Quando iniciei este blog não me passava pela cabeça que me iria ocupar tão extensivamente com temas relacionados com a sexualidade. Pensava mesmo que poderia passar à margem deles e focar-me em outras situações que objectivamente prejudicam e maltratam as mulheres. Mas à medida que fui progredindo e lendo diferentes textos, comecei a sentir que iria ser impossível não entrar num tema, em que ainda por cima me sentia bastante ignorante; esta convicção foi reforçada quando encontrei uma referência de Catharine Mackinnon, segundo a qual:
«A sexualidade está para o feminismo como o trabalho está para o marxismo, constituem aquilo que mais intimamente nos pertence, mas de que mesmo assim mais somos espoliad@s.»
Esta declaração deu-me que pensar, sobretudo no que tem a ver com a sexualidade feminina. É que em boa verdade, o que existe é sexualidade masculina que fornece o modelo e a norma do que é a sexualidade e as mulheres devem conformar-se e interiorizar essa norma e esse modelo. E o que é ainda mais grave, segundo me parece, é que nem a generalidade dos homens nem a generalidade das mulheres têm a consciência mínima de que este é um problema, de que ele existe e tem consequências nefastas na vida de muitas pessoas e que é mais uma tremenda injustiça e violência cometida contra as mulheres.
Durante muito tempo, a sexualidade foi aberta e declaradamente definida em termos masculinos e o acto sexual era descrito como culminando com a ejaculação masculina, sem a menor atenção ao que se passava com a mulher. Hoje as coisas não são postas tão cruamente, a não ser no registo pornográfico sexista, mas o que é certo é que o modelo de sexualidade apresentado como norma é o masculino. Este modelo é o de domínio/submissão, típico da sexualidade masculina heterossexual, que parte do princípio, que ninguém questiona, que em termos sexuais as mulheres querem o que os homens querem, não tem vontades próprias, desejam o que o macho deseja e se ele deseja dominar elas então desejam que ele domina e consequentemente desejam ser dominadas. Se as mulheres aceitarem este modelo, e tudo é feito para que tal aconteça, então a violação deve ser uma prática sexual a que nada há a opor, porque nela o domínio de um e a submissão de outra são totais. E nesta ordem de ideias, como algumas feministas defendem, entre sexo (heterossexual) e violação não haveria diferença de natureza, só de grau.
Curiosamente já tinha lido esta aproximação entre sexo e violação e não tinha percebido onde com ela se queria chegar, pois não estava a ver a ligação e, como acontece comigo o que com certeza acontece com outras mulheres que são tratadas com carinho e respeito pelos seus companheiros, parecia-me injusta e questionável tal ligação. Também nunca tive qualquer fantasia de querer ser dominada sexualmente e, como já tive oportunidade de dizer em outros textos, privilegio sempre a reciprocidade na relação sexual, mas quando encontro mulheres que não tem pejo em declarar para quem as quer ouvir que se querem submeter aos seus companheiros, que gostam de homens bem machos, leia-se dominadores, então sem qualquer piedade, o que me apetece dizer-lhes é que, nesse caso, a sua prática favorita deve ser a violação. Essas mulheres não percebem que estão a ser «a voz do dono», não tem sequer a sensibilidade para perceberem que desistiram de construir a sua própria sexualidade para se limitarem a interiorizar a sexualidade masculina. Eu compreendo, mas não perdoo. Sobretudo não perdoo que não se sintam mal consigo mesmas por se terem tornado cúmplices totais do sistema que as oprime.
En una sociedad que enseña a todas las mujeres que la sexualidad debe ser así, que es algo que deben dejar a manos del hombre, que es algo con lo que les vienen adoctrinando desde pequeñas, me parece injusto echarle la culpa a las propias mujeres, que son víctimas de la opresión y del adoctrinamiento. No es a la víctima a quién debe exigírsele que no se abuse de ella, sino al abusador, que es quein detenta el poder.... después de todo, estos asuntos siempre rondan sobre el poder y el privilegio de unos sobre otros. A quien no se les debe perdonar es a los abusadores que aprovechan de mujeres que se han criado rodeandose de toda la cultura falocentrista, que les han enseñado desde pequeñas lo que debe y no debe ser un hombre, y les llenaron la cabeza sobre una sexualidad dual, la que fomenta este mismo sistema: el hombre duro, la mujer blanca, el hombre violento, la mujer suave, el hombre sexual, la mujer emocional.. blablabal... que por tu situacion personal puedas entender esto, no te da derecho a decirle a otras mujeres víctimas del sistema que son "cómplices" del mismo! es una locura! el siguiente paso es decir que las mujeres violentadas por sus esopsos están así porque les gusta y son cómplices de ello, y que eso te parece imperdonable :/
ResponderEliminaresa ultima frase me hizo mucho ruido, porque que tú hayas tenido el PRIVILEGIO de lograr ser conciente de tu sexualidad, y de tener lso medios para lograr satisfacerla y conocerla, no implica que todas las demas mujeres hayan tenido esas mismas posibilidades, y que digas que no les perdonas... se me hace muy rudo, porque en el fondo no sabes que hay detrás, en el pasado, de cada mujer que habla de esa forma.
saludos
Posso dizer que devido minha criação e ao ambiente que eu cresci era uma mulher "machista". E eu dizia isso com orgulho, sabe?
ResponderEliminarAí fui trabalhar num ambiente majoritariamente masculino, onde em geral eu sou a única mulher e com o tempo pude perceber que a minha postura apenas contribuía para sofrer mais discriminação.
Hoje, busco mostrar que sou mulher sim, mas sou capaz de estar onde estou por méritos meus. E quando tenho opinião a respeito de algum assunto, compartilho. Quando não sou ouvida, reivindico. Não me deixo ser colocada de lado pelo fato de ser mulher.
Com meu trabalho e minha postura, quero que os homens que convivem comigo percebam que não sou um objeto sexual, muito menos um ser inferior, incapaz de racionar, tomar decisões firmes, corretas.
Muito Obrigada por compartilhar tantas informações.
Cara Taiane
ResponderEliminarSeje bem vinda e continue nessa postura firme de autonomia e determinação.
abraço, adília
Caro Maboroshi
ResponderEliminarQuando disse que compreendo mas não perdoo estava a pensar em mulheres educadas e instruídas com obrigação de pensarem criticamente mas que por preguiça ou por comodismo com a vidinha que tem se demitem de o fazer e dessas realmente posso compreender as motivações mas não as acho aceitáveis ou desculpaveis.
abraço. adília
Adilia,não me oponho á sua declaração.A mulher machista é o pior obstpáculo para a luta feminista e são as primeiras a nos atacarem,nos insultarem,a destruir tudo o que foi conquistado.É diferente da moça que postiou aí em cima,que só precisava de um exclarecimento.Elas fazem questão da opresão machista e defendem seus "donos" até o final,até quando estes estupram seus filhos.
ResponderEliminarEstas mulheres não merecem perdão nem compreenção,nem nada semelhante porque elas odeiam muito as outras mulheres.São "homens de útero".Li cada atrocidade cruel de uma pornógrafa que me deu vontade de encomendar crime! Temos que saber identificá-las e combatê-las tanto quanto fazemos com os falocratas.
Nao sou a favor do machismo, da opressao masculina e mto menos da violencia domestica de qq natureza. Eu gosto de ser tratada com respeito, amor e carinho mas na hora H eu gosto de ser dominada e de ouvir a voz do "dono". Eu sou sadomasoquista mas, nada de bater pra machucar ou me sufocar, me queimar, pq ai ja acho q eh coisa de doido. Se esperar q eu tome uma iniciativa pra poder transar, vai morrer esperando. Tive um namo q eu nunca transei com ele pq ele esperava isso.Coitado, me levou 2 vezes pro motel e nada!!! rsrsrs
ResponderEliminarnem qdo era recem casada, eh impossivel pra mim ser a q inicia tudo.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminar