segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Violência de gênero e vítimas colaterais


Diferentemente das agressões interpessoais, a agressão de gênero não ocorre na sequência de um conflito perceptível e incapaz de ser resolvido por outro meio que não seja o recurso à força; além disso é uma agressão extremamente desproporcionada que visa marcar uma posição – a daquele que manda. O seu objectivo é dar uma lição: “é para aprenderes a não desobedecer ao dono!”

O recurso a este tipo de violência no decorrer de uma relação heterossexual funciona como mecanismo de controlo para manter a mulher no seu lugar e, se a relação se rompe, o agressor destila a sua frustração, magoando a mulher, deixando uma espécie de marca.

Se há filhos, magoar os filhos é uma forma indirecta de magoar a mãe, por isso não podemos também esquecer as vítimas colaterais deste crime, as crianças que assistem aos maus tratos a que as mães são submetidas e que por vezes são elas próprias vítimas de agressão ou até de morte. Assim, é legítimo questionar se um companheiro que maltrata a mulher pode ser um bom pai. É difícil aceitar que o seja porque ele deve de alguma maneira perceber que o dano que inflige à mãe vai ter repercussões graves sobre os filhos.

Por tudo isto, devemos exigir tolerância zero contra a violência de género e a tolerância zero começa com o evitar desculpabilizar o agressor, evitar encontrar razões para o compreender, deixar de comentar quão boa pessoa ele é para os colegas de trabalho ou para os vizinhos; como a mulher é preguiçosa, desmazelada, ou respondona, etc; enquanto não mudarmos esta cultura, nada vamos conseguir. Mas, infelizmente, em muitos sectores e sectores com grandes responsabilidades, como o das hierarquias religiosas, é frequente encontrarmos pronunciamentos que vão no sentido de mais uma vez culpabilizar as mulheres e desculpabilizar os agressores.

 

 

 

 

 

 

4 comentários:

  1. ¡Buena entrada, Adília!

    Es una pena que a los niños y a las niñas se les haya utilizado, y se les utilice, como simples objetos, en vez de verles como personas. Siempre han servido para ayudar al padre o la madre en el campo, o para alegrar la vida familiar de sus progenitores, para la autorrealización del padre o de la madre, para fastidiar a la pareja en el momento del divorcio, o, como muestras en la entrada, para amenazar y atar a las mujeres (y quizá también a algunos varones, aunque de ello no se tenga constancia).

    Lo bueno del feminismo es que al criticar el patriarcado, no sólo lucha contra el sexismo y el machismo, sino que también lucha contra el adultocentrismo, promoviendo un mundo con un punto de vista más paidocentrista y protegiendo a la infancia.

    Un beso y que tengas un muy, muy, muy Feliz 2013.

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  2. Enrique
    Obrigada por teu comentário.
    Desejo também o melhor 2013 possível, beijo Adilia

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  3. Ótimo texto Adília
    Você escreve muito bem deveri escrever um livro!
    Concordo com tudo o que escrveu e acredito que para mudarmos essa situação o primeiro passo tem de ser nosso.
    Nós mulheres temos que nos impor valor e respeito e lutar para conseguir.Essa imagem da mulher como um objeto sexual ou como a 'Dona de casa' só existe por que mulheres lá no passado permitiram.Ao buscar por liberdade muitas mulheres acabaram estrapolando e cairam na vulgaridade,exemplo: Ser dona de seu corpo não significa usa-lo e abusa-lo como bem quiser mas cuida-lo e respeita-lo,outro exemplo não é só por que uma mulher conquistou um cargo que antes só era ocupado por homens que ela deve agir como tal ou permitir ser tratada como tal certo? Para termos direitos iguais não precisamos ser iguais.

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  4. Obrigada pelo comentário Ester, concordo consigo; está muito na mão das mulheres, mas infelizmente o condicionamento constante a que são sujeitas não ajuda.
    Já publiquei e sobre feminismo. Pode ler O Inimigo no Gineceu se clicar no google e procurar este titulo, estão disponiveis cerca de setenta paginas.
    abraço, adilia

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