Em Outubro de 2009, no Estado do Alabama, foi aprovada uma
lei que proíbe a venda de dildos, de vibradores e de qualquer outro instrumento designado para estimular os
órgãos genitais humanos.
Esta lei toma como suporte a
alegação de que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos não estabelece como
principio constitucional a liberdade sexual, que poderia ser uma espécie de análogo da liberdade de
discurso ou da liberdade de religião, essas sim consignadas constitucionalmente.
Reconhece-se que a liberdade
sexual não é um direito porque não está consignada na constituição; mas, ao
mesmo tempo que se proibe a venda destes instrumentos sexuais para uso privado e sem qualquer aparente contraindicação, toleram-se níveis inconcebíveis de
pornografia hard score, com base na liberdade de discurso constitucionalmente
estabelecida. Quer dizer, a pornografia é um discurso e não se pode proibi-lo
porque isso atentaria contra a liberdade de expressão do pensamento. Não está
mal apanhado, não senhor! Mas fica a impressão de que incidentes deste tipo são
bem o espelho de um país onde andam de braço dado poder tecnológico e estupidez
humana.
Ora o que é espantoso é que, num país onde a governação repousa na
separação entre Estado e Igreja, continua a ser a Igreja e as crenças
religiosas a definirem o que é moral e imoral e os legisladores desistem da sua
autonomia e submetem a legislação às crenças
religiosas.
Também no século XIX, nos Estados Unidos, cristãos evangélicos e charlatães da medicina alertavam para a
degradação que a prática da masturbação acarretava e avisavam os pais de que
deviam estar atentos pois de outra maneira os filhos estariam sujeitos a
debilidades, violência e confinamento em asilos para loucos, e as filhas
estariam sujeitas a doenças terríveis, vícios de fornicação e até prostituição.
Quer dizer a masturbação era um pecado porque contrariava o desígnio divino e para
dissuadir as pessoas de se lhe entregarem reforçava-se com o perigo que implicava.
Felizmente ainda não se lembraram
de interditar a venda de contracetivos porque aí a justificação é que se trata de
liberdade reprodutiva e não sexual. Também a conduta homossexual privada não é
proibida, com base no direito a não ser discriminado. Mas se as pessoas se descuidarem,
num movimento continuo e consistente, as forças da reação são capazes de lá chegar.
É que o obscurantismo não só não desaparece como tem tendência a reforçar-se e se
não dermos atenção é exatamente isso que acontece. As ervas daninhas não precisam
de ser cultivadas, crescem espontaneamente.
Estupidez, estupidez y estupidez humana. A este paso, Adilia, dirán que es pecado que una mujer escriba este tipo de artículos. Mejor no pensarlo.
ResponderEliminarSaludos.
Oi Henrique
ResponderEliminarA este paso, já dizem que é pecado, se calhar por isso é que as mulheres continuam a estar conspicuamente ausentes quando o assunto é sexo e até evitam mesmo comentar. Mas pecado ou não ainda há alguma garantia de liberdade de discurso, não sabemos é até quando.
abraço, adília
Os conservadores americanos, capitaneados pelo Tea Party estão em luta contra as mulheres em todos os estados governados pelos republicanos. Estão sendo aprovadas leis para cercear a liberdade das mulheres e são tantos os ataques que já se deu nome a isso: war on women. Aprovam leis para dificultar o aborto e atacam o Planned Parenthood e as igrejas católica e protestantes não querem cobrir contraceptivos para suas funcionárias, leis que protegem vítimas de violência doméstica estão sendo revistas e fundos diminuídos e tem até quem esteja defendendo redefinições para estupro.
ResponderEliminarOs homens não se cansam nunca de odiar e violar as mulheres em seus direitos pela manutenção do patriarcado. É um fato.