Vem este post a propósito de um artigo publicado aqui
por Nicholas D.
Kristof, no qual
o conhecido colunista rende as suas homenagens às religiosas católicas que,
diferentemente da hierarquia, prestigiam a Instituição e revitalizam a mensagem
do Evangelho.
Kristof
lembra que, de certo modo, as religiosas foram as primeiras
feministas da história, desempenhando profissões de prestígio, como enfermeiras,
diretoras de hospitais, escolas, etc., em épocas em que a generalidade das
mulheres nem sequer se atrevia a ultrapassar os limites domésticos rigorosamente
prescritos.
Hoje, muitas religiosas, nas mais diversas partes do
mundo, desafiam senhores da guerra, proxenetas e bandidos; pelo seu trabalho
devotado aos setores mais carenciados das populações contrabalançam as ações
pouco edificantes do alto clero que em flagrante contraste tentou esconder os
abusos sexuais de crianças, precisamente os seres mais vulneráveis, de entre os vulneráveis.
Neste
contexto não pode deixar de provocar perplexidade a atitude do atual papa que,
parecendo ignorar esta dimensão do trabalho das religiosas, pela voz dos seus
bispos, repreendeu recentemente as freiras norte-americanas acusando-as de se
preocuparem demasiado com os pobres e de não darem a devida atenção ao problema
do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo; isto é, estabeleceu prioridades mais do que duvidosas.
Kristof lembra
que Cristo, na sua mensagem evangélica não se cansou de abominar a pobreza e de
lutar pela justiça social e nunca se referiu explicitamente ao aborto ou à homosexualidade.
Será que afinal as freiras católicas estão mais próximas do cristianismo na sua
pureza original do que o papa Bento XVI? Pode bem acontecer!
Parece
todavia que o tiro saiu pela culatra porque esta reprimenda teve efeitos inesperados:
suscitou nos mais diversos lugares dos Estados Unidos uma onda de solidariedade
para com as organizações de religiosas.
Mary E. Hunt,
teóloga católica, exprimiu de forma veemente o seu repudio pela repreensão papal:
“Como se atrevem a perseguir 57 mil mulheres dedicadas cuja média de idade está
bem acima do 70 e que trabalham incansavelmente em prol de um mundo mais justo? Como é
que o mesmo homem que preside a uma igreja em desgraça devido a má conduta
sexual e à cobertura dada pelos bispos se atreve a distrair-se dos seus próprios
problemas, criando novos problemas às religiosas?”
As comunidades parecem ter percebido bem que as "irmãs"
estão onde está a dor e o sofrimento: nas ruas, junto dos pobres, dos doentes e
dos que morrem ao abandono e na solidão. É pois mais do que justa esta homenagem.
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