quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Sexo e agressividade

Acabei de assistir a um vídeo muito interessante em que Flávio Gikovate discorre sobre amor e sexo e vou tentar dar conta de algumas das ideias que retive e de outras que desenvolvi a partir das que aí são expressas.

A primeira constatação a que se chega quando se reflete sobre sexo é que existe uma ligação entre sexo e agressividade tão antiga quanto a própria humanidade; essa ligação é comprovada, entre outras coisas, pela matriz sexual da linguagem do insulto e pela própria linguagem que descreve comummente o ato sexual em termos de violência e de conflito. Por outro lado, embora possa envolver duas ou mais pessoas, o sexo é egoísta e visa à gratificação de um instinto que é do indivíduo; implica um estado de excitação e de inquietação que se procura acima de tudo apaziguar, alcançando uma gratificação pessoal.

Dada a constatação acima referida entre sexo e agressividade e sexo e egoísmo, tem de aceitar-se que o sexo não só não é parte do amor como desrespeita o sentimento amoroso; este, resultando e acompanhando uma relação interpessoal, implica cuidado com o outro, respeito pelo outro.
Também, dada a ligação entre sexo e agressividade, fica meio difícil falar, como se fala, em libertação sexual. A emancipação sexual, para ser autêntica tem de pressupor a capacidade de dissociar sexo de agressividade; mas essa dissociação só será possível se se der uma mudança cultural ou, como também se diz, uma mudança das mentalidades. Como ainda não se deu, o sexo continua a ser uma questão muito mal resolvida e por isso é que se fala tanto dele.


De modo que, da tão apregoada revolução sexual, cujo início se reporta aos anos sessenta, como diz Flávio Gikovate, e eu não podia estar mais de acordo, o que sobrou foi o direito de as mulheres se exibirem mais. Eu acrescentaria que foi também o “direito”, altamente duvidoso, se entendermos o direito como um determinado tipo de interesse, de as mulheres alinharem em práticas sexuais, que até nem lhes agradam, pela necessidade que ainda sentem de agradarem aos homens e pelo receio de serem apodadas de puritanas e de antiquadas se o não fizerem.

6 comentários:

  1. "De modo que, da tão apregoada revolução sexual, cujo início se reporta aos anos sessenta, como diz Flávio Gikovate, e eu não podia estar mais de acordo, o que sobrou foi o direito de as mulheres se exibirem mais."

    Muito contraditório uma feminista reclamar disso.Quem mais nos incentiva a nos vestirmos como pedaços de carne é o próprio feminismo.Nossas roupas são hipersexualizadas,as dos homens não;e o feminismo só reforça esse padrão de exploração com o chavão "meu corpo,minhas regras".

    também já vi muitas feministas se utilizando do discurso de moralismo,puritanismo se vc é contra a auto-objetificação feminina,descrita muito bem por Ariel Lewis no livro "Female chauvinist pigs".

    Então,se aquelas que deveriam nos defender corroboram com práticas machistas,como poderemos vislumbrar um fututo promissor?

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    1. Se vê que em questões de feminismo, é completa a sua ignorância. Vc quer culpar o feminismo pelo backlash. Experimente se informar melhor lendo livros de autoras feministas, tais como. A dialética do sexo, O mito da beleza, Beauty and misoginy, The industrial vagina, A mulher eunuco, A mulher inteira, Against our will, e vc verá que o feminismo nem de longe é o que vc acha que é.

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    2. Bom,isso aí é praxe.Basta criticar o feminismo que já vem uma feministazinha te chamando de ignorante.Todos que criticam o movimento é ignorante,todos que indentificam falhas,é ignorante.Feministas são a única fonte de inteligência da Terra,os únicos seres pensante dignos de criticar,acusar e julgar alguém.O resto é tudo machista ignorante.

      Me poupa queridinha...ficar tirando a culpa das mulheres nesse trama todo é agir de pura ma´fé e não tem nos levado á nada,ou vc acha que tem??

      Vocês é que tienham que se informar melhor como são as coisas no mundo real: ficar de faniquito na internete ou ficar fazendo passeatas chucras,sem projetos concretos nunca vai melhorar nada.Só prova io quanto vc e suas "colegas" são um bando de bababcas deficientes

      me diga querida,quem é a verdadeira ignorante? E sua posturazinha só vai fazer com que mais mulheres se afsatem! Agradeço-lhe por confirmar minhas convicções sobre essa luta.

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  2. No seu comentário, usa o termo feminista em sentido geral e deveria saber que, como sempre e em tudo, há diversas formas e tipos de feminismo, há até as chamadas feministas da igualdade , grupo muito ativo nos estados unids que são contra cotas ou discriminação positiva reclamando que a unica coisa necessária é a liberdade, em abstarto e a igualdade formal perante a lei. Estes fenomenos são inultrapassáveis e só resta tentar esclarecer e argumentar que é o que eu procuro fazer. O futuro somos nós que contribuimos para ele e portanto aceite o desafio comece a contribuir defendendo ideias que acha corretas e tentanto convencer as outras pessoas. nao há futuros promissores à nossa espera! Há inteligencia, há imaginação, há sonho!

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    1. Bom,vc não mencionou o assunto que toquei...e sim,todas as feministas defendem a auto-objetificação.Nunca vi nenhuma incentivando as mulheres a se vestirem como gente ao invés de um pedaço de carne.E a coisa só está a piorar.

      E como fazer com que idéias contrárias ao feminismo sejam divulgadas? O argumento que "é moralismo,puritanismo" reina em absoluto e sai da boca até de machistas (óbvio,porque querem manter o status quo).

      Então..fiquemos na mesma.

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  3. "Se vê que em questões de feminismo, é completa a sua ignorância. Vc quer culpar o feminismo pelo backlash. Experimente se informar melhor lendo livros de autoras feministas, tais como. A dialética do sexo, O mito da beleza, Beauty and misoginy, The industrial vagina, A mulher eunuco, A mulher inteira, Against our will, e vc verá que o feminismo nem de longe é o que vc acha que é."

    Bom,ficar xingando e não postar fontes para que as "ignorantes" aprendam,fica difícil,não é? E eu li alguns dos livros que vc cita e te recomendo um; O Mito da Fragilidade,que tem tudo a ver com esse estado de não-reação das mulheres.E o "mito da beleza" é feminismo neo-liberal,que vem de acordo com a revolta da coleguinha doida mal-educada.

    E creio que as críticas procedem,por algumas razões:

    1) quem promove a Marcha das Vadias? Crentes?católicos?masculinistas?alguma marca de cerveja? além de eu também já ter ouvido da boca de feminista o lema "meu corpo,minhas regras" para defender a objetificação feminina.

    2) existe um blog chamado "Escreva Lola" onde vejo garotas defendendo BSDB,prostituição e até aquele livro maldito "50 tons de cinza";e todas elas se dizem feministas.

    Então,alegar que o feminismo não tem parcela de culpa,é realmente equivocado,até porque o que não falta é feminista sex-positive por aí pregando a mercantilização da nossa sexualidade.

    Também senti na pele a reação imatura de feministas quando fiz algumas críticas,mas no meu caso foi mais o fato da falta de esforço para se atingir maior número de mulheres,e dei algumas sugestões.Quase apanhei por isso.

    Resumindo: existem muitos problemas na luta,ainda mais em termos de Brasil que não estão sendo tratados por serem considerados tabu.temas esses: falta de punição do homem machista,indulgência com mulheres machistas,falta de projetos práticos,dentre outros que não me recorrem agora.

    Todas esssa falhas o patriarcado conhece e usa contra nós mesmas.Resta admitir as falhas e tantar fazer algo.

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