domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sexo, poder e agressividade


De Flávio Gikovate parece-me interessante o livro: “A Libertação Sexual: rompendo o elo entre o sexo, o poder e a agressividade”. De entre aqueles que recentemente têm refletido sobre sexo, eis-nos perante um dos poucos que abandona o tipo de análise politicamente correta para ir ao cerne das questões, mostrando que, afinal, como diz o ditado, “o rei vai nu” e que a tão propalada revolução/emancipação sexual está muito perto de mais uma mistificação, cujo propósito terá sido o de “mudar alguma coisa para que tudo pudesse ficar na mesma. 

A ligação sexo, poder e agressividade continua presente na relação heterossexual, genericamente falando, e sobretudo nas práticas sadomasoquistas que “alguém” parece querer revitalizar, vide a publicidade do filme mais recentemente badalado.

Diz Gikovate, citando Ortega y Gasset, que, sendo uma das capacidades mais importantes da inteligência humana a de dissociar, está mais que na hora de dissociar sexo de agressividade. Todavia essa dissociação só será possível a partir do momento em que os justos, que constituem uma minoria de pessoas, se sobrepuserem aos generosos e aos egoístas. Repare-se que Flávio Gikovate está a ir contra o senso comum que tem a tendência a associar generosidade a justiça; ora não é preciso nem desejável que haja generosos porque são estes que alimentam os egoístas; o que é preciso é que haja pessoas justas e um princípio básico de justiça é o de respeitar a autonomia, logo a liberdade de cada um. Deste modo, a velha, consolidada e alimentada propensão das mulheres para serem generosas – masoquistas - (a fim de agradarem aos mais poderosos: pais, irmãos, filhos, maridos), é aquilo que alimenta o egoísmo dos sádicos que tiram prazer do domínio que têm sobre elas, julgando-se fortes na justa medida em que conseguem exercer esse poder.

Por tudo isto, as mulheres precisam começar a gostar de si mesmas, a satisfazerem os seus legítimos direitos, nomeadamente o direito a serem autónomas, nos vários domínios das suas vidas e, particularmente, no domínio da autonomia sexual.


Será importante que não deixem que as coisas lhes aconteçam. Mas que façam as coisas acontecerem! Todavia, não esqueçam que, embora a liberdade seja poder para se autodeterminarem, as escolhas que venham a fazer não são neutras, não têm todas o mesmo valor pois há escolhas que podem limitar a  liberdade da pessoa humana.

17 comentários:

  1. As teóricas do feminismo radical, indicam que abolindo-se o gênero e seus papéis estéreotipados do que é ser mulher, surgirá daí um ser humano mulher onde os traços de personalidade impostos pelo patriarcado, como a generosidade masoquista, por exemplo, que é consequencia direta da inferioridade que nos é atribuída, não terá mais razão de ser e aí, as mulheres terão desconstruído toda a base onde o patriarcado se funda: a submissão, a inferioridade, a hierarquia, a violência e etc...

    Mudando um pouco o foco, tenho assistido a uma polêmica com feministas radicais e feministas liberais e ativistas do movimento transgênero no exterior e que anda respingando aqui no Brasil.

    Cito o caso de uma universidade americana que aboliu a encenação anual dos Monólogos da Vagina, porque os transativistas consideraram que o monólogo era ofensivo aos transgêneros que mudaram de homens para 'mulheres' e não possuiam vaginas. Ao ler o seu texto, fiquei pensando na expressão 'generosidade masoquista' que parece acometer as mulheres (uma das teóricas radicais, atribui a essa complacência, o fato de nós mulheres sofrermos de uma sindrome de estocolmo crônica) e notadamente as feministas liberais que para atender às expectativas dos transativistas tem reiteradas vezes cedido espaço no movimento feminista e na academia, como se não bastasse ainda hoje ser extremamente patriarcal, para que pautas do movimento transgenero ganhem destaque, em detrimento de pautas relativas ás mulheres. O caso dos monólogos é bem ilustrativo disso.

    Eu sempre acreditei que o feminismo é um movimento de mulheres, com mulheres e para mulheres e não acho conveniente que o movimento transgênero invada o feminismo com suas pautas que não são as mesmas das mulheres.

    Sou a favor que el@s lutem por seus direitos, mas o feminismo é por nossos direitos. Mas hoje, se vc se manifesta neste sentido, é logo acusada de transfobia e alijada de qualquer discussão pelas feministas liberais e transativistas.

    Inclusive, feministas radicais tem sido perseguidas e impedidas de participar de palestras ou encontros se ousaram se manifestar contra as teorias queer/trans. Não entendo como o feminismo pode ser contra mulheres. Não consigo entender, porque para se autoafirmarem no seu gênero adquirido, os transativistas tem que insistir na sua inserção nos poucos espaços de mulheres que existem no mundo.

    Acredito que eles devem se organizar nos seu movimento e deixar o feminismo para as mulheres.

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    1. o que é queer e trans?

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    2. Glossário https://arttemiarktos.wordpress.com/2015/02/12/glossa%C2%81rio/

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    3. só sei que,lendo isso,mais uma vez me convenso de que se nós não atacarmos mulheres machistas e feministas de araque,nunca vamos vencer essa luta...

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  2. Sou homem e confesso que estou adorando esse blog. É uma leitura que liberta o homem do peso do papel de opressor. Sim, porque o exercício da opressão é ruim, pelo menos para aqueles que tem um mínimo de nobreza de caráter. Parabéns a quem escreve os artigos, pois estão sendo de grande valia para mim e espero que auxilie muitos homens a se libertar desse papel desgraçado que a sociedade lhes impõe.

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  3. Alexandre, obrigada pelo seu comentário e sobretudo por perceber que esta luta é de mulheres e de homens e não de umas contra outros.
    abraço, Adília

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    1. "umas contra outros"....olha aí a prova da síndrome de Stokolmo!! basta um homem chegar aqui e ser gentil que imediatamente todos as violências machistas praticadas pelos homens de uma forma geral somem,e todos se transformam em aliados,ao invés de exigirmos punição para aqueles que nos destroem!
      Homens não querem que fiquemos contra eles mas eles não páram de nos oprimir,nos violentar,nos destruir.Um ou poucos reconhecendo isso não abona os demais.
      Admiro muito essa anônima( que tenho certeza que á a Artêmia) por ser a única feminista que realmente pensa e reconhece essa situação.

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    2. para a ultima comentadora, desculpe mas não tenho pachorra para fundamentalismos seja de que espécie forem. Claro que o machismo ainda impregna as nossas sociedades e mesmo as vezes as nossas ((femininas ) mentes. mas tal não impede de considerar que o que importa é denunciar o sistema e não atacar os homens em geral por se aproveitarem dele, nas mesmas circunstancias não sei o que você faria, mas posso imaginar. Além do mais o seu comentario é indelicado e injusto porque desafio-a a referir outros blogues que tenham por objetivo desconstruir e desmistificar situações de opressão sexista como este.
      Adília

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    3. ai ai...é por causa dessa gente que tão baixo intelecto que não deseja justiça para as mulheres que o feminismo está falido e é alvo de piada.Imagino o que a autora faria se fosse vítima de violência masculina já que alega que homem agressor não deve ser punido nem ao menos atacadao...aí depois ficam dando faniquito por causa de piadas de estupro...tá legal!! vamos fazer uma coisa colega,se for estuprada ao invés de dar queixa,tente entender o pobre homem que não se controlou e te fez essa violência ok? Afinal,são todos "uns pobres coitados inocentes" que não ajudam em nada esse sistema cruel não é,amiguinha?

      Depois quem é indelicada e injusta é quem reclama da falta de empatia que muitas "feministas" tem com as vítimas de violência masculina.Já estou me convencendo que vocês são todas loucas ( tanta contradição só pode ser esquisofrenia) e em nada nos defendem ou ajudam,

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    4. e agora notei que nem ler direito vc sabe,olha o que escrevi:


      Homens não querem que fiquemos contra eles mas eles não páram de nos oprimir,nos violentar,nos destruir.Um ou poucos reconhecendo isso não abona os demais.
      Admiro muito essa anônima( que tenho certeza que á a Artêmia) por ser a única feminista que realmente pensa e reconhece essa situação.

      ou seja,não passa de mais uma feminista ( se é que é uma) que toma conta de homem,ou seja,seu desejo de atacar outra mulher é tão grande ,seu desejo de proteger e defender os homens é tão grande,que vc passa por cima de tudo.Éis mais misógina do que imagina ser minha amiga....e mais uma vez não importa o quanto eles nos matam,nos violentam,tem sempre "feminista" os defendendo,e uma meia duzia não fazendo violência,não abona os demais.Vamos ver se agora vc entende.

      Apontar machismo nos outros é fácil....reconhecer o seu próprio...bom,nem preciso falar mais nada....

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    5. Não sei onde ela está abonando os demais ou fazendo esse papel caricato que vc descreveu só porque foi simpática com um leitor. Gostaria de saber como você vive com seus amigos e parentes, se vomita tudo isso em todos que passam na sua frente por serem "complacentes" com o machismo. Ou só faz isso na internet porque é fácil atacar as próprias feministas por não serem as super-heroínas racha-macho que vc espera? A autora só quis mostrar que acolhe o leitor, e se você quiser problematizar a frase, faça com argumentação e respeito a todos que estão acompanhando o blog, e não ataques de ódio.

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    6. Ser simpática não é ser generosa?!?!?! Ah, me poupe!

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    7. Lígia,quando vc siofrer violência masculina ou algum machismo te ameaçar de estupro na internete ,quvamos ver se esse seu argumentozinho vai ser eficiente,ainda mais quando a polícia alegar que não.

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  4. Não vou responder, se não percebe, não percebe, mas vou avisando que não vale a pena da sua parte continuar com comentarios porque nesse caso nao me resta alternativa senão deletar.

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    1. Que lindo de sua parte silenciar mulheres dona feminista,isso meso,continue fazendo o trabalho do patriarcado,ainda mais numa era de transativismo algando que mulher deve ser assasinada se falar em vagina.

      Acha mesmo que eles tem pena de nós? Acha mesmo que educá-los,acolhe-los tevai fazer magicamente que eles se toquem e parem de nos destruir?

      Feministas que nem vc ajudaram a dar forças a uma misoginia insana,que vem até criabndo lobby para pedofilia;hoje falar de mestruação e vagina na web é "tranfobia".Vai continuar com essa "penhinha" de macho??

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  5. Acho que deveríamos gastar menos tempo culpabilizando as mulheres mas já vi que esse é o forte do blog. Por isso atraí tanta gente que reproduz o discurso insano de que a culpa do machismo é da própria mulher. Mais um pouco nos coloca como criadoras e responsáveis por ele! Sério? Cansei!

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    1. filhinha,me diga como vamos destruir o patriaracdo se a mulher o reforça e até o defendfe? quem é insana??vc além disso é igniorante.Vitimismo e maniqueismo não nos leva á porra nenhuma.

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