Podemos começar com Aristóteles - o homem que inventou a ciência - para percebermos que afinal a ciência também tem sexo e este é masculino.
Na opinião do conceituado filósofo, a mulher carecia de qualquer coisa, era uma deformidade da natureza, acusava uma deficiência: a fêmea humana não tinha calor suficiente para transformar o sangue menstrual em sémen; desse modo, o seu contributo para a concepção era diferente do do homem num sentido que nitidamente a inferiorizava: o homem contribuía com o sémen, mas a mulher limitava-se a fornecer o receptáculo no qual o novo ser se ia desenvolver, e o sangue menstrual tinha apenas valor como elemento nutritivo. Na terminologia aristotélica, o homem fornecia a forma e a causa eficiente, a mulher, apenas a causa material. Aristóteles, todavia, não ficava por aqui e mimoseava as mulheres com outras pérolas de misoginia; afirmava que «a coragem de um homem reside no comando, a da mulher na obediência»; e que «a matéria está para a forma, como a mulher para o homem e o feio para o belo.
Na opinião do conceituado filósofo, a mulher carecia de qualquer coisa, era uma deformidade da natureza, acusava uma deficiência: a fêmea humana não tinha calor suficiente para transformar o sangue menstrual em sémen; desse modo, o seu contributo para a concepção era diferente do do homem num sentido que nitidamente a inferiorizava: o homem contribuía com o sémen, mas a mulher limitava-se a fornecer o receptáculo no qual o novo ser se ia desenvolver, e o sangue menstrual tinha apenas valor como elemento nutritivo. Na terminologia aristotélica, o homem fornecia a forma e a causa eficiente, a mulher, apenas a causa material. Aristóteles, todavia, não ficava por aqui e mimoseava as mulheres com outras pérolas de misoginia; afirmava que «a coragem de um homem reside no comando, a da mulher na obediência»; e que «a matéria está para a forma, como a mulher para o homem e o feio para o belo.
Alguns séculos depois, Galeno, atribuía o estatuto social inferior da mulher à sua natureza, uma natureza mais fraca que a predispunha para a submissão.
Na época moderna, Harvey reconheceu que a mulher contribuía com o óvulo para a concepção e desse modo rebateu Aristóteles, mas mesmo assim concedia que o papel do homem era superior. Na mesma época, Descartes, o criador da filosofia moderna, afirmava que era o sémen masculino que dotava o novo ser de alma.
No século XIX, as proclamações da ciência sobre a natureza das mulheres ganharam todo um outro impacto em virtude do prestígio que a ciência adquiriu ao pretender basear as suas conclusões em observações e experiencias rigorosas. Passou a ser uma autoridade que ninguém se lembrava de contestar, e tornou-se o novo ídolo e a nova religião. Novas ciências surgiram, entre as quais a biologia e a psicologia vão ocupar um lugar de destaque, mas também a sociologia e a antropologia. A teoria evolucionista de Darwin forneceu muito naturalmente o enquadramento teórico no qual as diversas ciências se dispuseram a trabalhar. Darwin enfatizava a desigualdade sexual com base em naturezas diferentes e considerava que a situação das mulheres não era problemática.
Nos nossos dias, a sociobiologia e a psicologia evolucionista procuram não desmerecer esta ilustre e antiquíssima tradição e, ao enraizarem determinadas praticas sociais na biologia, transformam o sexismo numa inevitabilidade.
Como podemos ver, apesar de toda a ‘objetividade’ todo o cuidado é pouco pois os factores culturais desde sempre contaminaram os produtos científicos e confirmaram frequentemente a visão do mundo e da vida que favorece certos setores da sociedade em detrimento de outros.