Juventude e beleza são importantes - mas só para as mulheres!
Esta afirmação é mais do que comprovada, se conhecermos alguns dados
relativos a atrizes e atores de filmes de Hollywood. Para encontrar papéis
principais, as mulheres tem de ser belas, jovens e esbeltas. Em contrapartida
os galãs continuam a ser galãs, mesmo quando se aproximam ou mesmo excedem os
cinquenta, os casos são tantos que quase não seria preciso enumerá-los, mas não
se resiste a apontar, a título de mero exemplo, George Clooney, Richard Gere, Harrison
Ford, Robert de Niro, ou ainda Robert Redford, este último em idade bem avançada.
Para eles, as rugas, os cabelos grisalhos e a flacidez são sinal de
distinção, para elas, de exclusão. E, o que é mais, continuam a contracenar com
jovens atrizes que podiam ser suas filhas ou às vezes … netas.
Depois dos quarentas não há lugar para as mulheres na meca do cinema, pelo
menos no que toca a papéis principais; assim, enquanto os espectadores do sexo
masculino se podem identificar com “heróis” de cabelos brancos, barriga
próspera e idade madura, as mulheres estão condenadas a fazerem os possíveis e
impossíveis, numa tentativa tão desesperada quanto caricata, para se
aproximarem das jovens esbeltas, lindas e jovens que lhes apresentam como
modelo exclusivo.
Atrizes notáveis deixam de ter papéis; em contrapartida atores medíocres
continuam a “vender” bem. Em 2009 a revista Spike publicou os nomes de atrizes
que teriam passado o prazo de validade; agora, reparem, a lista inclui nomes
como os de Nicole Kidman (43), Sarah Jessica Parker (45), Cameron Diaz (38), e
Julia Roberts (43).
Este escandaloso tratamento diferencial de homens e mulheres ao nível do
cinema é mais um sintoma do sexismo ainda reinante e mostra bem o mau negócio
que a preocupação excessiva com a aparência representa para as mulheres,
preocupação essa que afinal, bem vistas as coisas, lhes é imposta socialmente,
embora também tenha de se reconhecer que muitas ficam de tal modo deslumbradas
que não conseguem resistir-lhe, sem perceberem que, passados os anos áureos, só
lhes resta a apagada e vil tristeza dos lugares menores e de uma certa forma de
inexistência.