Continuar a insistir num modelo sexual de domínio/submissão, com homens ativos/dominadores e mulheres passivas/submissas, não é de modo nenhum irrelevante para a manutenção da ordem social existente, uma ordem que ainda é, sem sombra de dúvida, de supremacia masculina. Não perceber as implicações sociais deste modelo sexual é muito comum e acontece com as próprias mulheres, as primeiras a não entenderem como os seus desejos foram moldados pela cultura dominante em que cresceram e foram educadas.
A prostituição, a pornografia, mas também a violência doméstica, a violação e até mesmo o assédio sexual, cada um destes 'instrumentos’ cumpre à sua maneira uma função: a de mostrar as mulheres como objetos passivos manipulados pelos homens, destinados a satisfazer os seus interesses e necessidades. Neste contexto torna-se muito mais difícil a afirmação social e o sucesso das mulheres em campos como a economia, a cultura ou a política; desse modo, a desigualdade mantém-se e replica-se, sem ser necessário fazer intervir outras medidas, porventura, hoje, politicamente incorretas, e atribuindo-se a situação a constrangimentos naturais.
Senão vejamos, se as mulheres gostam de ser sexualmente dominadas, como o modelo pretende e nos quer fazer crer, então não se encontra uma justificação forte para punir a violência doméstica pois esta será mera expressão da agressividade e dominância masculina que as próprias mulheres aceitam e desejam no campo sexual. O mesmo se passa com a violação e com a presunção de que no fundo qualquer mulher gosta de ser dominada logo gosta de ser violada que é apenas uma outra forma de dominação. De resto, o que é que a pornografia main stream faz que não seja erotizar constantemente a dominação masculina e a submissão feminina! Por outro lado, não é a prostituição a prova provada de que as mulheres estão disponíveis para satisfazerem os homens a troco de dinheiro, para serem usadas e abusadas como objetos?
Tudo isto permite que se contem histórias incríveis mas infelizmente verídicas como a de um magnate brasileiro, rei já não sei de quê, que nos seus oitenta gosta de se mostrar acompanhado por mulheres jovens e bonitas. Instado se esperava que elas gostassem dele respondeu: sabe, eu gosto muito de camarões, mas, quando vou ao restaurante e encomendo, não pergunto aos camarões se gostam de mim, limito-me a comer e a pagar.
Muito instrutivo, não?! Mas voltemos a aspetos mais teóricos. Postular essências metafísicas, neste caso de homens dominadores e de mulheres submissas, é um exercício filosófico, mas não é, como erroneamente se supõe, um exercício inócuo, os filósofos, contrariamente a uma opinião muito divulgada, não dão ponto sem nó. É que se aceitarmos essas essências, temos de aceitar as consequências que delas decorrem e que procurei evidenciar atrás, é uma questão de lógica que nos ensina a extrair consequências a partir de premissas, se não desejamos aceitar a conclusão como verdadeira temos de denunciar a falsidade da premissa de que partiu, mas, se aceitarmos a premissa como verdadeira então a conclusão (lógica) também será verdadeira.
Por tudo isto eu gostaria que uma mulher pensasse duas vezes antes de dizer que para ela o homem tem de ser dominador e que é assim que se sente sexualmente estimulada; ou melhor, ela até pode sentir isso, pois ninguém manda nos seus desejos, mas pode perceber que não é responsável por eles e se eles a colocam numa situação de vulnerabilidade é melhor começar a pensar em substitui-los por outros, é uma tarefa tremendamente difícil, mas se calhar não impossível. Nenhuma pessoa gosta de ser dominada; nem mesmo os animais, experimente prender os movimentos ao seu cão ou gato e aguarde… Você pode é gostar da ideia de que é dominada porque lhe inculcaram essa ideia na sua cabeça, a convenceram de que gosta, de que é assim que deve ser e foi condicionada a associar o prazer sexual a essa ideia. O fisiologista russo Pavlov, a propósito de cães, explicou muito bem como é que estes mecanismos funcionam. Nós não somos cães, mas somos animais, às vezes, para meu gosto, demasiado amestrados.
Está na hora de parar para pensar e dar um pontapé em ideias feitas para nos tramar.
A prostituição, a pornografia, mas também a violência doméstica, a violação e até mesmo o assédio sexual, cada um destes 'instrumentos’ cumpre à sua maneira uma função: a de mostrar as mulheres como objetos passivos manipulados pelos homens, destinados a satisfazer os seus interesses e necessidades. Neste contexto torna-se muito mais difícil a afirmação social e o sucesso das mulheres em campos como a economia, a cultura ou a política; desse modo, a desigualdade mantém-se e replica-se, sem ser necessário fazer intervir outras medidas, porventura, hoje, politicamente incorretas, e atribuindo-se a situação a constrangimentos naturais.
Senão vejamos, se as mulheres gostam de ser sexualmente dominadas, como o modelo pretende e nos quer fazer crer, então não se encontra uma justificação forte para punir a violência doméstica pois esta será mera expressão da agressividade e dominância masculina que as próprias mulheres aceitam e desejam no campo sexual. O mesmo se passa com a violação e com a presunção de que no fundo qualquer mulher gosta de ser dominada logo gosta de ser violada que é apenas uma outra forma de dominação. De resto, o que é que a pornografia main stream faz que não seja erotizar constantemente a dominação masculina e a submissão feminina! Por outro lado, não é a prostituição a prova provada de que as mulheres estão disponíveis para satisfazerem os homens a troco de dinheiro, para serem usadas e abusadas como objetos?
Tudo isto permite que se contem histórias incríveis mas infelizmente verídicas como a de um magnate brasileiro, rei já não sei de quê, que nos seus oitenta gosta de se mostrar acompanhado por mulheres jovens e bonitas. Instado se esperava que elas gostassem dele respondeu: sabe, eu gosto muito de camarões, mas, quando vou ao restaurante e encomendo, não pergunto aos camarões se gostam de mim, limito-me a comer e a pagar.
Muito instrutivo, não?! Mas voltemos a aspetos mais teóricos. Postular essências metafísicas, neste caso de homens dominadores e de mulheres submissas, é um exercício filosófico, mas não é, como erroneamente se supõe, um exercício inócuo, os filósofos, contrariamente a uma opinião muito divulgada, não dão ponto sem nó. É que se aceitarmos essas essências, temos de aceitar as consequências que delas decorrem e que procurei evidenciar atrás, é uma questão de lógica que nos ensina a extrair consequências a partir de premissas, se não desejamos aceitar a conclusão como verdadeira temos de denunciar a falsidade da premissa de que partiu, mas, se aceitarmos a premissa como verdadeira então a conclusão (lógica) também será verdadeira.
Por tudo isto eu gostaria que uma mulher pensasse duas vezes antes de dizer que para ela o homem tem de ser dominador e que é assim que se sente sexualmente estimulada; ou melhor, ela até pode sentir isso, pois ninguém manda nos seus desejos, mas pode perceber que não é responsável por eles e se eles a colocam numa situação de vulnerabilidade é melhor começar a pensar em substitui-los por outros, é uma tarefa tremendamente difícil, mas se calhar não impossível. Nenhuma pessoa gosta de ser dominada; nem mesmo os animais, experimente prender os movimentos ao seu cão ou gato e aguarde… Você pode é gostar da ideia de que é dominada porque lhe inculcaram essa ideia na sua cabeça, a convenceram de que gosta, de que é assim que deve ser e foi condicionada a associar o prazer sexual a essa ideia. O fisiologista russo Pavlov, a propósito de cães, explicou muito bem como é que estes mecanismos funcionam. Nós não somos cães, mas somos animais, às vezes, para meu gosto, demasiado amestrados.
Está na hora de parar para pensar e dar um pontapé em ideias feitas para nos tramar.
Mais um excelente post Adília,
ResponderEliminarConcordo, está mais do que na hora de nos consciencializarmos sobre as más ideias feitas!
So hoje tive oportunidade de responder ao seu amável comentario. Obrigada pela força!
ResponderEliminarabraço, adília
Olá, eu devo dizerque gosto de homens dominadores, me passam segurança, algo que me inflama.
ResponderEliminarNão estou entendendo a lógica do texto. Você diz que a mulher pode gostar de se sentir assim, más em seguida diz que nenhuma pessoa gosta de se sentir dominada? Não gosta ou não deve???
No texto diz que, é importante a escolha da mulher, más desde que ela escolha o sucesso em campos como economia, politica, etc.
Ou seja, eu sou livre para escolher, desde que escolha não não ter uma parceiro dominador pois iria de encontro ao que é considerado sucesso no texto, logo não é algo natural. Já se eu escolher ter um parceiro dominador, é uma escolha que deve ser mudada, mesmo que seja dificil, pois torna mais dificil o sucesso, logo não é algo natural?
Isso não seria subestimar a vontade da mulher? Creio que você quer passar caracteristicas como naturais algo que faria um mundo melhor em vossa concepção. Não estaria entrando no mesmo erro daqueles subjulgam a mulher, menosprezando suas vontades?
Me explique por favor.
Olé Katia, obrigada pelo comentario.
ResponderEliminarVoce gosta de homens dominadores! Bem até aqui sem novidade. Você faz parte de um vasto contingente de mulheres que um jornalista brasileiro identificou numa boutade que ficou célebre: «nem todas as mulheres gostam de apanhar; só as normais!
Os homens dominadores passam-lhe segurança! Logo, você sente-se insegura, mas tem medo de quê, do mundo dos homens em que vive? E então escolhe-os para protetores?! Do ponto de vista lógico não parece muito inteligente; mas quem disse que a inteligência está assim muito bem distribuída?
Você já se perguntou porque é que sente atração por homens dominadores e gosta de ser dominada? Já ouviu falar na manipulação do desejo? Se não ouviu, procure refletir sobre os processos de condicionamento que o texto refere. Comece por procurar entender como é possível fazer com que cães salivem ao som de campainhas ou mesmo quando sofrem choques elétricos como se estivessem a ser estimulados por um alimento apetitoso. Nós não somos animais apenas, mas como todo o ser humano somos suscetiveis de amestramente e é bom não perdermos isso de vista.
Você acha mesmo que escolher um parceiro dominador é fazer uma escolha livre? A partir do momento em que escolhe ser dominada a sua liberdade vai para as urtigas, não? Do mesmo modo, aquele que escolhe usar drogas vê a sua liberdade fortemente ameaçada. Sabe, é muito importante usar bem a pouca, escassa e preciosa liberdade que temos para fazer as escolhas certas, as escolhas erradas podem colocá-la em sério risco.
Subestimar a vontade da mulher é tudo fazer para que ela siga um caminho em que não pode exprimi-la; se você convida a mulher a desistir de si própria como ser humano autónomo e independente, capaz de tomar o destino nas suas próprias mãos, para se colocar na dependência de alguém considerado mais forte, inteligente, rico, poderoso, aí sim você está a subestimar a vontade dela.
Acho que está havendo um equívoco na tua postagem onde se confunde submissão sexual com submissão social. Pode-se muito bem ser uma submissa sexual sem que se torne uma passiva social... basta encontrar o equilíbrio. Falta um leque de informações ai que podem diferenciar muito bem... O fato de ser uma mulher independente, profissional, inteligente, com buscas, objetivos e metas, não impede de ter um homem Dominador ao seu lado, muito pelo contrário, isso se completa... nem lá aos alhos e nem aos bugalhos... afinal Homem e Mulher, mudem os tempos modernos, estes permanecerão os mesmos em sua essência... Mulheres tem a opção de escolha e escolher um Homem Dominador não as diminui como seres pensantes.
ResponderEliminarMeu Homem é dominador, tem dias que decide que tenho que ir para o trabalho sem calcinha. Me coloca em posição totalmente submissa, decide o batom, o perfume, o restaurante, os vestidos. è uma opção de escolha minha e eu? adoro!!! e sou ao mesmo tempo muito bem resolvida, profissional e financeiramente independente.
Por isso é necessário a informação da diferença na submissão sexual versus submissão social. Uma nada tem a ver com a outra...
E mulher que renega sua essência feminina e submissa, na verdade é alguém quase assexuada ou vê o sexo como parte menos importante na vida, isso sim é preocupante.
Marisa
Eu adoro homens Dominadores... E creio fortemente que a submissão feminina está ligada a fatores genéticos.
ResponderEliminarSinceramente não desejo viver nada que "aleje" a minha natureza. Sou submissa, não apenas sexual, mas amorosa e social ao homem que eu pertenço. E essa relação, guiada por Ele, mas nutrida por ambos me tornou uma Mulher Plena, em paz com seus desejos mais íntimos... Se é "feio" para a sociedade (patriarcal, mas extremamente maternalista) eu fecho os olhos para ela para ser feliz...
rosa branca!
Eu adoro homens Dominadores... E creio fortemente que a submissão feminina está ligada a fatores genéticos.
ResponderEliminarSinceramente não desejo viver nada que "aleje" a minha natureza. Sou submissa, não apenas sexual, mas amorosa e social ao homem que eu pertenço. E essa relação, guiada por Ele, mas nutrida por ambos me tornou uma Mulher Plena, em paz com seus desejos mais íntimos... Se é "feio" para a sociedade (patriarcal, mas extremamente maternalista) eu fecho os olhos para ela para ser feliz...
rosa branca!
Ser submissa na cama foi um prazer inexplicável, descoberto a pouco tempo. Meu homem não me quer uma passiva socialmente, nem eu. O que acontece na cama, é totalmente consensual. Sou formada, independente e plenamente feliz no sexo com meu dominador.
ResponderEliminarIana
É muito interessante constatar que toda as intervenientes apologistas da submissão mantém um "intrigante" anonimato. Porque será?
ResponderEliminarPergunto-me mesmo se são mulheres a escrever ou se afinal são homens a exprimir mais uma vez o que as mulheres devem ser.
Quanto mulher tarada ou homens nesses comentários hein kkkkkkkkk
ResponderEliminarA submissão sexual feminina nem se quer dá prazer. É completamente centrada no falo, visto que a penetração nos concede um prazer ínfimo e não proporciona orgasmo. Além desse modelo sexual cultural, difundido como forma de prazer arrebatadora, ser misógino, é completamente mentiroso. Fico me perguntando se é essa a razão da maioria das mulheres negarem sexo depois de um tempo de casadas.
ResponderEliminarOi Anita, realmente voce levantou uma questão bem interessante; porque é que há tantas mulheres com dor de cabeça na hora do vamos a ver? (pelo menos depois de terem laçado o seu homem porque no namoro de uma maneira geral parecem todas muito 'quentes', pudera é isso que o homem espera delas portanto há que agradar-lhe, depois, bem, depois, sempre vão poder ser um pouco mais honestas, mas mesmo assim ainda sentem necessidade de continuar a farsa e daí o apelo a um mal estar qualquer.
ResponderEliminarO homem dominador por natureza tem por obrigação proporcionar a sua submissa o prazer e todos os sentidos; refiro-me a proteção, ao companheirismo e ao gozo; o homem dominador quando sente que a mulher ocupa o seu papel de submissão na relação, tem sim que fazer ela gozar e muito; fazer amor é se completarem e ambos gozarem na hora H não existe dominado nem dominador ambos se completam para agradar e servir um ao outro; mas isso só é possível se o caçador for o homem e a presa for a mulher ao se iniciar o coito sexual; na vida real a mulher deve sim obedecimento e respeito ao seu macho; isso não quer dizer que a mulher não assuma papeis de comando e viva uma vida social de independência de gerencia de pessoas etc; agora com seu Macho ela tem que aprender que fundamental mesmo são as 4 letrinhas do alfabeto que deve ter em mente: OBDC
EliminarCaro Wagner você está mesmo precisado de um up grade, coitadinho!1!
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