Todas as pessoas têm necessidade de amor e de calor humano; quando essa necessidade é canalizada para o sexo genital, como se este fosse o único objeto capaz de a satisfazer, falamos em erotismo. Ora, há uma diferença de fundo entre o modo como os homens exprimem o erotismo e o modo como as mulheres o vivem. Os homens desejam as mulheres e nesse sentido comportam-se como sujeitos eróticos; as mulheres desejam ser desejadas pelos homens e nesse sentido percebem-se a elas próprias como objetos eróticos. Assim, enquanto os homens vivem ativamente a sua sexualidade, para uma mulher a sexualidade consiste em ser sexy, em ser sexualmente atraente.
Nas mulheres, e falamos na generalidade dos casos, a sexualidade não exprime um desejo autónomo dirigido para um “objeto” exterior; as mulheres não se assumem como sujeitos dotados de sexualidade e esta atitude é ao mesmo tempo o sintoma de uma situação objetiva de dependência e de subordinação em relação aos homens e o reforço dessa mesma subordinação.
Se, nas mulheres, a sexualidade é a expressão da sua dependência e subordinação percebe-se por que é que usam o sexo para tentar reverter a situação, enquanto arma para “prender” o homem. O curioso ainda é que, uma vez atingido esse objetivo, é frequente desinteressarem-se do sexo.
Este paradoxo é resolvido se percebermos que não se entregam ao sexo pelo prazer que este lhes possa dar, mas como meio para atingir outra coisa, e, nesse processo, estão mais interessadas em agradar ao homem do que em que este lhes agrade. Uma vez atingido o objetivo, uma vez “laçado” o homem, o sexo é descartado como mercadoria sem valor e surgem as tão badaladas, quase anedóticas, dores de cabeça, ou as desculpas com as crianças que absorvem, diz-se, toda a sua energia pela atenção e cuidados que requerem.
Estes são alguns equívocos da vivência da sexualidade pelas mulheres e enquanto não forem encarados com realismo, não se afigura que sejam possíveis grandes progressos na sua emancipação sexual.
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