quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Sexo anal - coerção e pornografia

“Um estudo sobre as razões que levam casais adolescentes heterossexuais a envolverem-se em sexo anal veio a revelar um clima de coerção, em que nem sempre o consentimento e a mutualidade constituem prioridade para os rapazes que tentam persuadir as raparigas a experimentá-lo.
Investigadores da London School of Hygiene and Tropical Medicine entrevistaram 130 adolescentes com idades entre os 16 e os 18 em três regiões diferentes do país para “explorar as expectativas, experiências e circunstâncias do sexo anal entre pessoas jovens".
O estudo qualitativo constatou que o sexo anal hetero apareceu como ”doloroso, arriscado e coercivo, particularmente para as mulheres”  enquanto os homens falaram em ser espectável que persuadissem ou coagissem as suas relutantes parceiras.
O estudo publicado no BMJ Open diz “A prevalência do sexo anal está a aumentar entre os jovens, todavia as relações anais entre homens e mulheres – embora vulgarmente descritas nos media sexualmente explícitos – estão normalmente ausentes da educação sexual mainstream e em muitos contextos sociais nem sequer são mencionadas.”
Considera-se que o sexo anal coercivo, doloroso e não seguro, normalizado por alguns pessoas jovens, é um assunto que precisa de ser objeto de atenção por trabalhadores da área da saúde e das escolas na educação sexual.
(…) As pessoas entrevistadas raramente falam de sexo anal em termos de exploração mútua do prazer sexual, e os preservativos são raramente usados.
Parece haver competição entre os rapazes para terem sexo anal com as raparigas, ao mesmo tempo que a principal razão citada pelos jovens para praticarem sexo anal é que os rapazes querem copiar o que vêem na pornografia e é “mais apertado”.

Destes considerandos podem tirar-se algumas conclusões:

  • Está aumentar a prevalência do sexo anal nos casais hétero adolescentes e jovens;
  • As raparigas são “persuadidas” ou mesmo “coagidas” pelos companheiros;
  • Os jovens são persuadidos ou “coagidos” pela pornografia.
  • Está a pretender-se normalizar o sexo anal quando de facto se tata de uma prática dolorosa e pouco segura para as raparigas.
  • As raparigas parece não terem poder “negocial” nem opções, por isso pergunto: Onde está a revolução sexual? Onde está a capacidade das jovens e das mulheres se auto determinarem sexualmente?

5 comentários:

  1. Também me pergunto a mesma coisa, minha cara. Que revolução é esta, que igualdade é essa, se esposas e namoradas são coagidas, abusadas, estupradas; não têm direito ao próprio corpo, a decidir sobre questões reprodutivas, a andar nas ruas sem medo. Igualdade uma ova. E tantas de nós achando que chegamos lá. Que já podemos voltar para a cozinha e brincar de casinha.

    Queria teu email, para te enviar uma mensagem privada. Poderias me enviá-lo?
    Abraços
    Nicole

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  2. De facto, Nicole, vou tentar explorar este tema da pretensa revolução sexual porque há muita mulher e sobretudo muitos homens que julgam que já está tudo feito e que as mulheres tem liberdade sexual e às vezes são homens que se pretendem liberais, igualitários, etc.
    Quanto ao email é: adilia1641@hotmail.com.
    abraço, Adília

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  3. Penso que podemos extrair um outro significado deste verdadeiro culto ao sexo anal que atuallmente vemos nas midias, que inclusive vem pregando ate a aceitacao de um 'novo' padrao de beleza, o das mulheres curvilineas, como a celebridade americana Kim Kardashia. Durante as decadas onde o feminismo implementou varias conquistas de direitos para as mulheres duas reacoes do reacoes do status quo patriarcal se tornaram evidentes: uma foi a imposicao do corpo magro e a obcessao de obte-lo atraves de dietas e exercicios; significando que as mulheres enquanto ocupavam e reivindicavam mais espaco na sociedade, deveria ter esse mesmo espaco reduzido no seu corpo; e a outra reacao foi a pornografia ter se tornado mainstream e imposto um modelo de sexualidade aviltante para as mulheres que foram reduzidas a buracos e submetidas a todo tipo de humilhacoes e torturas e sendo a submissao seu traco naturalizado. O sexo anal me parece nao so uma maneira mais contundente de naturalizar a submissao, como tambem a dor, o sofrimento. Explico: se n se tomar cuidados e as vezes, ate tomando, a pratica sexual anal deriva em dor e tambem em ferimentos, entao o estimulo a essa pratica significa que as mulheres tem que se submeter ao sofrimento para o prazer madsculino (submissao + masoquismo) para com isso, moldar o psiquismo feminino a internalizar que os homens sempre mandam e as mulheres sempre obedecem, mesmo que isso lhes cause desconforto,que e claro, deveser ignorado, pois o que o homem quer sempre deve ser mais importante para a mulher. Outro significado, e' desvalorizar o nosso orgao sexaul, sempre invisibilizado e tratado como esquisito e possuindo odores estranhos. O culto ao sexo anal, se presta a muitos significados, preconizando a submissao, o masoquismo nas mulheres e o sadismo nos homens e a inadequacao do orgao sexaul feminino ao ato sexual por nao ser tao apertado quanto o anus. Inclusive existem praticas na pornografia maisntream que servem ate' ao racismo sexista, pois colocam em cena homens negros de grandes penis penetrando mulheres brancas com violencia no anus.... Hoje sexo anal virou uma obrigacao etenho certeza que a maioria das mulheres que o tem praticado e' sob coacao e para atender as expectativas sadicas dos homens que querem arrombar (uma expressao muito usada para se referir ao ato sexual no anus , por causa da dificuldade de penetracao), as mulheres para exercerem seu poder, mostrar o lugar de submissao que as mulheres devem internalizar e manter as divisoes sexuais patriarcais intactas.

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  4. Seu comentário é muito esclarecedor e concordo inteiramente com tudo o que disse, gostaria de a conhecer melhor, não tem blog ou outro meio de contacto?
    penso que seria extremamente útil que as mulheres tomassem consciencia da importância do modelo de sexualidade que adotam ou que são impelidas a adotar porque de facto, como digo em outro post a sexualidade é aprendida e o modelo seguido tem tremendas consequencias para autonomia, valor e auto imagem das mulheres. Pena é que, sobretudo as mais jovens, continuem a querer agradar aos homens em vez de quererem agradar a si mesmas.
    Voce também deveria ecrever um blog e se me der licença, eu faço ligeiras alterações ao seu texto, sobretudo em termos de expressão linguistica e publico como um post do meu dando-lhe o devido credito; iria ainda propor que outras pessoas publiquem também esse mesmo texto.
    abraço, Adília

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  5. Não possuo blog. E pode publicar o texto e fazer as modificações que achar necessárias. Quanto ao crédito, meu nome é Rosalinda Ramos. Obrigada. Abraço.

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