O que é o materialismo histórico
e por que razão é uma ferramenta imprescindível de análise histórica.
O materialismo histórico é em
simultâneo uma conceção sobre a história e um método de análise do processo
histórico; ou seja, é uma teoria, mas também uma prática instrumental e os dois
aspetos encontram-se intimamente imbricados.
Enquanto conceção sobre a história, o materialismo histórico
assenta no pressuposto de que esta é um processo - o que supõe a ideia de
continuidade e de movimento. Nesse sentido, a história – o modo como tem vindo
a decorrer a vida da humanidade, não pode ser entendida como algo estático, nem
os eventos podem ser isolados uns dos outros, sob pena de se tornarem
incompreensíveis. Por outro lado, como estamos perante uma conceção
materialista, supõe que o motor do processo histórico são as condições
materiais de vida, pois são elas que estabelecem as ideias que as pessoas têm
acerca da realidade na qual se encontram imersas e essas condições em última
analise estão na origem da mudança, explicando e determinando o sentido desta.
Por outro lado, enquanto método de análise do
processo histórico, o materialismo histórico pressupõe que ao focar-se a análise
sobre um determinado período ou evento não se olhe apenas para esse período, mas
se procure conhecer e refletir sobre o que veio antes e o que veio depois – que
sempre se considere o contexto pois só assim se pode entender o momento, a fase
que se está a analisar; como refere Eric Hobsbawmy,
este método:
“Implica que o passado não pode ser compreendido exclusivamente ou
primariamente nos seus próprios termos: não apenas porque ele é parte de um
processo histórico, mas também porque apenas esse processo histórico nos
capacita a analisar e a compreender os aspetos desse processo e do passado.” Eric Hobsbawm, Marx and History
Partido destes pressupostos podemos dizer que o materialismo
histórico se apresenta como um método de análise dos acontecimentos históricos
que procura encontrar as causas e os efeitos dos fenómenos históricos, isto é,
procura saber por que as coisas ocorrem desta ou daquela maneira, e o que a
partir daí se pode esperar; é, pois, uma tentativa de aplicar a metodologia científica
aos fenómenos sociais e humanos que encontra grandes dificuldades dada a
especificidade e complexidade destes fenómenos. Todavia, apesar dessas
limitações, como até a data não foi encontrada uma metodologia que o supere, o
materialismo histórico é a ferramenta mais atual que temos para analisar a
história, por isso, se queremos compreender o presente e prever o futuro não o
podemos descurar e, decididamente não vale a pena consultar nenhuma bola de
cristal ou atribuir as mudanças a putativas vontades, heroísmos ou maldades
pessoais, ignorando todos aqueles fenómenos de natureza económica, geográfica e
social que se encontram a montante.
Ou seja, o que se passa no leste da Europa advém de um processo em curso há séculos (a procura e acumulação de recursos naturais) e de outro processo também ele com muitos séculos, que é a busca de poder para controlo do mundo, através da concentração de recursos e meios de produção. Tudo para alimentar a monstruosa máquina do capitalismo. Não sei se leio bem nas suas entrelinhas...
ResponderEliminarClaro que em relaçao ao fenómeno em causa a análise que a Ana está a fazer é materialista histórica. Se estou a ver bem a questão, o problema do capitalismo é que, dado o modo de produção que implica - apropriação da mais valia por um numero muito restrito em vez de distribuição justa-, tem como corolário a exploração interna e externa e acaba por levar a crises e guerras constantes , mesmo entre os poderosos para continuarem a conseguir acumulação de capital, não apenas através da restrição dos direitos do trabalho, mas também competindo pelos recursos que estão nas mãos de outros, eliminando-os, se necessário, e o povo acaba por funcionar como pião das nicas sem perceber que é simples joguete nas mãos dos poderosos: carne para canhão em nome da pátria, dos valores ocidentais, bla bla bla.... Quer dizer estruturalmente a situação humana com o capitalismo ainda triunfante é a do homem lobo do homem - estado de natureza que Hobbes no seculo XVII bem caraterizou. E a cereja no topo do bolo é a exploração tao intensiva dos recursos naturais, veja-se o caso da Amazónia, que previsivelmente a história vai acabar mal..
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