A associação,
sexo pecado e morte foi estabelecida pelos teólogos católicos da Idade média;
independentemente das motivações, esta estratégia serviu para reprimir o sexo e
controlar o amor erótico.
Agostinho de
Hipona, no século IV, lançou os alicerces da estratégia e construi a primeira tentativa
teológica de ligar elementos aparentemente tão diferentes; a conexão prevaleceu
durante séculos na doutrinação cristã e ainda hoje encontra pontos de ancoragem
na doutrina oficial da Igreja Católica bem como em igrejas fundamentalistas
protestantes.
Agostinho
elaborou uma interpretação sexualizada da história do pecado original; na sua versão,
a serpente tentou sexualmente Eva e esta por sua vez conseguiu que Adão tivesse
relações sexuais com ela, à revelia e contrariamente ao plano de Deus, que os
castigou condenando a sua prole à mortalidade; sexo, pecado e morte estariam assim
intimamente ligados: o sexo foi uma transgressão, representou desobediência a
Deus, um pecado capital, e a punição foi a morte.
Com esta
interpretação do pecado original, o sexo passava a estar na origem de todos os
males e de todos os pecados e, em simultâneo, Eva passava a ser aquela que
tinha tentado o homem e o tinha desviado da reta conduta.
A partir daí, a
atitude de hostilidade em relação a sexualidade tornava-se a nota dominante do
cristianismo; mas como a pulsão sexual era demasiado forte para ser suprimida, a
solução encontrada pela igreja para tolerar o intolerável foi regular o sexo e
procurar contê-lo nos limites do casamento monogâmico, orientado exclusivamente
para a procriação.
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