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No Iluminismo, os argumentos bíblicos, com citações da Queda e do Pecado Original, foram substituídos por argumentos fundados na natureza: dizia-se que o facto de desde sempre, em todas as épocas e em todas as sociedades, se verificar a submissão das mulheres provava que essa situação, enquanto constante universal, decorria de uma lei da natureza. Desse modo, a substituição de Deus pela Natureza serviu às mil maravilhas para continuar a justificar a opressão das mulheres, sendo ainda por cima essa nova justificação dotada de uma base pretensamente científica de que os argumentos teológicos careciam. Por outro lado, os pensadores iluministas, embora enaltecessem a razão, tiveram o cuidado de dizer mais ou menos declaradamente que nesta capacidade as mulheres eram deficientes e, desta maneira, podiam alegremente defender a igualdade de direitos de todos os homens, excluindo de uma assentada metade da humanidade do usufruto desses direitos.
Toda esta história prova como a razão, aparentemente tão pura e imparcial, é capaz de nos ludibriar e até pode permitir defender o indefensável.
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