Imperialismo e Capitalismo combinam
muito bem
Os Estados Unidos são o símbolo maior
do capitalismo. O capitalismo tende a ser imperialista. Se pelo caminho, um país
capitalista sentir necessidade de eliminar outro ou outros, não hesitará em
fazê-lo. Aqui não há solidariedade que seria até contranatura já que ao fim ao
cabo aplica-se a nível dos estados o princípio da concorrência e da
competitividade que se aplica a nível dos indivíduos: perecem os mais fracos
ficam os melhores e há sempre um que é melhor que os outros.
O capitalismo é imperialista porque só
assim pode continuar o processo de acumulação de recursos que lhe é inerente - que
faz parte do seu ADN. Os recursos não são inesgotáveis e os defensores do
sistema já o devem ter percebido, mas como a ganância predomina, o que percebem
com mais força é que, independentemente das consequências, enquanto houver
recursos, a (sua) festa deve continuar. Quem vier por último que feche a porta.
Para a festa do capitalismo
triunfante continuar, as guerras também têm de ser promovidas até porque o
complexo industrial militar que foi preciso construir tem de dar vasão ao
produto fabricado, quando não, por falta de consumidores, entra-se numa crise do
próprio sistema pois este deixa de ser rentável. Por outras palavras, para
acumular recursos é preciso espoliar outros povos, para o conseguir é preciso armamento
poderoso, este uma vez produzido tem de ser vendido, se não for cria-se um problema
extra não menos grave. Por isso, o sistema retroalimenta-se.
Convém, todavia, perceber que na base
disto tudo está a psicologia ou melhor o psiquismo humano. Enquanto as pessoas
se virem como inimigas umas das outras, se sentirem ameaçadas pelo inimigo
humano próximo ou mesmo distante - e hoje mais do que nunca a distancia é
relativa - vai ser muito complicado resolver o problema. Por isso o capitalismo
favorece o individualismo, porque este isola as pessoas e dificulta que se unam
para derrubar o sistema; mas também não é refratário aos nacionalismos, porque
estes acicatam povos contra povos e são imprescindíveis para que as criaturas
humanas se empolguem estupidamente e apoiem e participem nas ações bélicas.
A resposta encontra-se numa diferente
organização económica e numa organização social e política que reconhecendo este
problema crie condições para o resolver, mas para isso é preciso por um lado desestimular
o individualismo e por outro os nacionalismos e ainda as alianças ofensivas,
seria bom que retomássemos o velho slogan da esquerda dos anos 70: NEM NATO NEM
PACTO DE VARSOVIA que pode ser atualizado: PACTO DE VARSÓVIA JÁ FOI, NATO TEM
DE LHE IR FAZER COMPANHIA
Por outro lado, é preciso perceber que
a democracia liberal ocidental funciona como uma fachada para defender interesses
obscuros e para justificar crimes hediondos frequentemente cometidos em seu nome
como aconteceu na guerra do Iraque na qual os Estados Unidos alegavam que o
objetivo era tornar este um pais democrático. O resultado está à vista.
Seria bom que nos perguntássemos como
é que um país que diz defender a liberdade acima de tudo quer obrigar outros países
e outros povos a adotarem o seu regime político, ainda por cima à lei da bala? Ninguém
vê a contradição? Ninguém vê que essa justificação para a guerra é uma fachada
para esconder interesses que não quer revelar?
Extrapolando para atual situação de
guerra na Ucrânia, desvelemos os mecanismos ideológicos postos em ação:
- O Putin é um autocrata, a
autocracia é o contrário da democracia. - A democracia é boa, a autocracia é má;
- Então vamos fazer guerra a um pais
que tem um regime mau para que ele adote um regime bom;
Mas, como houve já quem tivesse denunciado este esquema, podemos ser ainda mais espertos e fazer outra coisa:
- Criar condições tais ao Putin e ao
país que ele lidera de modo a conseguir que seja este a tomar a iniciativa de
invadir o outro;
- Aí ninguém nos pode acusar, pois nós
apenas fomos em auxílio do outro, vulnerável face a autocrática Rússia.
- Logo nos só queremos libertar a Ucrânia
e também a Rússia, não queremos mais nada, o que nos move é a liberdade e os
nobres valores da civilização ocidental que é preciso preservar a qualquer
custo – Maquiavel no seu melhor!
A partir daqui, é plausível concluir
que a politica é uma espécie de biombo com o objetivo de esconder que o que
está em jogo é a economia, ou melhor interesses económicos e rivalidades entre
potencias económicas capitalistas, bem como a necessidade de escoar os produtos
do complexo industrial militar norte americano e de continuar o processo de acumulação
capitalista não já dentro do próprio pais – que já deu o que tinha a dar - mas permitindo aos capitalistas com mais
força do seu lado apoderarem-se dos recursos de outros povos e países, neste
caso e para já da Rússia, depois logo se verá.
O que é de realçar aqui é que toda a
guerra económica é reduzida à guerra política: quer-se fazer crer que o que
está em causa é a democracia a defender contra a autocracia. Isto é falso, mas
é uma mentira muito conveniente porque atrai a simpatia das pessoas e torna-as
recetivas à guerra inadiável e aos sacríficos que esta impõe e as pessoas comem
isto tudo e anda pedem mais porque o complexo mediático corporativo também funciona no seu melhor.