quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Juventude e beleza são importantes - mas só para as mulheres


Juventude e beleza são importantes - mas só para as mulheres!
Esta afirmação é mais do que comprovada, se conhecermos alguns dados relativos a atrizes e atores de filmes de Hollywood. Para encontrar papéis principais, as mulheres tem de ser belas, jovens e esbeltas. Em contrapartida os galãs continuam a ser galãs, mesmo quando se aproximam ou mesmo excedem os cinquenta, os casos são tantos que quase não seria preciso enumerá-los, mas não se resiste a apontar, a título de mero exemplo, George Clooney, Richard Gere, Harrison Ford, Robert de Niro, ou ainda Robert Redford, este último em idade bem avançada.

Para eles, as rugas, os cabelos grisalhos e a flacidez são sinal de distinção, para elas, de exclusão. E, o que é mais, continuam a contracenar com jovens atrizes que podiam ser suas filhas ou às vezes … netas.

Depois dos quarentas não há lugar para as mulheres na meca do cinema, pelo menos no que toca a papéis principais; assim, enquanto os espectadores do sexo masculino se podem identificar com “heróis” de cabelos brancos, barriga próspera e idade madura, as mulheres estão condenadas a fazerem os possíveis e impossíveis, numa tentativa tão desesperada quanto caricata, para se aproximarem das jovens esbeltas, lindas e jovens que lhes apresentam como modelo exclusivo.

Atrizes notáveis deixam de ter papéis; em contrapartida atores medíocres continuam a “vender” bem. Em 2009 a revista Spike publicou os nomes de atrizes que teriam passado o prazo de validade; agora, reparem, a lista inclui nomes como os de Nicole Kidman (43), Sarah Jessica Parker (45), Cameron Diaz (38), e Julia Roberts (43).

Este escandaloso tratamento diferencial de homens e mulheres ao nível do cinema é mais um sintoma do sexismo ainda reinante e mostra bem o mau negócio que a preocupação excessiva com a aparência representa para as mulheres, preocupação essa que afinal, bem vistas as coisas, lhes é imposta socialmente, embora também tenha de se reconhecer que muitas ficam de tal modo deslumbradas que não conseguem resistir-lhe, sem perceberem que, passados os anos áureos, só lhes resta a apagada e vil tristeza dos lugares menores e de uma certa forma de inexistência.

 

 

domingo, 9 de setembro de 2012

Sexo, Amor e Romance nos Mass Media

Mary-LouGalician, autora de Sex, Love and Romance in the Mass Media, considerou que os mass media têm inculcado nas pessoas uma série de ideias feitas acerca do amor, autênticos mitos românticos. O problema mais grave com estes mitos é que, embora muitas pessoas os reconheçam enquanto tal, numa estrutura mais profunda do seu psiquismo “acreditam” neles e, assim, quando as expectativas irrealistas que eles veiculam chocam com a dura realidade preferem desistir dessa realidade a desistirem deles.
Apresento a seguir essas crenças que, embora tão caras e confortáveis, deveríamos escrutinar criticamente:

1. O amor à primeira vista existe realmente.

2. Quem ama adivinha aquilo que a pessoa amada pensa ou sente, mesmo que ela não verbalize.

3. Se houver amor, o sexo não vai constituir qualquer problema, será sempre maravilhoso.

4. O homem não deve ter estatura, idade, riqueza inteligência ou saber inferior a companheira.

5. Se uma mulher amar verdadeiramente um homem pode mudar o caráter deste para melhor, pode transformar um “bruto” num “príncipe”.

6. Um homem não espera que a mulher pareça um “ícone sexual”.

7. O que é preciso é haver amor, as diferenças de valores e de opiniões não importam.

8. O verdadeiro companheiro completa a amada, satisfazendo as suas necessidades e permitindo que os seus sonhos se tornem realidade.

9. Na vida real os atores são muitas vezes parecidos com os carateres românticos que personificam.

10. Dado que os retratos de romance dos mass media não são reais eles não nos afetam.

Se você espera isto do amor e subscreve algumas ou todas estas crenças, está na altura de parar para pensar!

domingo, 2 de setembro de 2012

Shulamith Firestone - uma mente brilhante

Morreu Shulamith Firestone (1945-2012), feminista radical, que na década de setenta, com apenas vinte e cinco anos, publicou a Dialética do Sexo.

Há muito que Firestone estava afastada da vida pública, vítima de perturbação mental, provavelmente agudizada pelas incompreensões que um trabalho tão revolucionário suscitou. O que sabemos e sabemos muito pouco, é que após a publicação se retirou do convívio dos mortais para acabar em fins de Agosto de 2012 por ser encontrada morta no apartamento onde residiu durante três décadas. Morreu como viveu, sozinha, solitária e totalmente incompreendida por homens mas também por mulheres que não lhe perdoaram ter denunciado como fonte de opressão aquilo que, apesar de todos os desconfortos, consideram ser o alicerce das suas vidas: a família nuclear heterossexual.

Em A Dialética do Sexo concebe uma utopia que libertaria as mulheres da opressão a que desde tempos imemoriais têm estado sujeitas. Mas as suas ideias, muitas das quais parecem corretas e pertinentes, constituíam então, como aliás ainda hoje, uma verdade inconveniente e como tal foram mais ou menos deturpadas e sobretudo silenciadas. Firestone está a milhas de distância do politicamente correto, não advoga compromissos, não acredita em panos quentes e assim, mesmo para muitas feministas, é uma voz incómoda. Mas de qualquer modo é a voz de uma mulher que, dotada de uma mente brilhante, esteve à frente do seu tempo.

Como se pode constatar, a grande maioria dos blogs, mesmo os de vocação feminista, nem sequer deram a notícia do seu desaparecimento, o que prova bem o poder das ideias e o receio de que afinal estas também sirvam para mudar o mundo, se forem devidamente divulgadas e assimiladas. Neste meu blog já dediquei vários textos à divulgação do pensamento de Firestone, mas o caso é isolado, não tem audiência que preocupe quem quer que seja, e até serve para mostar que afinal há pluralismo informativo.