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Assim, ainda em pleno século XVIII, um filósofo liberal utilitarista, Jeremy Bentham e mais tarde, no século XIX, John Stuart Mill, deixaram de iludir a questão e denunciaram precisamente a injustiça em que as mulheres se encontravam bem como o atropelo ao progresso que essa injustiça implicava.
Jeremy Bentham, em Introduction to the Principles of Morals and Legislation (1789), critica a imbecilidade daqueles que atribuem à mulher um estatuto de inferioridade, equivalente ao das crianças e dos alienados mentais. Denuncia ainda o princípio de autoridade, afirmando que as mulheres eram oprimidas pela tirania dos mais fortes e só uma tradição autoritária pretendia camuflar e justificar essa opressão, invocando princípios que só se manteriam enquanto não fossem escrutinados. Por isso, Bentham defendia a liberdade política que permitisse às mulheres votar e participar como iguais nas tarefas legislativas e executivas da governação.
Mais tarde, John Stuart Mill, em The Subjection of Women (1869), empenhado na luta pela emancipação feminina, para além de reivindicar para as mulheres o acesso à cidadania através do exercício do direito de voto, defendeu que às diferentes profissões deveriam poder aceder elementos dos dois sexos, reconhecendo como critério de selecção apenas a capacidade e o mérito para ocupar «lugar». Isto representaria a entrada das mulheres no mercado de trabalho e a possibilidade de independência económica. É certo que as condições e os contextos existentes iriam dificultar essa caminhada, que se previa longa e cheia de obstáculos, mas a porta ficou entreaberta e a partir daí tem sido dados passos significativos no sentido de a escancarar.
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