sábado, 14 de janeiro de 2012

Erotizar as relações de domínio/submissão será suficiente?

Todas as pessoas minimamente informadas já perceberam que conferir uma carga erótica, por outras palavras, sexy, à dominação sexual das mulheres pelos homens é uma constante na publicidade e na pornografia, passando pela moda e por outros meios mais diferidos de transmitir mensagens. Por que isso acontece é o que Marianne Hester nos revela; também explica como é ainda necessário complementar esse recurso com outros instrumentos persuasivos, como sejam a violência, a ameaça de violência e outras pressões ideológicas.

“Os homens têm, e mantém, poder sobre as mulheres de modos muito diferentes e a diferentes níveis: no trabalho, em casa, através da legislação, etc. Mas o aspecto mais crucial para a compreensão da opressão das mulheres e da dominação masculina é a análise da sexualidade, porque é a partir da construção das sexualidades masculina e feminina, que podemos observar a dinâmica central da dominação masculina sobre as mulheres.
No contexto da supremacia masculina, as sexualidades feminina e masculina são construídas como especificamente diferentes e desiguais. Isto levou MacKinnon, por exemplo, a argumentar que o masculino e o feminino são criados através da erotização da submissão e do domínio. Por outras palavras, o poder dos homens e a inferioridade social das mulheres são tornadas sexy. O processo de construção das mulheres como eróticas ou sexy objetifica-as, colocando as mulheres como subordinadas e os homens como dominadores. Podemos ver isso particularmente na pornografia e nas relações heterossexuais, nas quais a sexualidade masculina objetifica o objeto feminino de desejo, enquanto a sexualidade feminina é objetificada pelo sujeito masculino desejado. Mas este processo é mais generalizado do que estes exemplos sugerem, é integral a todas as relações masculino/feminino no quadro da supremacia masculina. È isto que faz da supremacia masculina um caso único e persistente.
A dominação masculina sobre as mulheres pode parecer natural, mas esse não é o caso. Os homens têm de manter ativo e de perpetuar o seu poder sobre as mulheres. Como na manutenção de qualquer tipo de ordem social, isto acontece sob pressão para consentimento, incluindo a força, a ameaça de força e as pressões ideológicas.”
Marianne Hester, Lewd Women and Wicked Witches


3 comentários:

  1. Adilia, bom artigo. É um assunto muito interessante e bastante complexo. A relação que existe entre comportamentos sexuais e comportamentos sociais continua não obstante muito mal entendida.

    Noutra nota , veja os horripilantes artigos que econtrei na BBC hoje.
    http://www.bbc.co.uk/news/world-south-asia-16543036
    http://www.bbc.co.uk/news/magazine-16503338

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  2. De facto Promenade é incrivel como no século XXI situações de tal violencia ainda aconteçam.
    Mas nos no ocidente também nao temos as mãos limpas, sabia que o inefável Kant nos fins do seculo XVIII considerava que a mulher violada de alguma maneira era culpada porque deveria ter resistido se necessario com o sacrificio da própria vida a esse tipo de violencia? Bonito, não é? e sobretudo grave, gravissimo vindo de quem vem!!!
    beijo, adilia

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  3. MEU NOME È EVANDRO CLEMENTINO, CASADO E PAI DE 2 FILHAS.O FIGURINO MASCULINO AO QUAL AS MULHERES SÃO SUBMETIDAS DESDE O INÍCIO DOS TEMPOS IMPEDE TOTALMENTE A METADE FEMININA DO MUNDO DE EXERCER SEUS DIREITOS.È SIMPLES ASSIM. NÃO TEM NADA DE COMPLICADO.E È UM ABSURDO QUE AS MULHERES NÃO SE REBELEM CONTRA TAL ESTADO DE COISAS,COMO ABSURDO È O FATO DOS HOMENS ESTAREM TÃO À VONTADE COM TEL ESTADO DE COISAS TAMBÈM.È UM CRIME SEM PERDÃO,EU INCLUÍDO, CRIMINOSO QUE SOU.ESSE È O PONTO.O HOMEM, EU, SOMOS LADRÕES DOS DIREITOS NATURAIS DA MULHER E PONTO.CADA GESTO MEU TENTA MUDAR ISSO MAS ÀS VEZES-PASMEM-,ESBARRO NA OPINIÃO DAS MULHERES QUANDO AFIRMO O ACIMA.FICO CHOCADO.MAS SIGO LUTANDO.NÃO SUPORTO TAL ABSURDO.

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