quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Suécia – política sexual e nova moralidade


Nas últimas décadas, o Estado sueco adoptou um determinado número de medidas de política sexual que têm vindo a contribuir para alterar profundamente o modo como se encara a moralidade sexual.
Na Suécia a educação sexual da população adolescente é há bastante tempo uma realidade incontroversa; as relações sexuais antes do casamento são encaradas com enorme naturalidade e os contraceptivos encontram-se facilmente disponíveis. A gravidez na adolescência tem um índice diminuto e o número de abortos também é muito baixo.
As despesas com a maternidade e com as crianças são suportadas pelo Estado que desse modo se substitui aos companheiros ou maridos provedores. Um outro pormenor importante é que essas ajudas estatais encontram-se ligadas à ocupação profissional da mulher pelo que a maternidade só é incentivada quando a mulher já se encontra no mercado de trabalho. Ter filhos fora de uma relação estável é uma opção, não um acidente.
Este enquadramento político cria condições objetivas para a emancipação das mulheres e altera completamente a moralidade sexual. Assim, determinadas virtudes, que durante milénios foram particularmente enaltecidas, deixaram de fazer sentido, caso da virgindade feminina antes do casamento ou da castidade. Tanto uma como outra foram impostas pela sociedade dominada pelos homens e iam ao encontro do interesse destes no sentido de garantirem a paternidade legítima dos seus filhos.
Como as mulheres não precisam do dinheiro de companheiros provedores para se sustentarem e sustentarem os seus filhos também não precisam de condescender em relação ao comportamento de castidade que tantos homens apreciam nas mulheres. Têm assim uma vida sexual mais ativa e livre pois por esse estilo de vida não pagam o preço que pagariam se dependessem economicamente dos homens.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mulheres e lugares de liderança





Excerto de uma conferência proferida por Sheryl Sandberg, na Universidade de Barnard em Agosto de 2011, onde se constata, através de números, como as mulheres continuam afastadas de lugares de direcção e se deduz que em boa parte este fenómeno tem as suas origens na desigual distribuição das tarefas e responsabilidades domésticas.
“As mulheres não estão a atingir lugares de topo nas suas profissões em nenhum lugar do mundo. Os números são bastante eloquentes: de 190 chefes de Estado apenas 9 são mulheres. De entre os lugares nos parlamentos apenas 13% são ocupados por mulheres. No sector empresarial as mulheres que se encontram em lugares de direcção são apenas de 15 ou 16%. Os números não se modificaram desde 2002 e vão no sentido errado. Inclusivamente em instituições sem fins lucrativos, um mundo que por vezes supomos governado por mulheres, apenas 20% ocupam lugares de direcção..
Como vamos resolver este problema? Como mudaremos estes números? …
Fazer com que as pessoas de ambos os sexos se encarreguem das tarefas domésticas é fundamental, se queremos que aja paralelismo e que as mulheres trabalhem fora.
Os estudos mostram que os lares com salários semelhantes e iguais responsabilidades têm metade dos divórcios. (…) Mas também mostram que se uma mulher e um homem trabalham a tempo inteiro e têm uma criança a mulher faz o dobro do trabalho em casa e dedica três vezes mais tempo a cuidar da criança do que o homem. De modo que ela tem três empregos ou dois e ele só tem um.”
Pode ler o texto na íntegra aqui

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Mulheres e liderança



“A Drª Alice Eagly, especialista em género e liderança, declarou recentemente que os seus estudos mostram que as mulheres têm mais probabilidades do que os homens de possuírem capacidades de liderança associadas ao sucesso. Isto é, as mulheres são mais dispostas para a mudança do que os homens – preocupam-se mais com o desenvolvimento dos colaboradores, ouvem-nos e estimulam-nos a pensar «fora da caixa», são mais inspiradoras e mais éticas.
Assim, pode perguntar-se porque é que são os homens que dominam posições de liderança e porque é que mulheres altamente qualificadas não chegam ao topo? Como a dr. Eagly refere, as mulheres têm de ultrapassar obstáculos para atingirem posições de liderança enquanto aos homens é oferecido «livre trânsito”. A nossa imagem de líder é “masculina” e por isso mais frequentemente selecionamos ou promovemos homens. Os homens controlam a contratação e favorecem homens em relação a mulheres. E temos relutância em modificar o statu quo.” *

*Texto traduzido do blog Psychology Today.

sábado, 6 de agosto de 2011

O feminismo e a melindrosa questão do aborto


Em Alas, a blog, coloca-se a questão de decidir se pode considerar-se feminista alguém que, na questão do aborto, adere à posição pró-vida. Pelo interesse do tema, resolvi fazer uma tradução livre do texto aí apresentado:


“Não tenho problema em aceitar que mulheres «que genuinamente acreditam que o aborto implica eliminar uma vida humana, também podem ser feministas. Mas ao mesmo tempo, ser uma feminista, implica opor-se com consistência a políticas que prejudicam o bem-estar, autonomia e igualdade das mulheres. De outro modo, ser feminista perderia o sentido.
Pode alguém pró-vida ser feminista? Penso que sim, se «pró-vida» for definido como alguém que acredita que preservar a vida fetal é essencial. Se as ‘feministas pró-vida’ forem pessoas que consideram essencial tanto o preservar a autonomia das mulheres como a vida fetal, essas pessoas deverão dedicar-se a procurar baixar o índice de aborto – mas quererão fazer isso através de meios que valorizam a autonomia das mulheres, usando meios não coercivos para reduzir a procura por aborto. Isso não significa que elas tenham de aceitar índices de aborto elevados. No mundo real, os países que praticam tais políticas, Bélgica e Suíça, por exemplo, têm níveis de aborto incrivelmente baixos. Não há conflito entre querer liberdade para as mulheres e querer preservar a vida fetal.
Em contraste, uma feminista pró-vida que é a favor da proibição do aborto – com o enorme prejuízo que essa proibição implica para autonomia, liberdade e igualdade das mulheres e a despeito do facto de que essa proibição não preserva a vida fetal melhor do que outras políticas – está a tratar a autonomia das mulheres como se fosse algo não essencial. (…) Se pessoas que atiram pela janela a autonomia e a igualdade das mulheres são feministas então o termo perdeu todo o sentido.