Continuo a explorar ideias sugeridas
pelo vídeo de Flávio Gikovate a que assisti há tempos.
Não o acompanho na tese que defende
acerca do desejo sexual. Gikovate distingue o desejo sexual masculino do desejo
sexual feminino, dizendo, entre outras coisas, que o desejo sexual masculino é
visual, isto é, que é despertado pelas caraterísticas visuais do objeto e que o
desejo sexual feminino não tem essa componente visual pois a mulher excita-se
por se sentir desejada, quer dizer, não deseja ativamente.
Eu não nego que isto seja verdade,
só defendo que é assim porque foi, e continua a ser, construído assim. Se
dermos atenção aos estímulos eróticos, na publicidade, filmes e outros meios de
veicular mensagens, verificamos que têm como público-alvo os homens e são
constituídos por mulheres, ou partes de mulheres (estranho, não é?!)
apresentadas como lânguidas, recetivas, expectantes, numa palavra passivas. Em
contrapartida, não existe (ainda) um erotismo cujo público-alvo sejam as
mulheres. Se calhar isso acontece porque os donos da comunicação social são, na
sua esmagadora maioria, homens, preocupados muito naturalmente com os seus
interesses, não com os interesses das mulheres.
Enquanto mulher, não só não aprecio
homens feios, mal cuidados e barrigudos, como aprecio homens bonitos, com
corpos bem desenhados e atitude sensual; mas também devo lembrar que sempre
ouvi dizer que os homens não precisam de ser bonitos, foi essa a mensagem que
me chegou quando era adolescente e jovem e penso que ainda hoje é dominante.
Claro que esta mensagem é muito
confortável para os homens que precisam de perder muito pouco tempo com
aparências e que desse modo se podem concentrar em adquirir outros bens mais
duradouros e eficientes. Só é pena que as mulheres, bloqueadas e manipuladas
por mecanismos de vária ordem, não percebam que deviam preocupar-se mais em
desenvolver a sua inteligência e em adquirir saberes do que em gastar tempo e
energia com ninharias que apenas lhes conferem, quando conferem, um poder
efémero.