Quanto mais não seja, por uma
questão cultural, a relação heterossexual continua a ser uma relação de
domínio/submissão; é assim que é percebida e é assim que é referida através do
tipo de linguagem usada para a exprimir que, como bem sabemos, é uma linguagem
de violência, de domínio e de humilhação; por isso é que é utilizada quando se
quer insultar/agredir alguém.
Se calhar não é pois por acaso que mulheres solteiras (desacompanhadas e autosuficientes), divorciadas ou viúvas são
normalmente muito mais assertivas, livres e autónomas, o que pode estar
relacionado com o facto de não terem um macho/guardião que as coloca na sombra.
Penso que um homem, a partir do momento em que tem relações sexuais com uma
mulher, sobretudo se não forem apenas casuais, começa lenta e paulatinamente a
sentir que pode/deve controlá-la e a controlá-la efetivamente, não só nos seus
passos, mas até no seu pensamento e então lá se vai a reciprocidade e o
respeito que devia caraterizar a relação. Este percurso é quase inevitável e poucos conseguem
resistir a esse apelo em que as fronteiras entre o natural e o cultural se
encontram esbatidas. Portanto parece haver ligação entre a secundarização e inferiorização das mulheres e o modelo de sexualidade prevalecente.
(A utilização da linguagem sexual para insultar pessoas é tão óbvio que deveria merecer a atenção dos estudiosos da linguagem, mas de facto não conheço nenhum estudo sobre o assunto.)
Adília, o que você diz é verdade . Ocorre que , não raro , a gente também vê mulheres querendo controlar os passos de seus parceiros , porque temem a traição . Portanto , gostaria de , humildemente , pedir a sua opinião para que você diga até onde essa insegurança e desejo de controle ou domínio é uma questão individual ou da natureza do ser humano e quando isso passa a ser uma subjugação de um gênero sobre o outro , porque , sinceramente , a linha que separa essas duas coisas , às vezes , parece ser tênue .
ResponderEliminarDesde já , agradeço pela sua atenção .
Caro Alexandre
ResponderEliminarse calhar a tendencia para dominar é da ordem do instinto, só que a parte masculina da humanidade até ao presente tem tido mais força e oportunidade para satisfazer essa drive. è preciso uma pessoa reconstruir-se se quiser controlar a tendência dominadora.
abraço, Adília