terça-feira, 29 de maio de 2012

Sexo, pecado e morte

A associação, sexo pecado e morte foi estabelecida pelos teólogos católicos da Idade média; independentemente das motivações, esta estratégia serviu para reprimir o sexo e controlar o amor erótico.

Agostinho de Hipona, no século IV, lançou os alicerces da estratégia e construi a primeira tentativa teológica de ligar elementos aparentemente tão diferentes; a conexão prevaleceu durante séculos na doutrinação cristã e ainda hoje encontra pontos de ancoragem na doutrina oficial da Igreja Católica bem como em igrejas fundamentalistas protestantes.
Agostinho elaborou uma interpretação sexualizada da história do pecado original; na sua versão, a serpente tentou sexualmente Eva e esta por sua vez conseguiu que Adão tivesse relações sexuais com ela, à revelia e contrariamente ao plano de Deus, que os castigou condenando a sua prole à mortalidade; sexo, pecado e morte estariam assim intimamente ligados: o sexo foi uma transgressão, representou desobediência a Deus, um pecado capital, e a punição foi a morte.

Com esta interpretação do pecado original, o sexo passava a estar na origem de todos os males e de todos os pecados e, em simultâneo, Eva passava a ser aquela que tinha tentado o homem e o tinha desviado da reta conduta.
A partir daí, a atitude de hostilidade em relação a sexualidade tornava-se a nota dominante do cristianismo; mas como a pulsão sexual era demasiado forte para ser suprimida, a solução encontrada pela igreja para tolerar o intolerável foi regular o sexo e procurar contê-lo nos limites do casamento monogâmico, orientado exclusivamente para a procriação.


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