Quando se procura reduzir a mulher à natureza, e isso está manifesto na tentativa de a limitar aos seus papéis naturais, cumpridos através do acasalamento e da maternidade, está a encerrar-se a mulher numa situação de imanência, não se permitindo que transcenda o dado natural e se realize como ser humano. Ora o ser humano realiza-se enquanto humano, precisamente através da transcendência, isto é, da capacidade de ultrapassar o dado natural criando uma cultura humana.
Por esta razão, o feminismo e uma filosofia feminista têm de defender para a mulher a abertura de opções que lhe permitam o acesso à esfera onde se produz cultura, recusando encerrá-la na esfera da produção/reprodução da espécie que o mundo puramente animal executa exemplarmente. Claro que, para além desta razão de fundo, outra há igualmente importante, é que sem o acesso à esfera da produção socialmente útil e sem o rendimento económico que este propicia a mulher ficará na dependência do homem e não terá qualquer garantia de que os seus desejos, as suas vontades, os seus interesses sejam reconhecidos.
As anti-feministas procedem exactamente ao contrário, ao sacralizarem a maternidade e ao exaltarem o valor desse papel; em desespero de causa chegam a propor que as mulheres possam escolher entre uma carreira profissional e a função exclusiva de «dona de casa»; mas essa não é verdadeiramente uma escolha autêntica se considerarmos que o sujeito que escolhe a imanência e a dependência denuncia «falsa consciência», isto é não percebe que está a «escolher» sob pressão, social, cultural, aquilo que nunca deveria escolher se reflectisse e percebesse o que está em jogo.
Mesmo se vislumbrássemos a remota hipótese de se remunerar substancialmente, através de mecanismos estatais, as mulheres que «optassem» pela maternidade e pela família, essa seria uma pseudo-solução porque apenas se estaria a encontrar um subterfúgio para as encerrar na imanência da sua condição enquanto fêmeas ao serviço da perpetuação da espécie.
Pienso que hay que tener en cuenta ambas partes: la reprodución y la producción.
ResponderEliminarEl problema de los y las anti-feministas es que olvidan la parte de la producción y la realización de la mujer como trabajadora (si así lo desea).
Y el problema del feminismo es que a veces olvida que también es importante la reproducción y el ser madre (y padre).
Lo óptimo, pienso, sería hallar un punto intermedio, de tal modo que una mujer no deba elegir entre ser trabajadora y ser madre, sino que peda realizar una de las dos cosas, dependiendo de qué es lo que le gusta hacer o ambas cosas.
Besos.
Estoy de acuerdo en que se crea una sacralización de la maternidad. Opino que tanto el hombre como la mujer valen para la crianza por igual, y que lo único que los diferencia es la concepción y el amantamiento.
ResponderEliminarPero tampoco caigamos en el erro contrario, es decir, no quitemos importancia a la maternidad (y a la paternidad), porque también es importante.
Saludos.
Henrique
ResponderEliminarEu também vejo a maternidade e a paternidade, quando responsáveis, como fonte de enriquecimento pessoal sobretudo no domínio afectivo, aquilo contra que me insurjo é com a tentativa de reduzir a mulher a esse papel e praticamente excluir o homem e o contributo que este pode e deve dar, não só porque esse contributo é bom para ele e para a criança como também porque é necessário para uma educação saudável dos filhos, além disso o apoio do pai permite à mulher encarar com mais segurança o retorno ao trabalho fora de casa. Aliás os paises mais desenvolvidos aumentam a licença para o pai precisamente porque reconhecem todas estas vantagens.
Obrigada pelo seu comentário.
Abraço,Adília.