentText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Como
foi isto possível?! Ainda não percebi completamente. Bem sei que a elite neoliberal
tem os cordelinhos nas mãos, domina a informação, as técnicas, a comunicação social,
e agora, o que é extremamente importante e muito poucos perceberam (estou a
pensar na esquerda que está convencida que já sabe o que precisa de saber) domina
as redes sociais, preocupando-se em construir perfis falsos para disseminar o
que lhe convém e para orientar a opinião pública no mesmo sentido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoCommentText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">Além
disso, dá-nos brinquedos para nos distrairmos: telemóveis cada vez mais
sofisticados, programas recreativos que nos embrutecem, pornografia e sexo
virtual e, entretanto, vai navegando, comendo-nos as papas na cabeça.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoCommentText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">A
coisa é toda muito bem feita e, embora lamente, tenho de reconhecer que a elite
neoliberal se revela muito mais inteligente do que a esquerda que se julga bem-pensante.
Um exemplo, qual o cidadão comum que alguma vez pensou que ao recorrer à Uber
para se fazer transportar aqui ou ali estava afinal a minar os interesses dos
trabalhadores e alimentar o sistema neoliberal, sistema esse que até é capaz de
criticar em conversas com os amigos? E quem, mesmo tendo já adquirido essa perceção,
é capaz de resistir a um serviço mais barato? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoCommentText" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New"; font-size: 11.0pt; line-height: 150%;">A
questão é mesmo bicuda, porque, como escreveu Pierre Bourdieu, quando o dominado
assimila o quadro de valores do dominante deixa de ter instrumentos para se
revoltar contra a dominação e torna-se cúmplice desta. <o:p></o:p></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-31513110571998140662022-09-22T01:48:00.001-07:002022-09-22T01:48:57.524-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Imperialismo e Capitalismo combinam
muito bem<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os Estados Unidos são o símbolo maior
do capitalismo. O capitalismo tende a ser imperialista. Se pelo caminho, um país
capitalista sentir necessidade de eliminar outro ou outros, não hesitará em
fazê-lo. Aqui não há solidariedade que seria até contranatura já que ao fim ao
cabo aplica-se a nível dos estados o princípio da concorrência e da
competitividade que se aplica a nível dos indivíduos: perecem os mais fracos
ficam os melhores e há sempre um que é melhor que os outros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O capitalismo é imperialista porque só
assim pode continuar o processo de acumulação de recursos que lhe é inerente - que
faz parte do seu ADN. Os recursos não são inesgotáveis e os defensores do
sistema já o devem ter percebido, mas como a ganância predomina, o que percebem
com mais força é que, independentemente das consequências, enquanto houver
recursos, a (sua) festa deve continuar. Quem vier por último que feche a porta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para a festa do capitalismo
triunfante continuar, as guerras também têm de ser promovidas até porque o
complexo industrial militar que foi preciso construir tem de dar vasão ao
produto fabricado, quando não, por falta de consumidores, entra-se numa crise do
próprio sistema pois este deixa de ser rentável. Por outras palavras, para
acumular recursos é preciso espoliar outros povos, para o conseguir é preciso armamento
poderoso, este uma vez produzido tem de ser vendido, se não for cria-se um problema
extra não menos grave. Por isso, o sistema retroalimenta-se.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Convém, todavia, perceber que na base
disto tudo está a psicologia ou melhor o psiquismo humano. Enquanto as pessoas
se virem como inimigas umas das outras, se sentirem ameaçadas pelo inimigo
humano próximo ou mesmo distante - e hoje mais do que nunca a distancia é
relativa - vai ser muito complicado resolver o problema. Por isso o capitalismo
favorece o individualismo, porque este isola as pessoas e dificulta que se unam
para derrubar o sistema; mas também não é refratário aos nacionalismos, porque
estes acicatam povos contra povos e são imprescindíveis para que as criaturas
humanas se empolguem estupidamente e apoiem e participem nas ações bélicas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A resposta encontra-se numa diferente
organização económica e numa organização social e política que reconhecendo este
problema crie condições para o resolver, mas para isso é preciso por um lado desestimular
o individualismo e por outro os nacionalismos e ainda as alianças ofensivas,
seria bom que retomássemos o velho slogan da esquerda dos anos 70: NEM NATO NEM
PACTO DE VARSOVIA que pode ser atualizado: PACTO DE VARSÓVIA JÁ FOI, NATO TEM
DE LHE IR FAZER COMPANHIA <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por outro lado, é preciso perceber que
a democracia liberal ocidental funciona como uma fachada para defender interesses
obscuros e para justificar crimes hediondos frequentemente cometidos em seu nome
como aconteceu na guerra do Iraque na qual os Estados Unidos alegavam que o
objetivo era tornar este um pais democrático. O resultado está à vista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Seria bom que nos perguntássemos como
é que um país que diz defender a liberdade acima de tudo quer obrigar outros países
e outros povos a adotarem o seu regime político, ainda por cima à lei da bala? Ninguém
vê a contradição? Ninguém vê que essa justificação para a guerra é uma fachada
para esconder interesses que não quer revelar? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Extrapolando para atual situação de
guerra na Ucrânia, desvelemos os mecanismos ideológicos postos em ação:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- O Putin é um autocrata, a
autocracia é o contrário da democracia. - A democracia é boa, a autocracia é má;
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Então vamos fazer guerra a um pais
que tem um regime mau para que ele adote um regime bom;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas, como houve já quem tivesse denunciado este esquema, podemos ser ainda mais espertos e fazer outra coisa: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Criar condições tais ao Putin e ao
país que ele lidera de modo a conseguir que seja este a tomar a iniciativa de
invadir o outro;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Aí ninguém nos pode acusar, pois nós
apenas fomos em auxílio do outro, vulnerável face a autocrática Rússia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">- Logo nos só queremos libertar a Ucrânia
e também a Rússia, não queremos mais nada, o que nos move é a liberdade e os
nobres valores da civilização ocidental que é preciso preservar a qualquer
custo – Maquiavel no seu melhor! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A partir daqui, é plausível concluir
que a politica é uma espécie de biombo com o objetivo de esconder que o que
está em jogo é a economia, ou melhor interesses económicos e rivalidades entre
potencias económicas capitalistas, bem como a necessidade de escoar os produtos
do complexo industrial militar norte americano e de continuar o processo de acumulação
capitalista não já dentro do próprio pais – que já deu o que tinha a dar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- mas permitindo aos capitalistas com mais
força do seu lado apoderarem-se dos recursos de outros povos e países, neste
caso e para já da Rússia, depois logo se verá. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O que é de realçar aqui é que toda a
guerra económica é reduzida à guerra política: quer-se fazer crer que o que
está em causa é a democracia a defender contra a autocracia. Isto é falso, mas
é uma mentira muito conveniente porque atrai a simpatia das pessoas e torna-as
recetivas à guerra inadiável e aos sacríficos que esta impõe e as pessoas comem
isto tudo e anda pedem mais porque o complexo mediático corporativo também funciona no seu melhor.<o:p></o:p></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-71558789132986917372022-08-12T11:51:00.000-07:002022-08-12T11:51:22.574-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><u><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Capitalismo das plataformas ou tecno
feudalismo?!</span></u></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Assistimos hoje, sob o signo do
neoliberalismo, a um novo modelo de capitalismo, o <b>capitalismo das
plataformas</b>, que alguns batizaram de <b>tecno feudalismo</b>. Para
percebermos este novo modelo, suas implicações e seu retrocesso, ou não, a aspetos
determinantes da economia feudal, convém recordarmos alguns pontos básicos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">No feudalismo (Idade Média) a expropriação
dos excedentes produzidos era conseguida por meios políticos: havia por um lado
os senhores feudais, proprietários da terra que não trabalhavam (politicamente
garantidos e reconhecidos) e os servos que nela viviam, obrigados a trabalhar e
a entregar ao senhor parte do que produziam. Neste período histórico o Estado
era fraco e coexistia com uma enorme fragmentação do poder político.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">No capitalismo (capitalismo industrial
Idade Moderna) a expropriação passa a decorrer simplesmente na esfera económica,
sem interferência política: o assalariado (ganha um salário, é trabalhador
livre, aceita, consente no contrato) produz e é o capitalista, dono dos meios
de produção e dos recursos produtivos que ao vender os produtos do trabalho - a
mercadoria - obtém a mais valia, o lucro.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Esta distinção entre feudalismo e capitalismo (industrial)
é relevante, embora possa não o parecer, porque no capitalismo, a exploração do
trabalho é mais sofisticada e permite maior mistificação: (1)o trabalhador é
livre, não se encontra diretamente vinculado a um regime de servidão e assim
dá-se como que a legitimação da exploração através do contrato de trabalho; (2)desse
modo, é possível separar a esfera política da esfera económica, o que permite
ignorar as ligações entre ambas e tudo é percebido como se uma coisa nada
tivesse a ver com a outra. Claro que se está perante uma aparência, mas as
aparências são sempre importantes e não são descuradas por quem percebe o
processo e a relevância da mistificação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Tanto num caso como no outro os trabalhadores
encontram-se privados dos meios de produção o que obviamente os leva a ter de
aceitar o sistema para sobreviverem. Mas na aparência, sob o capitalismo, podem
(formalmente) não o fazer porque em termos jurídicos houve uma alteração: já
não são servos, são livres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Hoje, mundo contemporâneo, era
digital, fase neoliberal, o capitalismo vai sofrendo alterações significativa e
uma dessas alterações é protagonizada pelo chamado capitalismo das plataformas
(digitais). Alguns apodam este tipo de capitalismo de tecno feudalismo,
querendo com isso sinalizar uma espécie de retorno ao feudalismo, embora na era
da tecnologia digital, sendo os donos das plataformas os novos senhores feudais
e os trabalhadores os novos servos, literalmente servidores de serviços – tendo,
como se vê, tudo a mesma raiz etimológica.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Neste tipo de capitalismo,
capitalismo das plataformas, vide por exemplo, o caso paradigmático da Huber,
os meios de produção pertencem ao trabalhador e toda a despesa é suportada por
este para produzir o serviço, o papel do capitalista consiste em permitir-lhe
aceder ao mercado (clientes) a troco de uma percentagem que paga à plataforma. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Como sabemos, a Uber é uma empresa
que através de um aplicativo disponibiliza clientes para prestadores de serviço
de transporte mediante o pagamento de uma percentagem/taxa. Os motoristas, em
vez de serem considerados trabalhadores são considerados empresários em nome
individual, e a empresa capitalista, a Huber, estabelece a ligação entre quem
precisa do serviço e quem se propõe fornecê-lo, com ganhos, alega, para todos, nomeadamente
para o utilizador em relaçao ao mercado clássico de transportes (este aspeto é
obviamente muito sedutor). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 3; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Os motoristas
podem sentir que não tem patrão que são o seu próprio patrão, mas esquecem que se
isso é verdade, no plano formal, também é verdade que a liberdade que ganharam
foi a de não ter trabalho certo, nem direito a reforma, ferias pagas e outras
garantias tao penosamente conquistadas pela classe trabalhadora. Neste modelo é
o trabalhador/empresário individual que é dono dos meios de produção e que tem
encargos com esta, mas na mesma o capitalista apropria-se do excedente da
produção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Há duas consequências perversas
neste modelo de capitalismo: </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(1) Por um lado, o trabalhador, quem produz, neste
caso quem produz um serviço, não tem direitos laborais porque não lhe é
reconhecido esse estatuto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(2) Por outro, esta estrutura de exploração entra
em colisão com a forma clássica de capitalismo presente, por exemplo, nas
empresas de transportes, vulgo táxis, e prejudica esses trabalhadores a quem os
patrões podem com pretexto convincente reduzir os direitos, desde logo o salário,
dada a concorrência que o modelo alternativo introduziu. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Este novo modelo de capitalismo põe assim
em causa as relações laborais do modelo clássico, podendo levar à degradação acelerada
dos direitos dos trabalhadores, conquistados à custa de longas e penosas lutas.
Os empregadores capitalistas clássicos, confrontados com um competidor que se
fortaleceu porque ignorou as regras do jogo que eles, todavia, tiveram de
observar, sentir-se-ão pressionados a diminuir salários e regalias.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Acontece ainda que ao isolar os
trabalhadores, ao impor vínculos precários e frágeis com a empresa, pelo regime
de precariato que instala, não cria condições para as suas justas reivindicações.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Postas as coisas nestes termos, vejamos agora se de
facto é justificável estabelecer uma analogia consistente entre este modelo de
capitalismo e o regime económico feudal. Vou apresentar a síntese a que cheguei
e cabe a quem lê decidir: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(1) O senhor feudal tinha domínio sobre a terra
enquanto meio de produção, agora o empresário capitalista não é detentor dos
meios de produção, mas tem o domínio sobre um algoritmo que lhe permite controlar
o mercado, e, como sabemos, se não houver mercado não há produção. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(2) Neste novo tipo de capitalismo a mediação entre o
explorador e o explorado é feita pelo mercado, que o explorador domina e
controla. Há uma forma impessoal de dominação que a esconde, coisa que não ocorria
no modelo feudal – a relaçao era pessoal e direta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(3) No modelo do capitalismo das plataformas, tal como
no modelo feudal, o dono, agora não da terra, mas do algoritmo não paga salário,
todavia também expropria o trabalhador de uma parte do rendimento do seu
trabalho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(4) Como no feudalismo, os trabalhadores não têm
direito a reforma, a segurança social, a proteção na doença, não tem horário,
etc. e ainda tem de financiar as suas próprias ferramentas de trabalho e custos
inerentes ao trabalho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(5) A empresa capitalista pode em qualquer altura
prescindir dos seus serviços (Precariato) enquanto o servo feudal estava
adstrito à terra, não a podia abandonar, mas também não podia dela ser expulso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">(6) Assim como no feudalismo o estado era fraco, quase
só nominal, também agora se defende e persegue o ideal de um estado fraco que não
intervenha nos negócios, que não crie problema, que não regulamente e que
sobretudo não vigie se a regulamentação é cumprida. Um estado fraco é mais fácil
de cooptar pelos agentes económicos poderosos.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Aguardo os vossos comentários.<o:p></o:p></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-50845528849039752552022-08-11T03:05:00.001-07:002022-08-11T03:05:17.333-07:00<p> </p><p></p><p style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Os filósofos e a voz do dono!</span></p><p style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p><p style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Estou a ler a Contra-história do Liberalismo, de Domenico Losurdo
(acede-se ao livro através da internet).<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">É uma leitura impressionante porque o autor, de forma profusamente
documentada, nos leva a perceber, na sua concretude, a humanidade que somos: a
hipocrisia que nos habita, a falta de empatia estrutural, o como a educação e a
informação padrão a que temos acesso nos deforma e mistifica. <o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Em relaçao aos filósofos, os quais durante muito tempo julguei que
podiam escapar a esta condição humana, acabo a concluir que devem ser vistos com
salutar suspeição, como é o caso de Locke - o pai do liberalismo moderno - que me habituei
a admirar incondicionalmente. Isto porque, não esqueçam, afinal os filósofos são
a voz do dono, é uma tentação muito forte, porque ou são donos, isto é, já pertencem à elite, ou procuram aproximar-se dela e são os interesses desta que
os movem.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></p><p style="line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Leiam o livro, tentem furar o bloqueio, aceitem o desafio!!!<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-73535188154567814712022-07-18T05:14:00.000-07:002022-07-18T05:14:26.839-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">Capitalistas
e trabalhadores – porque é que há ricos e pobres e isso é muito justo!!!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%;">“Em
tempos muito remotos, havia, por um lado, uma elite laboriosa, inteligente e
sobretudo parcimoniosa, e, por outro, vagabundos dissipando tudo o que tinham e
mais ainda. A legenda do pecado original teológico conta-nos, contudo, como o
homem foi condenado a comer seu pão com o suor de seu rosto; a história do
pecado original econômico, no entanto revela-nos por que há gente que não tem
necessidade disso. Tanto faz. Assim se explica que os primeiros acumularam
riquezas e os últimos, finalmente, nada tinham para vender senão sua própria
pele. E desse pecado original data a pobreza da grande massa que até agora,
apesar de todo o seu trabalho, nada possui para vender senão a si mesma, e a
riqueza dos poucos, que cresce continuamente, embora há muito tenham parado de
trabalhar.” Marx. O Capital, cap. XXIV p. 339.<span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-35864436156651002992022-07-17T01:29:00.002-07:002022-07-17T01:29:34.896-07:00<p style="text-align: center;"> <span style="font-family: arial;">Esquerdas </span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"> <span style="background-color: #fefefe; color: #333333; text-align: justify;">A desgraça das esquerdas</span></span></p>
<h1 style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #333333; line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">As esquerdas, profundamente
ressentidas com o colapso da união soviética (1991) cometeram erros gravíssimos
que estamos a pagar com língua de palmo. Em primeiro lugar ficaram reféns desse
ressentimento e desistiram de estudar o fenómeno histórico em si mesmo, de o
tentar compreender, de encontrar as suas motivações mais profundas.<br /> </span></span><span style="color: #333333; line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">Com esta atitude
permitiram que triunfasse a narrativa neoliberal de que o comunismo fracassara,
que o marxismo era coisa do passado, que não havia alternativa ao capitalismo
(TINA- There Is No Alternative, como gostava de dizer M Thatcher).<br /> </span></span><span style="color: #333333; line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;">Ora, por motivos de
vária ordem, o que colapsou foi uma tentativa de pôr de pé uma sociedade
socialista, não foi o socialismo; não foi o marxismo que se tornou irrelevante e
passadista. Marx continua atual, embora
precisando de ser repensado em muitas e importantes matérias, já que viveu e
escreveu num contexto que hoje se alterou profundamente. Mas precisamente, dada
a sua atualidade, as universidades, dominadas por interesses neoliberais,
(fenómeno nítido nos estados unidos) escamoteiam o seu estudo, e por exemplo, pelo
menos em Portugal, fazem-se teses de doutoramento sobre tudo e mais um par de botas,
mas o marxismo e a sua análise é tabu e é tabu porque os neoliberais já perceberam
uma coisa que a esquerda ainda não percebeu é que Marx é dinamite pura, depois
de o lermos não fica pedra sobre pedra. Que a direita neoliberal impeça o
estudo de Marx percebe-se perfeitissimamente, que a esquerda não o estude,
deixa-me estupefacta!</span></span></span></span></h1><h1 style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: small;"><span style="color: #333333; line-height: 150%;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></span></span></h1><blockquote style="border: none; margin: 0 0 0 40px; padding: 0px;"><h1 style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin: 0cm;"><span style="color: #333333; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: verdana;">E mais a esquerda, pelo
menos a que conheço, em Portugal, tem descurado completamente a educação política
que é fundamental para percebermos a realidade; diz mal, repete slogans, faz
reivindicações pontuais, mas não é nunca pedagógica, não explica, não
identifica o racional que preside a estas e aquelas decisões políticas, não
desconstrói a ideologia dominante quando ela se manifesta nesta ou naquela
situação particular e hoje é neste campo que se ganham e perdem lutas. E é minha convicção que não o faz porque é
ignorante já que não estuda, não debate ideias, visões do mundo, etc. é uma
esquerda de trazer por casa! Presa do senso comum. Com isso criou as condições
para o neoliberalismo fazer a sua caminhada, sem obstáculos de maior. </span></span></span></div></h1></blockquote><h1 style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; margin: 0cm; text-align: justify;"><br /></h1>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-45376550020448216752022-07-15T03:06:00.000-07:002022-07-15T03:06:11.752-07:00<p> </p><p align="center" style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; text-align: center;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Frank Ruhl Libre";">Na luta contra o
neoliberalismo<o:p></o:p></span></b></p>
<p style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Frank Ruhl Libre";">A nova categoria
concetual que é importante introduzir no discurso político é a de <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“mercadorização da natureza”. Esta corresponde,
na era neoliberal em que vivemos, a uma nova etapa da inicialmente chamada ‘acumulação
primitiva’, operada através de um processo de privatização do que pertence à
comunidade’; nomeadamente a comunidades indígenas, como acontece, por exemplo,
na Amazónia. <o:p></o:p></span></p>
<p style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Frank Ruhl Libre";">A acumulação que ocorreu
na época moderna, em países da europa, como a Inglaterra, foi já um autêntico
roubo do que era de todos, transferência de terras comuns, para as mãos de
privados que, de seguida, procuraram rentabilizar essas terras em termos de produção
capitalista. Claro que provocou transformações sociais profundas, degradando extremamente
as condições de vida das populações prejudicadas diretamente, mas não teve impacto
a nível da própria natureza. Todavia, agora o caso muda de figura, porque não são
só as populações que são roubadas e afetadas nos seus estilos de vida legítimos,
é a própria sustentabilidade da natureza e mesmo do planeta que é colocada em
grave risco.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: #FEFEFE; line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Frank Ruhl Libre";">Dai que seja preciso percebermos
todos que <u>natureza não é mercadoria,</u> <u>as pessoas não são mercadoria</u>,
as mercadorias são coisas produzidas pelo trabalho de pessoas e pessoas
conscientes sabem que devem usar com critério os recursos que a natureza coloca
à sua disposição. Tudo isto é esquecido pelo capitalismo extremamente predatório
do neoliberalismo; por isso é preciso lutar com todas as forças contra o
neoliberalismo, enquanto é tempo! Ouçam bem: ENQUANTO É TEMPO!<o:p></o:p></span></p>Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-57014248206773432402018-02-26T04:23:00.000-08:002018-02-26T04:23:51.238-08:00Dominação masculina e mecanismos que a perpetuam<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 14px; line-height: normal; margin-bottom: 12px;">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px; text-align: justify;">Em “A Dominação Masculina”</span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px; text-align: justify;"> </span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px; text-align: justify;">(1999),</span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px; text-align: justify;"> </span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px; text-align: justify;">Pierre Bourdieu</span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px; text-align: justify;"> </span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px; text-align: justify;">identifica as diferentes instituições que a reproduzem e permitem que seja tão naturalmente aceite:</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">O trabalho de reprodução [da dominação masculina] esteve garantido, até época recente, por três instâncias principais, a Família, a Igreja e a Escola, que, objetivamente orquestradas, tinham em comum o fato de agirem sobre as estruturas inconscientes. É, sem dúvida, à família que cabe o papel principal na reprodução da dominação e da visão masculinas; é na família que se impõe a experiência precoce da divisão sexual do trabalho e da representação legítima dessa divisão, garantida pelo direito e inscrita na linguagem. Quanto à Igreja, marcada pelo antifeminismo profundo... ela inculca (ou inculcava) explicitamente uma moral familiarista, completamente dominada pelos valores patriarcais e principalmente pelo dogma da inata inferioridade das mulheres.... Por fim, a Escola, mesmo quando já liberta da tutela da Igreja, continua a transmitir os pressupostos da representação patriarcal (baseada na homologia entre a relação homem/mulher e a relação adulto/criança) e sobretudo, talvez, os que estão inscritos em suas próprias estruturas hierárquicas, todas sexualmente conotadas, entre as diferentes ... faculdades, entre as disciplinas ('moles ou duras' ...), entre as especialidades, isto é, entre as maneiras de ser e as maneiras de ver, de se ver, de se representarem as próprias aptidões e inclinações. (p. 103-104).</span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">(…) ... se a unidade doméstica é um dos lugares em que a dominação masculina se manifesta de maneira mais indiscutível (e não só através do recurso à violência física), o princípio de perpetuação das relações de força materiais e simbólicas que aí se exercem se coloca essencialmente fora desta unidade, em instâncias como a Igreja, a Escola ou o Estado e em suas ações propriamente políticas, declaradas ou escondidas, oficiais ou oficiosas... (p. 138) </span></div>
<div>
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-19472393613078052572018-02-22T12:06:00.000-08:002018-02-22T12:06:05.943-08:00Violência simbólica e dominação<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 15px; line-height: normal; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
</div>
<ul>
<li><span style="-webkit-text-stroke-width: initial;">Para quebrar uma longa ausência, quero partilhar convosco este texto tão lúcido, de Pierre Bourdieu, sobre violência simbólica sofrida por tantos seres humanos neste nosso mundo, em que a injustiça é naturalizada e a violência se perpetua sem encontrar resistência:</span></li>
</ul>
<br />
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 15px; line-height: normal; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">“(..) </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">jamais deixei de me espantar diante do que poderiamos chamar de </span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 11px; line-height: normal; text-decoration: underline;">0 </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;"><i>paradoxo da doxa: </i></span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 11px; line-height: normal; text-decoration: underline;">0 </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">fato de que a ordem do mundo, tal como está, com seus sentidos únicos e seus sentidos proibidos, em sentido próprio ou figurado, suas obrigações e suas sanções</span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 9px; line-height: normal; text-decoration: underline;">, </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">seja <i>grosso modo </i>respeitada, que não haja um maior numero de transgressões ou subversões, delitos e “loucuras"</span><span style="font-kerning: none;">; (…) </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">ou o</span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 9px; line-height: normal; text-decoration: underline;"> </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">que é ainda mais surpreendente, que a ordem estabelecida, com suas </span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 13px; line-height: normal; text-decoration: underline;">relações </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">de dominação</span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 9px; line-height: normal; text-decoration: underline;">, </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">seus direitos e suas imunidades, seus privilégios e suas injustiças,</span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 8px; line-height: normal; text-decoration: underline;"> </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">salvo uns poucos acidentes históricos, perpetue-se apesar de tudo tão facilmente, e que condições de existência das mais intoleráveis possam permanentemente ser vistas como aceitáveis ou ate mesmo como naturais.</span><span style="font-kerning: none;"> Também sempre vi na dominação</span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 9px; line-height: normal;"> </span><span style="font-kerning: none;">masculina, e no modo como é imposta e vivenciada, o</span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 11px; line-height: normal;"> </span><span style="font-kerning: none;">exemplo por excelência desta submissão paradoxal, resultante daquilo que eu chama de violência simbólica, violência suave, insensível </span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 9px; line-height: normal;">i </span><span style="font-kerning: none;">invisível a suas próprias vitimas, que se </span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 13px; line-height: normal;">exerce </span><span style="font-kerning: none;">essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente do desconhecimento e do reconhecimento ou</span><span style="-webkit-font-kerning: none; font-size: 13px; line-height: normal;">, </span><span style="font-kerning: none;">em ultima instancia, do sentimento.”</span></div>
<div>
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-40100328214932191462017-08-28T03:29:00.000-07:002017-08-28T03:29:07.185-07:00As correntes invisíveis mas violentas do machismo<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">"[As mulheres vivem] trancafiadas pelas correntes violentas do machismo – amarras estas que circundam sua vida desde o nascimento e que, com o auxílio de uma educação ideologicamente contrária à igualdade, responsável por construir papéis sociais taxativos ligados ao feminino e ao masculino, fazem com que permaneça sendo associada ao cuidado, ao afeto, à dedicação ao lar e à educação dos filhos, emparedada no espaço privado – restando apenas a elas a maternidade, a doçura e a subordinação, já que a bravura, inteligência e o poder de dominação e crescimento fora do espaço privado é destinado ao homem.”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">( M. Isabel Trivilin, in Blog da Rea)</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Reparei nesta palavras que encontrei num texto do Blog da Rea, muito por conta da foto de uma ‘menina’ ainda de tenra idade que comemora o seu aniversário agarrada a uma boneca - presumo que um presente. De quem? Será que até foi de outra mulher?</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Por cá, são manuais escolares que são convidados a sair do mercado porque surgem em duas versões, uma para “meninas” e outra para “rapazes”!!!</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(68, 68, 68); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #444444; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Estejamos atentas: espreita-nos um verdadeiro retrocesso civilizacional.</span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-14454463076041056062017-03-11T11:42:00.002-08:002017-03-11T11:43:59.375-08:00MISOGINIA E CONTROLO DA NATALIDADE<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
No século XX, mesmo após a conquista do direito de voto, nas sociedades mais avançadas do Ocidente, uma outra batalha teve de ser travada que implicou a mobilização das mulheres e encontrou resistência feroz por parte de muitos sectores da sociedade (não so da maioria dos homens).</div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Com essa batalha, pretendeu-se libertar as mulheres do risco de gravidez indesejada, permitindo-lhes o controlo sobre a sua própria capacidade reprodutiva. Nessa conjuntura, o movimento feminista foi indispensável.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Mais uma vez, aqueles que se opunham a essa libertação puderam contar com a ajuda preciosa da ideologia judaico-cristã. Mesmo na Inglaterra a igreja anglicana denunciou o facto como uma profunda heresia. Nos Estados Unidos, quando no principio do século XX uma mulher tinha em média 3 filhos contra a média de 7 no inicio do século XIX, muitos e muitas sentiam-se assustados e temiam a degenerescência da sociedade e da família. As próprias mulheres alinhavam nessa reação e por exemplo, Elizabeth Blackwell, a primeira mulher norte-americana a obter o grau de médica percebia as práticas de controlo da natalidade como algo contra natura. e portanto desaconselhável.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">O presidente Roosevelt considerava decadente o uso de preservativos e, antecipando o nazismo, apodava as mulheres que a eles recorriam de “criminosas contra a raça e objeto de desprezo pelas pessoas saudáveis.”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Com tudo isto, o que estava em causa era manter as mulheres dependentes e mesmo à mercê dos homens. Era impensável que a mulher pudesse, contrariando as Escrituras e o destino que estas lhe reservavam, controlar o seu corpo e entregar-se à atividade sexual sem receio de gravidez. Isso era sinónimo de autonomia e embora todos dissessem adorar as mulheres, pretendiam que elas continuassem no lugar que lhes cabia. </span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(77, 77, 77); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #4d4d4d; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke: #4d4d4d; color: #4d4d4d; font: 12.0px Verdana; margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Todavia, quando em 1955 foi descoberta a pílula anticoncepcional, apesar de todos os entraves que então se colocaram, ameaçando-se as mulheres com doenças graves, percebeu-se que era uma questão de tempo, mas esta batalha já tinha tido o seu desfecho.</span><span style="font-kerning: none; font: 8.0px Verdana;"><sup></sup></span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-25499311162370386412017-01-05T03:47:00.001-08:002017-01-05T03:47:26.554-08:00MISOGINIA e MASSACRE EM CAMPINAS<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Nos primeiros minutos de 2017, o massacre cometido em Campinas ceifou brutalmente 12 vidas humanas , das quais nove eram de mulheres.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Márcia Tiburci reflete sobre o acontecido na entrevista que a seguir transcrevemos e que foi publicada por BBC Brasil, 05-01-2017. </span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><b></b></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><b>- Nas cartas que o autor da chacina deixou, há um discurso repleto de ódio contra as mulheres, chamando todas elas de "vadias". Dos 12 mortos, 9 eram mulheres. O que isso representa?</b></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Esse elemento no discurso do assassino faz parte de um contexto mais geral, a meu ver. A gente chama isso de misoginia. Esse discurso não é novo: ele só nos choca no fato de ser tão declarado e de aparecer numa maneira tão tosca.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">O caráter brusco desse discurso, que tem autorização para dizer tudo isso sem preocupação, isso é o que o torna mais chocante. Mas se você for ler discursos mais rebuscados na mídia tradicional, na <i>Bíblia</i>, nos textos clássicos da História, você encontra o mesmo tipo de conteúdo, a mesma estrutura simbólica de ódio às mulheres. Como há um ódio histórico aos judeus, aos negros.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">O ódio no contexto do machismo é estrutural. Não tem machismo sem ódio. Todo machismo carrega em si um afeto odiento. Seja como repulsa, como inveja, como necessidade de fazer calar.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><b>Muitos estão tratando o assassino como psicopata. O que acha disso?</b></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Ele poderia ser, de fato, a partir de um ponto de vista psiquiátrico, medido como um psicopata. Mas não temos esse registro comprovado. A gente tem que tomar muito cuidado com isso, com esse diagnóstico que surge no senso comum.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">O importante aqui é que do ponto de vista sociológico, filosófico, a gente não vive sozinho, a gente tem influência do meio em que vivemos. Eu diria que esse cidadão seria, no nível do senso comum, apenas um pobre coitado que realiza algo que é da ordem do desejo coletivo. É um desejo forjado por uma estrutura social machista e que nesse momento perde seu freio.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Um dos exemplos que perde o freio social, a noção da lei. Ele confronta a lei de uma maneira jocosa, interpreta a lei à luz da sua própria ignorância e usa essa ignorância como um aval, uma justificativa.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Mas ele não inventou essa matança sozinho. Ele pode ter maquinado essa chacina sozinho, mas não inventou esse assassinato das mulheres sozinho. Ele pode ter atirado sozinho, mas o que ele fez é simbolicamente muito mais grave.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Podemos analisar esse lugar do encontro entre a atitude particular e um contexto percebendo a semelhança entre o discurso que ele profere e o discurso que a gente vê no senso comum. Esse indivíduo pensa a partir do senso comum. É importante perceber que as ideias não são nossas, eu tenho ideias com relação ao mundo, eu absorvo os conceitos do mundo, as ideias do mundo, e nós vivemos em um mundo machista, misógino.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Ele, em que pese sua culpa, é mais um cidadão que foi destruído pelo machismo. Não é mais vítima do que as vítimas que ele causou, mas ele é também vítima de um sistema dos quais todos nós somos vítimas. A gente não deve colocar a culpa no indivíduo, a culpa é de um sistema de um imaginário de ódio às mulheres que deixa os indivíduos descompensados.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Esse cidadão rompeu com o bom senso, com a racionalidade, mas ele estava buscando a compensação.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Eu, como professora de Filosofia, acho que as pessoas não devem nesse momento achar que elas não têm nada a ver com isso. Elas têm algo a ver com isso, nós todos temos, porque todos nós participamos de uma cultura assim. Onde nós como cidadãos estamos errando? Esse cidadão pode fazer o que fez? Ele achou que estava acima da lei.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><b>Muitas pessoas comentaram que o autor da chacina seria uma personificação dos comentários que se lê nas redes sociais - o discurso dele traz esses elementos de ódio que encontramos nas redes. Qual é o perigo de tornar "naturais" esses discursos?</b></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">A naturalização faz parte da história da cultura. O feminismo irrita porque ele é um questionamento do machismo naturalizado, estrutural. Então todo o questionamento relativo àquilo que foi naturalizado incomoda.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">As naturalizações servem pra acobertar alguma coisa. Nesse caso, um sistema de privilégios dos homens. Nesse sistema de privilégios, os homens não querem olhar para uma mulher como alguém de igual para igual. Então esse indivíduo assassino olhava para mãe do seu filho como uma pessoa que não tinha direito nenhum, a reduzia a uma vadia. Ele se colocava como cidadão de bem, correto, de tão correto acima da lei.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">A grande questão pra se colocar hoje é: como nós chegamos a essa ideia de que nós podemos fazer tudo o que a gente achar certo. Ele rebaixa a cidadã, mas rebaixa (também) a lei.</span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Mas ele não inventou isso sozinho. Ele é uma evidenciação, uma metonímia da sociedade nesse momento. É a parte que fala pelo todo.</span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-24200392988348692432016-11-12T04:20:00.000-08:002016-11-12T04:20:04.572-08:00MISOGINIA E RACISMO NA SUBIDA DE TRUMP AO PODER <div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(13, 13, 13); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="color: #0d0d0d;">DE ARTIGO DE JUDITH BUTLLER:</span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(13, 13, 13); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="color: #0d0d0d;"><br /></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(13, 13, 13); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="color: #0d0d0d;">“</span>Nos Estados Unidos há duas questões que os eleitores, da esquerda ao centro, estão a colocar: quem são essas pessoas que <a href="http://www.ihu.unisinos.br/562173-entrevista-especial-com-idelber-avelar"><span style="color: black;">votaram em Trump</span></a>? E por que não nos preparamos para esse resultado? A palavra "devastação" aproxima-se um pouco do sentimento difuso neste momento entre aqueles que eu conheço. </span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(13, 13, 13); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(13, 13, 13); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;">Não sabíamos o quão generalizada era a raiva contra as elites, o quão profunda era a raiva dos homens brancos contra o feminismo e o movimento pelos direitos civis, o quão muitas pessoas estão desmoralizadas pela desapropriação econômica, o quão exaltadas as pessoas estão pelo isolacionismo e pela perspectiva de novos muros e belicosidade nacionalista. Este é o novo "chicote branco"? Por que não o vimos surgindo?</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Georgia; font-size: 17px; line-height: normal; min-height: 20px;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Assim como os nossos amigos no Reino Unido, depois do Brexit, estamos agora céticos sobre as pesquisas: quem é entrevistado e quem não é? As pessoas dizem a verdade quando questionadas? É verdade que a grande maioria dos eleitores eram homens brancos e que muitas "pessoas de cor" pularam a rodada? Quem é esse público irritado e anulador que prefere ser governado por um louco do que por uma mulher? Quem é esse público zangado e niilista que culpa a candidata do Partido Democrata pelas devastações do neoliberalismo e do capitalismo desregulado? Temos que pensar agora sobre o populismo, direita e esquerda, e misoginia – o quão profundamente isso realmente pode chegar.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Para melhor ou pior, Hillary é identificada com a política do establishment. Mas o que não se deveria subestimar é a raiva e o ódio profundamente arraigados contra Hillary, em parte resultado de uma grande misoginia e da repulsa contra Obama, alimentadas por um longo racismo fervoroso. Trump desencadeou a raiva reprimida contra as feministas, figuradas como uma polícia censora; contra o <a href="http://www.ihu.unisinos.br/558764-auge-iek-e-a-velha-polemica-sobre-o-multiculturalismo"><span style="-webkit-font-kerning: none; color: #141414;">multiculturalismo</span></a>, visto como uma ameaça aos privilégios brancos; contra os imigrantes, figurados como uma ameaça à segurança. A retórica vazia da falsa força triunfou, sinal de um desespero mais difuso do que julgávamos.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Mas, talvez, estejamos vendo uma sublevação contra o primeiro presidente negro, junto com a raiva contra a possibilidade da primeira mulher presidente por parte de muitos homens e algumas mulheres brancas. Para um mundo cada vez mais descaracterizado como pós-racial e pós-feminista, estamos vendo agora como a misoginia e o racismo anulam o julgamento e um compromisso com os objetivos democráticos e inclusivos – são paixões sádicas, ressentidas e destrutivas que dirigem o nosso país.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Quem são elas, essas pessoas que votaram nele, mas quem somos nós, que não vimos o seu poder, que não previmos isso, que não conseguimos entender que as pessoas votariam em um homem com discurso racista e xenófobo, com uma história de ofensas sexuais, de exploração dos trabalhadores, de desprezo pela constituição, pelos migrantes e com um plano imprudente de aumento da militarização? </span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Será que estamos cegos à verdade por causa da nossa própria forma isolada de pensamento esquerdista e liberal? Ou será que de algum modo ingênuo acreditávamos na natureza humana? (…)</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Naturalmente, nós ainda não sabemos que parte da população realmente votou. Mas ficamos com a questão sobre como a democracia parlamentar nos trouxe um presidente extremamente antidemocrático e se temos que nos preparar para sermos mais um movimento de resistência do que um partido político."</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(20, 20, 20); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #141414; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; font-size: 11px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Transcrição com algum cortes e adaptações, do texto publicado na Newsletter de IHU de 11/11/2016, em que a filósofa norte-americana Judith Butler procura explicar a ascensão de Trump ao poder.</span></div>
<div>
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-4559823613814212322016-11-10T08:58:00.001-08:002016-11-10T08:58:35.634-08:00Porque as mulheres "gostam" de ser oprimidas<div style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px;">As mulheres gostam de ser oprimidas porque aprenderam a apreciar essa situação, através de uma coisa que se chama opressão </span><span style="font-size: 12px;">psicológica em</span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px;"> que, resumidamente, se pode dizer que o </span><span style="font-size: 12px;">opressor</span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px;"> consegue a cumplicidade do oprimido. </span></span></div>
<div style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="-webkit-text-stroke-width: initial; font-size: 12px;"><br /></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">A opressão psicológica facilita qualquer forma de dominação pois se a pessoa, através dela, internalizou que é inferior, o dominador não precisa de recorrer a violência física para conseguir o que pretende e a dominação adquire uma aparência de legitimidade e de naturalidade.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">A opressão psicológica das mulheres é conseguida através de três instrumentos específicos: a objetificação sexual, a estereotipização e a dominação cultural. Em qualquer dos casos, a mensagem que estas formas de opressão transmitem é que as mulheres são inferiores.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Na objetificação sexual a pessoa é identificada com o corpo e reduzida ao corpo - esta identificação é degradante porque é redutora; com ela “domesticam-se” as mulheres, reduzem-se a uma dimensão de vida biológica e animal. Um exemplo simples ilustra este aspeto. Todas conhecemos a situação, agora bem menos frequente, da jovem mulher que na rua é apreciada por desconhecidos pelos seus atributos físicos, que assobiam ou pronunciam piropos. Aparentemente inofensivo! Mas não tanto assim. através dessas expressões de “agrado” a jovem constrói uma identidade na qual a aparência física desempenha um papel importante e essa identidade compele-a a tratar do físico com um cuidado e uma tirania inusitada que um homem pode bem dispensar, orientando as suas energias para assuntos bem mais interessantes e compensadores; parece que a mulher não tem mais nenhuma fonte de auto estima: não é inteligente, curiosa, amigável etc etc. Isto leva a mulher a perceber-se como é percebida, depois a publicidade faz o restante serviço com os estereótipos de beleza feminina etc. </span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Na estereotipização, a mulher é reduzida a um estereótipo: infantil, doce, submissa, mais intuitiva do que racional etc.. Mas, se eu sou definida por um estereotipo, então não sou respeitada na minha individualidade, pois pretendem que me comporte como acham que uma mulher se deve comportar; limitam a minha liberdade de ser quem quero ser: é a minha autonomia e capacidade de auto determinação que é posta em causa; tudo se passa como se uma mulher independente de alguma estranha maneira deixasse de ser mulher.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Pela dominação cultural, a mulher é compelida a aceitar e a assimilar os valores que a cultura dominante transmite e esta é masculina, porque enquanto mulheres que vivem desde sempre em contacto intimo com os homens, as mulheres não tem uma cultura alternativa. Ora a linguagem, a arte, a literatura e a cultura popular, com maior ou menor intensidade, são sexistas no sentido em que de uma maneira geral manifestam a supremacia masculina e as mulheres não tem acesso a outra cultura, logo estão tentadas a ter delas próprias uma percepção sexista e, à conta da cultura, a subordinação das mulheres vai parecer natural, parece que gostam de ser submissas!!!</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Têm de rir das piadas mais broncas, sobre as sogras, sobre a fera amansada, a violação da rapariga feia que deveria ter ficado grata ao violador, da loira burra, tem de rir-se de si mesmas enquanto mulheres porque todas essas piadas discriminatórias são sobre mulheres.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Concluindo, objetificação sexual, estereotipização e dominação cultural mantém as mulheres no lugar considerado desejável por quem manda, por isso é tão importante que haja mais mulheres que também mandem. Por isso é que a derrota de Hilary Clinton é uma derrota de todas nós e a prova provada de que a misoginia, a que nem as mulheres escapam, e o medo ainda fazem parte do cardápio de um número muito considerável de pessoas.</span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-74827601064723814012016-10-31T02:58:00.004-07:002016-10-31T02:58:56.761-07:00O Pedestal do Capacho<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; line-height: normal; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial;">Embora com absoluta falta de tempo, não queria deixar de vos contemplar com esta admirável pérola de misoginia, muito comum entre os que dizem adorar as mulheres. O dito é referido por Gisele Halimi, que já foi ministra da justiça de um governo socialista francês; ao discutir aquilo a que chama tática do ‘pedestal do capacho,</span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial;"> </span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial;">cita Sacha Guitry que:</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; line-height: normal; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<br /><span style="-webkit-text-stroke-width: initial;"> </span><span style="-webkit-text-stroke-width: initial;">“Admitiu, cheio de boa vontade, que as mulheres são superiores aos homens desde que não procurem ser iguais a eles”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; line-height: normal; margin-bottom: 12px; text-align: justify;">
<br /><span style="-webkit-text-stroke-width: initial;">Sintético, mas profundo, deve dar muito que pensar aos e às chamadas sexistas benevolentes; e acreditem que muitas mulheres incorporam o grupo, sempre ansiosas de ocupar um pedestal mesmo que este seja o do capacho. </span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-49711413927271831012016-08-27T06:11:00.000-07:002016-08-27T06:11:20.926-07:00BURKINI E MISOGINIA<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-size: large;">O uso do burkini tem inegavelmente um valor simbólico, representa algo que transcende o facto de ser uma simples peça de vestuário; representa uma certa concepção da mulher e do corpo feminino, como devendo, por modéstia e por observância de um preceito religioso, resguardar-se do olhar dos homens (que não o do próprio - leia-se do seu dono).</span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;">Quem usa o burkini são mulheres muçulmanas, se o fazem porque gostam ou porque acham que devem, ou porque alguém as obriga ( e há muitas maneiras de obrigar …), para o caso em análise, é-me perfeitamente indiferente; o que sei é que me afrontam e afrontam a paisagem ao imporem-me os sinais exteriores do seu estatuto de subserviência em relação à religião que professam e em relação aos homens que reverenciam. Que o fizessem nas praias dos seus países de origem, até compreendia porque aí de facto não teriam outra opção, mas que aproveitem a tolerância do Ocidente para exporem os símbolos de uma visão intolerante do mundo e da vida é o que me perturba e incomoda profundamente. </span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;">Karl Popper, que não era de todo um totalitarista, aconselhava a não se tolerar o intolerante; por isso não deixo de me espantar com o número e a qualidade de algumas vozes que se levantam contra a proibição do uso deste estranho símbolo de opressão e de dominação. </span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;">Transformar isto num caso - que consideram altamente inapropriado - de dizer as mulheres o que devem ou não devem usar, impondo-lhes portanto um ou outro tipo de vestuário, é pura e simplesmente ignorar completamente os contextos, desvirtuar a questão e usar de má fé, é como se costuma dizer ‘virar o bico ao prego’. </span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;">Transformar isto num caso de liberdade de expressão: as mulheres muçulmanas são proibidas de se expressar da maneira que é mais consentânea com as suas convicções … ressuma igual má fe; mas então porque não permitir que sejam usados nas praias, escolas, tribunais, cinemas etc. etc. símbolos suásticos? Quer dizer, proíbem-se estes pelo que simbolizam, mas esquece-se o que o burkini simboliza e considera-se a sua interdição nas praias um atentado às liberdades individuais. Aja paciência!!!</span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-size: large;">Outros falam mesmo em misoginia, como se não percebessem que o uso desta farpela, esse sim, é claramente resultante de uma visão misógina da mulher e do corpo feminino. </span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none; -webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Helvetica;"><span style="font-size: large;">No fundo, o que sobressai é uma tremenda confusão de ideias que não augura nada de bom para o progresso do Ocidente e dos seus </span></span><span style="font-family: Helvetica; font-size: large;">valores.</span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-79059049011366867432016-08-17T06:37:00.000-07:002016-08-17T06:37:40.834-07:00Clitoris - o segredo do orgasmo feminino<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(149, 28, 85); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #951c55; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(149, 28, 85); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #951c55; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(149, 28, 85); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #951c55; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;">Encontrei um artigo muito interessante e educativo sobre o clitoris e sua importância para a sexualidade feminina. Peço desculpa por não o apresentar traduzido, devido a falta de tempo, mas como já muita gente lê inglês, espero que possam tirar proveito dele.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(149, 28, 85); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #951c55; font-family: Verdana; line-height: normal; min-height: 15px; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"></span><br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(3, 0, 2); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #030002; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">“ Paul Verlaine celebrated it in his 1889 poem Printemps as a “shining pink button”, but thanks to the sociomedical researcher Odile Fillod, French schoolchildren will now understand that it looks more like a hi-tech boomerang. Yes, the world’s first open-source, anatomically correct, printable 3D clitoris is here, and it will be used for sex education in French schools, from primary to secondary level, from September.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(3, 0, 2); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #030002; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">From Fillod’s sculpture, pupils will learn that the clitoris is made up of the same tissue as the penis. That it is divided into crura or legs, bulbs, foreskin and a head. That the only difference between a clitoris and a penis is that most of the female erectile tissue is internal – and that it’s often longer, at around 8 inches.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">“It’s important that women have a mental image of what is actually happening in their body when they’re stimulated,” Paris-based Fillod says. “In understanding the key role of the clitoris, a woman can stop feeling shame, or [that she’s] abnormal if penile-vaginal intercourse doesn’t do the trick for her – given the anatomical data, that is the case for most women.”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">“It’s also vital to know that the equivalent of a penis in a woman is not a vagina, it’s her clitoris. <a href="https://www.theguardian.com/lifeandstyle/women"><span style="-webkit-font-kerning: none; -webkit-text-stroke-color: rgb(0, 86, 137); color: #005689;">Women</span></a> get erections when they’re excited, only you can’t see them because most of the clitoris is internal. I wanted to show that men and women are not fundamentally different.”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Fillod had been working with Toulouse-based V. Ideaux, creators of an anti-sexist web TV series, to create a modern sex education video when it struck her that the clitoris was never presented correctly in school textbooks. This catalysed her to develop her 3D model at the Fab Lab, of the Cité des Sciences et de L’Industrie in Paris.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Fillod’s 3D clit has come in the nick of time. This June, <a href="http://www.haut-conseil-egalite.gouv.fr/"><span style="-webkit-font-kerning: none; -webkit-text-stroke-color: rgb(0, 86, 137); color: #005689;">Haut Conseil à l’Egalité</span></a>, a government body monitoring gender equality in public life, published a damning report on the state of sex ed in France. The report revealed that sex education is rife with sexism. Current official guidelines state that young boys are more “focused on genital sexuality”, while girls “attach more importance to love”.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Clitoris activism is hot in France right now. The feminist group <a href="http://osezlefeminisme.fr/"><span style="-webkit-font-kerning: none; -webkit-text-stroke-color: rgb(0, 86, 137); color: #005689;">Osez Le Féminisme</span></a> has been vocal in combatting the silence around it since 2011. While in Nice, a group of sex-positive feminists, <a href="http://lesinfemmes.blogspot.co.uk/"><span style="-webkit-font-kerning: none; -webkit-text-stroke-color: rgb(0, 86, 137); color: #005689;">Les Infemmes</span></a>, has created a “sensual counter culture” fanzine called <a href="https://drive.google.com/file/d/0B6BBdtvBjt3xQlg5UFZtS212V0k/view"><span style="-webkit-font-kerning: none; -webkit-text-stroke-color: rgb(0, 86, 137); color: #005689;"><i>L’Antisèche du Clito</i></span></a> or The Idiot’s Guide to the Clit. There are funny drawings of “Punk Clit,” “Dracula Clit” and “Freud Clit”, as well as facts about the organ.</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Meanwhile, jeweller Anne Larue has created a <a href="https://www.alittlemarket.com/collier/fr_collier_clitoris_en_bronze_veritable_avec_chaine_bronze_-18732365.html"><span style="-webkit-font-kerning: none; -webkit-text-stroke-color: rgb(0, 86, 137); color: #005689;">bronze clitoris pendant</span></a> in conjunction with Les Infemmes artist Amandine Brûlée. “The clitoris has been the hidden, shameful organ for so long,” says Larue. “My necklace brings it to the light of day.” She reassures that the more timorous should not be worried about wearing it: “For the uninitiated, it looks like an octopus or a neolithic goddess.”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">The Australian doctor Helen O’Connell is often credited as being the first person to show the complete anatomy of the clitoris to the modern world in 1998. In fact that achievement belongs to LA-based activist-artist Suzann Gage, who realised, while looking for images of the clitoris to illustrate a book called A New View of a Woman’s Body in 1981, that her best information came from medical textbooks of the 1800s – when anatomical drawings were done from cadavers. So images of the clitoris might have existed for a long time but, on realising that it played no direct part in reproduction, the medical profession chose to ignore it. </span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Fillod has hopes that doctors as well as school teachers, will use her sculpture to learn – and teach – the truth about the female body. “France has the reputation for being sexually sophisticated, but often it’s about male sexuality.” However, she is optimistic about the future. “Understanding that they have an erectile system just like men, I think women will start to experiment more. They will understand that pleasure is not some magic that only a partner knows how to give.”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">The Australian doctor Helen O’Connell is often credited as being the first person to show the complete anatomy of the clitoris to the modern world in 1998. In fact that achievement belongs to LA-based activist-artist Suzann Gage, who realized, while looking for images of the clitoris to illustrate a book called A New View of a Woman’s Body in 1981, that her best information came from medical textbooks of the 1800s – when anatomical drawings were done from cadavers. </span><span style="font-kerning: none; text-decoration: underline;">So images of the clitoris might have existed for a long time but, on realizing that it played no direct part in reproduction, the medical profession chose to ignore it.</span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Fillod has hopes that doctors as well as school teachers, will use her sculpture to learn – and teach – the truth about the female body. “France has the reputation for being sexually sophisticated, but often it’s about male sexuality.” However, she is optimistic about the future. “Understanding that they have an erectile system just like men, I think women will start to experiment more. They will understand that pleasure is not some magic that only a partner knows how to give.”</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(50, 51, 51); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #323333; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(149, 28, 85); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #951c55; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;">encontrei este artigo no Guardian, neste endereço</span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(149, 28, 85); -webkit-text-stroke-width: initial; color: #951c55; font-family: Verdana; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none; text-decoration: underline;"><a href="https://www.theguardian.com/education/2016/aug/15/french-schools-3d-model-clitoris-sex-education?CMP=fb_gu">https://www.theguardian.com/education/2016/aug/15/french-schools-3d-model-clitoris-sex-education?CMP=fb_gu</a></span></div>
<div>
<br /></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8518066101488445321.post-4255079499387064282016-05-11T08:16:00.000-07:002016-05-11T08:16:37.878-07:00MISOGINIA - o mais velho preconceito do mundo<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 13px; line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Verdana;">“</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diferentemente do racismo, a misoginia não é percebida pelos homens como um preconceito, mas como algo quasi inevitável. … A misoginia tem sido parte do que o historiador do holocausto, Daniel Goldhagen, designou de ‘senso comum’ da sociedade. Foi um preconceito demasiado óbvio para ser percebido. </span></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;">Em diferentes civilizações, em diferentes tempos, o registo histórico é claro: sempre se considerou como perfeitamente normal que os homens condenassem as mulheres ou expressassem diretamente desgosto por elas, simplesmente por serem mulheres. Todas as maiores religiões do mundo e os mais renomados filósofos mundiais olharam para as mulheres com desprezo.</span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;">…</span></span></div>
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="-webkit-font-kerning: none;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;">[Nos nossos dias] no vocabulário corrente do rap as mulheres são ‘cadelas’ e ‘putas’. (mas não é só o rap). Grupos como os Rolling Stones [por exemplo] em 1976 publicitavam um album ‘Black and Blue’, com a imagem de uma mulher violentamente agredida, amarrada a uma cadeira. Embora o flagrante desprezo do rap pelas mulheres tenha vindo a ser atacado tanto por mulheres negras como por outros movimentos, é claramente um produto da cultura de alienação e frustração no qual a misoginia ainda prevalece como parte do ‘senso comum’ da sociedade. “</span></span></div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); -webkit-text-stroke-width: initial; font-family: Verdana; font-size: 12px; line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-kerning: none;">Texto adaptado de Jack Holland. “A Brief History of Misogyny: The World's Oldest Prejudice.” </span></div>
<div>
<span style="font-kerning: none;"><br /></span></div>
Adíliahttp://www.blogger.com/profile/16640045817981918242noreply@blogger.com0