A menção ao
conceito evocava o estereótipo da mulher raivosa queimando sutiã na rua. As
feministas militantes eram tratadas com desprezo e condescendência ("ai
meu Deus, lá vem aquela chata de novo...").
Não é de se
estranhar que, na Inglaterra, no ano passado, apenas 8% das mulheres entre 20 e
24 anos se considerassem feministas.
O feminismo a
que me refiro consiste em uma ampla coleção de ideologias, de variadas
vertentes, cada uma com visões e estratégias próprias. No entanto, por mais diversas
que possam ser, todas essas ideologias feministas se articulam a partir da
noção comum de que a desigualdade entre homens e mulheres é inaceitável e deve
ser combatida.
Ainda que, em
termos globais, a condição relativa das mulheres tenha evoluído substancialmente
nos últimos 50 anos, a desigualdade entre os sexos continua a se manifestar
tanto em termos de direitos abstratos quanto em termos muito concretos de
violência e ameaça física.
De acordo com a
ONU, uma em cada três mulheres será vítima de estupro ou espancamento ao longo
da vida. Em alguns países, essa proporção chega a sete em cada dez. Nos Estados
Unidos, por exemplo, três mulheres são assassinadas todos os dias por seus
parceiros. E nunca é demais lembrar que, enquanto você lê esta coluna, há
meninas sendo trocadas por carneiros no Afeganistão.
Para essas
mulheres, o exercício do feminismo não é uma questão de moda. É uma estratégia
de sobrevivência. Não é um feminismo de universidade.
É um feminismo
de necessidade, que deixa nítidas a importância e a atualidade da luta das
mulheres contra o abuso físico, moral e legal que sofrem cotidianamente.
Negar a
relevância dessa luta reflete irresponsabilidade social e falta de
solidariedade humana. A violência contra as mulheres é injustificável.
Aceitá-la com naturalidade é criminoso. É agredir por omissão.
Desde que uma
estudante indiana foi brutalizada e morta por um grupo de homens em Nova Déli,
em dezembro passado, manifestações feministas começaram a pulular ao redor do
planeta. Como em um mecanismo de contágio, mulheres saíram às ruas no Egito, no
Paquistão e na Ucrânia para exigir maior proteção legal e a ampliação de seus
direitos.
Na quinta-feira
passada, 14 de fevereiro, eventos pelo fim da violência contra a mulher tiveram
lugar em 190 países. A igualdade de gênero não é um dado da realidade humana, e
sim um privilégio raro, que a maioria das mulheres do mundo só conquistará por
meio da mobilização política.
Essas mulheres
e seus aliados defendem uma causa justa e precisam de ajuda. Os governos que
abraçam e promovem princípios democráticos devem apoiá-los incondicionalmente.
É o correto a
fazer. “
Texto de
Alexandre Vidal Porto, Mestre em Direito por Hravard, oublica regularmente no
cadern “Mundo” PPoescpublica regularmente no
caderno “MUNdorto é escritor e diplomata.
Mestre em direito pela Universidade Harvard, trabalhou nas embaixadas em
Santiago, Cidade do México e Washington e na missão do país junto à ONU, em
Nova York. Escreve aos
Fiquei com uma duvida, porque no paragrafo 9 dz que a violencia contra a mulher é injustificafel e aceita-lá com naturalidade é criminoso, e quando fala de um homem a violencia é justicavel e aceita-la com naturalidade e nosso dever?
ResponderEliminarOs homens então seriam descartaveis e as mulheres valiosas?
Desculpe mas está a fazer uma leitura perfeitamente abusiva que o texto não comporta. É o problema da violencia de género que está aqui a ser debatido e não da violencia, tout court, que obviamente é sempre criticável. Com reações como a sua fico sempre com a sensação de que você é daqueles que confunde o feminismo com o reverso de machismo, mas isso é mesmo uma confusão.
ResponderEliminarPasse bem.