sábado, 12 de novembro de 2011

Poligamia e mulheres felizes

Num Ensaio publicado em meados do século XIX a que deu o título «Sobre as Mulheres», o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), ilustre crítico da instituição da monogamia, defendeu a sua posição com clareza e sem papas na língua.

Em sua opinião, a mulher ocidental da classe média alta - que ele designa de «lady» -usufruía de direitos que não eram naturais, direitos esses que lhe eram conferidos pela instituição da monogamia e que lhe reconheciam um estatuto de igualdade em relação ao homem. Ora Schopenhauer considera a mulher um ser secundário e inferior ao qual decididamente não convém tal estatuto. Além disso, essa situação, segundo o filósofo, teria efeitos perversos, levando muitos homens a evitarem comprometer-se matrimonialmente, com a consequência de muitas mulheres ficarem solteiras e sem recursos próprios o que empurraria uma boa parte para a prostituição e outras para uma situação deplorável:

“Nas classes altas vegetam como solteironas inúteis, nas classes baixas são reduzidas a trabalho duro de gosto discutível ou tornam-se prostitutas e levam uma vida que é tão triste como desprovida de honra.”

Em contrapartida, diz ele, nas regiões onde a monogamia se encontra substituída pela poligamia estes lamentáveis problemas não se colocam e as mulheres encontram facilmente quem as sustente; assim, justifica a poligamia com o argumento de que é benéfica para mulheres, e também é benéfica para os homens, porque um homem precisa de muitas mulheres. De resto afirma não ser preciso defender a poligamia porque ela existe em toda a parte:

“Todos nós vivemos, pelo menos durante algum tempo e a maioria de nós sempre, em poligamia. Consequentemente, como cada homem precisa de muitas mulheres, nada é mais justo do que permiti-lo, desde que se garanta o sustento das mulheres”

Embora exista em toda a parte, pode é não se encontrar regulada e era isso que, segundo Schopenhauer se devia fazer no Ocidente, criando condições para que as mulheres retornassem ao seu lugar natural de subordinadas dos homens que deveriam tomar conta delas garantindo a sua subsistência. Desse modo:

“A «lady», esse monstro da civilização europeia e da estupidez cristã-teutonica, com a sua ridícula pretensão de respeito e veneração, não mais existirá; haverá ainda mulheres, mas não mulheres infelizes, de que no presente a Europa está repleta.”

Aqui temos pois um Schopenhauer que não conhecíamos, muito preocupado com a felicidade e bem-estar das mulheres. Só ficamos em dúvida se ele sabia fazer contas já que dado que o número de mulheres é aproximadamente igual ao dos homens, ou mesmo bastante inferior - se considerarmos que pelos padrões dele a partir de certa idade as mulheres ficam imprestáveis – deve ser extremamente difícil garantir o usufruto da poligamia para uma parte considerável do sexo masculino.

5 comentários:

  1. De facto, Nicole, a conclusão é um argumento pragmático que devia fazer reflectir mesmo aqueles que se estão nas tintas para os direitos das mulheres. Mas não faz, até os filósofos deixam o espírito critico na gaveta quando se trata de pensar a situação feminina.
    abraço, adilia

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  2. Boa noite Adília, gostaria de pedir o apoio do blog para denunciar os autores deste site http://www.silviokoerich.org/
    Nele, além da misoginia, é feito apologia a pedofilia, homofobia, maus tratos a animais, racismo, estupro, entre outros. O autor ainda tentar usar a religião como justificativa.
    Se puder, por favor denuciar e passar adiante, ficaria grata.

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  3. Larissa
    ja fui visitar o site e ele é de tal maneira desgostante que penso que o melhor tratamento é mesmo ignorá-lo. infelizmente a internet existe para o bem e para o mal e não sei como se poderia evitar um lixo destes.
    abraço, adilia

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