Gisele Bundchen é uma jovem mulher do século XXI, mas a darmos créditos às suas afirmações e ao seu estilo de vida é de supor que para ela os três papéis apropriados para «a verdadeira mulher» sejam os de mãe, esposa e objecto decorativo, que ela se vangloria de desempenhar exemplarmente, ficando aliás com a fama, mas também com o proveito.
O texto a seguir explica melhor estas opções:
«Segundo Kate Millet, apenas três papéis têm sido tradicionalmente apropriados para as mulheres na nossa sociedade: o papel da mãe, o da esposa e o papel decorativo (apenas possível, incidentalmente, para as mulheres quando são jovens). Quem quer que não se ajuste em nenhum destes papéis é atirada para a categoria remanescente: a puta, o estupor. As carreiras que são consideradas mais apropriadas para as mulheres são precisamente aquelas que aparecem como extensões naturais destes três papéis aprovados. Trabalhar com crianças, com deficientes ou pessoas idosas, em alguma capacidade de cuidadora, é uma extensão óbvia do papel de mãe. Mulheres que funcionam como investigadoras associadas, secretárias, técnicas de laboratório ou assistentes durante toda a sua vida estão também a desempenhar o papel semelhante ao da esposa para os homens que servem. E mulheres cuja feminilidade é o seu valor de troca mais forte são objectos decorativos.» ( Sheilla Tobias, Faces of Feminism).
Kate Millet publicou Sexual Politics em 1969, mas, infelizmente, a sua análise ainda hoje, quatro décadas volvidas, é pertinente, como as proclamações retóricas da G.B. o demonstram. Depois não me venham dizer que estamos numa época post-feminista e que o feminismo é coisa do passado.
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