O uso do burkini tem inegavelmente um valor simbólico, representa algo que transcende o facto de ser uma simples peça de vestuário; representa uma certa concepção da mulher e do corpo feminino, como devendo, por modéstia e por observância de um preceito religioso, resguardar-se do olhar dos homens (que não o do próprio - leia-se do seu dono).
Quem usa o burkini são mulheres muçulmanas, se o fazem porque gostam ou porque acham que devem, ou porque alguém as obriga ( e há muitas maneiras de obrigar …), para o caso em análise, é-me perfeitamente indiferente; o que sei é que me afrontam e afrontam a paisagem ao imporem-me os sinais exteriores do seu estatuto de subserviência em relação à religião que professam e em relação aos homens que reverenciam. Que o fizessem nas praias dos seus países de origem, até compreendia porque aí de facto não teriam outra opção, mas que aproveitem a tolerância do Ocidente para exporem os símbolos de uma visão intolerante do mundo e da vida é o que me perturba e incomoda profundamente.
Karl Popper, que não era de todo um totalitarista, aconselhava a não se tolerar o intolerante; por isso não deixo de me espantar com o número e a qualidade de algumas vozes que se levantam contra a proibição do uso deste estranho símbolo de opressão e de dominação.
Transformar isto num caso - que consideram altamente inapropriado - de dizer as mulheres o que devem ou não devem usar, impondo-lhes portanto um ou outro tipo de vestuário, é pura e simplesmente ignorar completamente os contextos, desvirtuar a questão e usar de má fé, é como se costuma dizer ‘virar o bico ao prego’.
Transformar isto num caso de liberdade de expressão: as mulheres muçulmanas são proibidas de se expressar da maneira que é mais consentânea com as suas convicções … ressuma igual má fe; mas então porque não permitir que sejam usados nas praias, escolas, tribunais, cinemas etc. etc. símbolos suásticos? Quer dizer, proíbem-se estes pelo que simbolizam, mas esquece-se o que o burkini simboliza e considera-se a sua interdição nas praias um atentado às liberdades individuais. Aja paciência!!!
Outros falam mesmo em misoginia, como se não percebessem que o uso desta farpela, esse sim, é claramente resultante de uma visão misógina da mulher e do corpo feminino.
No fundo, o que sobressai é uma tremenda confusão de ideias que não augura nada de bom para o progresso do Ocidente e dos seus valores.
O Burkini existe desde de 2009, e hoje, sete anos depois virou polemica. Não por ser algo novo, mas pelo medo que a população sente. Uma população que recentemente foi alvo de terrorismo.
ResponderEliminarFreiras também vão à praia com o corpo e os cabelos cobertos. E nem por isso vira caso de polícia.
O que não se é dito, mas é o que está por trás desta polemica, é que a população ao ver uma mulher de Burkini. Se sente ameaçada pela ideologia que traje representa. E isto não é discutido e debatido. Somente o traje.
Temos nesta situação a intolerância a mulher árabe, que não tem direito a nada. E a partir do momento que passa a o ter direito de ir à praia o é impedido pela intolerância do Ocidental.
Entendo que a França não deve discutir o traje, mas como a população deve seguir de agora em diante com a ameaça do terrorismo em sua própria casa. Afinal a França sempre foi um país que acolheu dezena e milhares imigrantes refugiados de países muçulmanos.
E quanto aos trajes utilizados pelas mulheres muçulmanas, acredito que não devem ser proibidos um nenhum lugar. Porque quando o uso do traje é proibido, é proibido também o acesso da mulher, que não se sente confortável em mostrar o que é intimo à ela.
Natachi
só uma nota: se vc viajar para um país mulçumano vc corre o risco de ser apedrejada e morta se não usar burca ou seja lá o que esteja em vigor.Por que diabos no Ocidente as mulheres devem usar burca? eles querem ter a religião deles respeitadas,e as nossas?Homens de culturas machistas não respeitam mulheres de cultura nenhuma,aposto que os "nobres mulçumanos" que exigem burkini de suas mulheres desfrutam das mulheres semi-nuas do Ocidente.Ou seja,minha cara,te afeta também e vc vem aqui falar que não tem importância?
EliminarFreiras são mulheres que seguem a vida religiosa. Você já viu a mulher ocidental comum andar por aí usando hábito? Não venha comparar. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
EliminarNão venha falar de intolerância com a mulher árabe. Os árabes são extremamente intolerantes com mulheres. A mulher árabe é a típica mulher capacho que vai sempre defender a dominação masculina.
Cobrir o corpo, ter de casar virgem,aceitar que o marido tenha várias mulheres enquanto você não tem liberdade sexual... isso não é opressão? É o que então pra você?
Pienso que toda persona debe ir vestida como le dé la gana. Pero no estoy de acuerdo con el último comentario cuando dice que "los trajes utilizados por las mujeres musulmanas [...] no deben ser prohibidos en ningún lugar".
ResponderEliminarHemos luchado mucho, mucho en Europa por conseguir el laicismo. Aquí en España no hace poco que se hablaba sobre que hay que quitar los crucifijos en las escuelas. ¿Y ahora van a venir desde otras religiones a echarnos para atrás todos los avances en cuanto a laicismo? Pues no. Los espacios públicos han de ser laicos. Y si eso implica prohibir el burka, el crucifijo o un gorro judío, se prohíbe.
Religión fuera de las escuelas.
Vladia, sua colocação foi ótima. Falou exatamente td que me veio. Grata.
ResponderEliminarviaje á um páis mulçumano querida.vamos ver se essa sua mentalidade é correta,vamos ver se sua "livre expressão de usar o que quiser" é respeitada por lá como eles querem que o traje mulçumano seja respeitado no páis ocidental
EliminarToda feminilidade, inclusive a ocidental, é um conjunto de características que visam naturalizar a submissao feminina.
ResponderEliminarA burca é a feminilidade delas, assim como maquiagem e salto é a feminilidade das mulheres ocidentais, mas a feminilidade como ritual de submissao não esta restrito somente a estetica.
Fiz um post em meu blog falando do assunto: http://www.conflitoseatritos.com/2016/10/feminilidade-importancia-de-nega-la.html