O Senado norte-americano conseguiu rejeitar recentemente, por uma margem mínima de 51/48 votos, a aprovação de legislação cujo objetivo era dificultar extremamente a aquisição de fármacos anticoncepcionais.
É altura de percebermos claramente que a direita norte-americana não se satisfaz com a restrição do recurso ao aborto, fazendo passar legislação que obriga qualquer mulher que solicita um aborto legalmente enquadrado a submeter-se a um exame de ultra-som - numa perfeita manobra dissuasora. A direita vai mais longe e pretende mesmo pôr em causa um direito de saúde reprodutiva que as mulheres já davam por adquirido: o direito a controlarem a sua capacidade reprodutiva.
A direita há muito percebeu que o melhor meio de manter um sistema iníquo, em que as mulheres se encontram numa posição de dependência e de inferioridade em relação aos homens, é limitar a sua liberdade e as sua possibilidade de escolha no campo reprodutivo, não permitindo que se autodeterminem e tomem em mãos as suas próprias vidas; daí todo este encarniçamento contra o aborto e agora também, imagine-se, contra o controlo dos nascimentos. A vida humana é apenas mais uma capa e um simulacro hipócrita para alcançarem propósitos que deixou de ser politicamente correto revelar.
O que se está a passar nos Estados Unidos deveria alertar-nos para o que pode vir a acontecer na Europa e em outras partes do mundo; a luta é sempre a mesma, uma luta em que a reação não desiste em controlar a vida do indivíduo comum, procurando regressar nostalgicamente a um passado que julgávamos já enterrado.
O que se está a passar também deveria levar as mulheres a questionarem o que verdadeiramente se pretende quando se apela para valores morais, como o direito à vida, para lhes limitar a própria vida; infelizmente muitas mulheres, neste como em outros domínios, sofreram uma autêntica lavagem cerebral, são facilmente manipuladas e não percebem que enquanto não controlarem a sua sexualidade não serão verdadeiramente livres.
Quando se fala em direita tende a pensar-se em partidos políticos, mas será melhor começarmos a perceber que a direita política só consegue progredir nos seus intentos porque conta com uma direita social e com uma mentalidade em que, apesar de tudo, valores hipócritas e interesses inconfessáveis disfarçados se encontram acantonados. Curiosamente essa direita social é bem mais ampla do que a direita política e ingénuamente acaba por servir os interesses desta.
É altura de percebermos claramente que a direita norte-americana não se satisfaz com a restrição do recurso ao aborto, fazendo passar legislação que obriga qualquer mulher que solicita um aborto legalmente enquadrado a submeter-se a um exame de ultra-som - numa perfeita manobra dissuasora. A direita vai mais longe e pretende mesmo pôr em causa um direito de saúde reprodutiva que as mulheres já davam por adquirido: o direito a controlarem a sua capacidade reprodutiva.
A direita há muito percebeu que o melhor meio de manter um sistema iníquo, em que as mulheres se encontram numa posição de dependência e de inferioridade em relação aos homens, é limitar a sua liberdade e as sua possibilidade de escolha no campo reprodutivo, não permitindo que se autodeterminem e tomem em mãos as suas próprias vidas; daí todo este encarniçamento contra o aborto e agora também, imagine-se, contra o controlo dos nascimentos. A vida humana é apenas mais uma capa e um simulacro hipócrita para alcançarem propósitos que deixou de ser politicamente correto revelar.
O que se está a passar nos Estados Unidos deveria alertar-nos para o que pode vir a acontecer na Europa e em outras partes do mundo; a luta é sempre a mesma, uma luta em que a reação não desiste em controlar a vida do indivíduo comum, procurando regressar nostalgicamente a um passado que julgávamos já enterrado.
O que se está a passar também deveria levar as mulheres a questionarem o que verdadeiramente se pretende quando se apela para valores morais, como o direito à vida, para lhes limitar a própria vida; infelizmente muitas mulheres, neste como em outros domínios, sofreram uma autêntica lavagem cerebral, são facilmente manipuladas e não percebem que enquanto não controlarem a sua sexualidade não serão verdadeiramente livres.
Quando se fala em direita tende a pensar-se em partidos políticos, mas será melhor começarmos a perceber que a direita política só consegue progredir nos seus intentos porque conta com uma direita social e com uma mentalidade em que, apesar de tudo, valores hipócritas e interesses inconfessáveis disfarçados se encontram acantonados. Curiosamente essa direita social é bem mais ampla do que a direita política e ingénuamente acaba por servir os interesses desta.
Eu tenho acompanhado horrorizada as declaracoes de alguns políticos americanos em relacao aos direitos reprodutivos das mulheres. Eles disseram com todas as letras que as mulheres nao tem capacidade de decidir sobre contracepcao e precisam que eles, quase todos homens (mas vergonhosamente há mulheres entre eles) devem decidir por elas.
ResponderEliminarQuando eu falo que existe o risco REAL de perdermos os direitos de controlarmos nossa fertilidade (que diga-se de passagem já é limitado), tem gente que acha que sou exagerada.
Fran
Meu deus do céu......que grandessisimos filhos da puta! É mesmo uma corja. De facto é algo medieval. I am speechless.
ResponderEliminarFran e Promenade
ResponderEliminarObrigada pelos vossos comentários.
O risco real de retrocesso existe e são sempre as pessoas do costume que lhe preparam o terreno.
Lembro uma frase interessante que esclarece muito bem isto: Para que o mal triunfe basta apenas que as pessoas de bem não façam nada.
Abraço, Adília
Essa guerra contra mulheres que está ocorrendo nos EUA tem várias vertentes, não é só social e cultural, mas política e econômica. Os mesmos conservadores que criaram as crises do capitalismo, são os que defendem agora essas medidas restritivas ao direito de escolha e de contracepção das mulheres.
ResponderEliminarOs conservadores acreditam que as mulheres 'roubam' o emprego dos homens, e tomar medidas legais para que as mulheres fiquem à mercê de sua capacidade reprodutora, é o mesmo q condená-las a ficar em casa, pois mulheres que não podem gerir sua vida sexual e reprodutora é uma mulher presa a sua biologia. Além de manter os valores supremacistas dos homens contra as mulheres, esse ataque aos direitos reprodutivos, visa retirar mulheres do mercado de trabalho, para que sobrem vagas para os homens.
E sobrando um pouco mais de vagas para homens, o desemprego criado pelas crises capitalistas pode apaziguar a ansiedade masculina com a perda de seus empregos.
Outro aspecto dessa luta, visa ao medo racista que esses conservadores tem com a possibilidade dos EUA se tornarem uma páis de maioria mestiça. Sabe-se pelas estatísticas que as mulheres latinas e negras tem mais filhos do que as brancas e uma das formas para obrigar mulheres a parir, é restringindo o acesso aos contraceptivos. Não sei se vc já ouviu falar do Quiverfull, que é um movimento religioso que prega exatamente isso: que as mulheres não façam planejamento familiar e deixe que nasçam todos os filhos que o deus mandar e é claro, são famílias estruturadas totalmente em valores patriarcais, algumas inclusive na poliginia.
Eu vejo com preocupação essa onda hiper-conservador nos EUA, que acredito tenha se exarcebado com a eleição de Obama. Parece que nada mais impede que os conservadores tentem impor seus valores patriarcais, misóginos, homofóbicos e racistas.
o mundo está ficando conservador no que tem de pior:preconceito,odios raistas,a mulher a liberdade de amar etc...Tudo que o poder conservador teme perder para dominar.Vomo ganhasr com as guerras?impondo o medo,o valor patriarcal como modelo! Ler seus post é saber mais e assim saber como as coisas caminham.Criticas poderemos anular esta historia sinistra e perigosa que está se formando..Obrigado.abraço.
ResponderEliminarliv, obrigada pelo seu comentário, não posso estar mais de acordo.
ResponderEliminarobrigada ainda por publicitar este blog no seu espaço. Modéstia a parte, penso que o tipo de reflexão mais teórica a que me tenho dedicado é um insturmento importante para conduzir a luta contra a reação, esta tem de ser desmascarada também, eu diria principalmente, a nível dos pressuposto em que repousa, que lhe dão força e sobre os quais constroi slogans e pseudo argumentações.
abraço, adília