domingo, 1 de agosto de 2010

Antifeminismo na era Reagan


Em 1980, Ronald Reagan, ex-actor de filmes de segunda categoria, foi eleito Presidente dos Estados Unidos; com ele no comando (1981-1989), tudo foi tentado para que a América voltasse ao «glorioso» passado da ordem, da autoridade e dos valores tradicionais.


Com Reagan, reconhecidamente adverso do movimento feminista, fez-se passar a ideia de que as mulheres já tinham adquirido plena igualdade e que então a América se encontrava numa era post-feminista. Partindo desta premissa mais que dúbia tratou de se desmantelar todos os «institutos» que protegiam as mulheres, tais como o sistema de quotas ou a atribuição de fundos estatais para serviços de apoio às mães e às famílias, nomeadamente aos sectores mais desfavorecidos da população.


Uma das primeiras medidas legislativas, apresentada assim que Reagan chegou ao poder, proposta pela Nova Direita, foi o projecto de Lei de Protecção a Família com o qual se pretendia anular de uma assentada as conquistas alcançadas pelo movimento das mulheres.


A lei, tão estranhamente baptizada, acabou por não ser aprovada, mas, para ficarmos a fazer uma ideia da sua natureza e alcance, basta lembrar que, entre outras coisas, proibia a educação mista nas escolas bem como em actividades desportivas; recusava fundos a escolas que utilizassem manuais nos quais as mulheres aparecessem em papéis que não os tradicionais; propunha que o casamento e a maternidade fossem apresentadas no curriculum escolar como as carreiras que as meninas deveriam seguir; e visava eliminar fundos estatais para centros de apoio a vítimas de violência sexual, bem como a protecção do Estado a mães solteiras. Pela positiva, se é que podemos assim falar, previa isenções fiscais para as famílias em que a mulher não trabalhasse fora de casa, num claro convite ao restabelecimento da família tradicional com maridos provedores e mulheres domésticas. Como se pode ver um programa completo para fazer a história andar para traz.


Se o específico programa proposto na Lei de Protecção à Família não foi bem sucedido o mesmo não aconteceu com outras medidas posteriormente aprovadas e sobretudo alcançou-se com ele o objectivo pretendido: evitar que as feministas sequer ousassem apresentar novas reivindicações tão ocupadas estavam a evitar que o que tinham alcançado lhes fosse retirado.

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