Em Alas, a blog, coloca-se a questão de decidir se pode considerar-se feminista alguém que, na questão do aborto, adere à posição pró-vida. Pelo interesse do tema, resolvi fazer uma tradução livre do texto aí apresentado:
“Não tenho problema em aceitar que mulheres «que genuinamente acreditam que o aborto implica eliminar uma vida humana, também podem ser feministas. Mas ao mesmo tempo, ser uma feminista, implica opor-se com consistência a políticas que prejudicam o bem-estar, autonomia e igualdade das mulheres. De outro modo, ser feminista perderia o sentido.
Pode alguém pró-vida ser feminista? Penso que sim, se «pró-vida» for definido como alguém que acredita que preservar a vida fetal é essencial. Se as ‘feministas pró-vida’ forem pessoas que consideram essencial tanto o preservar a autonomia das mulheres como a vida fetal, essas pessoas deverão dedicar-se a procurar baixar o índice de aborto – mas quererão fazer isso através de meios que valorizam a autonomia das mulheres, usando meios não coercivos para reduzir a procura por aborto. Isso não significa que elas tenham de aceitar índices de aborto elevados. No mundo real, os países que praticam tais políticas, Bélgica e Suíça, por exemplo, têm níveis de aborto incrivelmente baixos. Não há conflito entre querer liberdade para as mulheres e querer preservar a vida fetal.
Em contraste, uma feminista pró-vida que é a favor da proibição do aborto – com o enorme prejuízo que essa proibição implica para autonomia, liberdade e igualdade das mulheres e a despeito do facto de que essa proibição não preserva a vida fetal melhor do que outras políticas – está a tratar a autonomia das mulheres como se fosse algo não essencial. (…) Se pessoas que atiram pela janela a autonomia e a igualdade das mulheres são feministas então o termo perdeu todo o sentido.
Pode alguém pró-vida ser feminista? Penso que sim, se «pró-vida» for definido como alguém que acredita que preservar a vida fetal é essencial. Se as ‘feministas pró-vida’ forem pessoas que consideram essencial tanto o preservar a autonomia das mulheres como a vida fetal, essas pessoas deverão dedicar-se a procurar baixar o índice de aborto – mas quererão fazer isso através de meios que valorizam a autonomia das mulheres, usando meios não coercivos para reduzir a procura por aborto. Isso não significa que elas tenham de aceitar índices de aborto elevados. No mundo real, os países que praticam tais políticas, Bélgica e Suíça, por exemplo, têm níveis de aborto incrivelmente baixos. Não há conflito entre querer liberdade para as mulheres e querer preservar a vida fetal.
Em contraste, uma feminista pró-vida que é a favor da proibição do aborto – com o enorme prejuízo que essa proibição implica para autonomia, liberdade e igualdade das mulheres e a despeito do facto de que essa proibição não preserva a vida fetal melhor do que outras políticas – está a tratar a autonomia das mulheres como se fosse algo não essencial. (…) Se pessoas que atiram pela janela a autonomia e a igualdade das mulheres são feministas então o termo perdeu todo o sentido.
Excelente postagem!
ResponderEliminara questão está bem clara para mim e não é sobre o "direito à vida" de um feto, mas o direito de pessoas de fato quanto ao auto-governo sobre seus corpos, seu prazer, seu desejo, sua sexualidade e sobre políticas de controle de natividade.
ResponderEliminarNa questao polêmica que é o aborto eu cheguei a seguinte conclusao: Cada um pode ser favorável (ou nao) ao seu próprio aborto. Já explico. Você pode escolher doar (ou nao) seus órgaos, certo? Você avisa a família, ou escreve um documento declarando que você deseja doar seus órgaos (ou nao). Ninguém tem o direito de coagir você para que doe seus órgaos. Com o aborto nao é diferente. Se uma mulher engravida somente ela pode e deve decidir se quer ou nao seguir com a gravidez. Só ela pode ser contra ou a favor do próprio aborto!!! Ninguém deve tomar essa decisao por ela, assim como ninguém pode decidir sobre a doacao de órgaos de outra pessoa!!!
ResponderEliminarFran