quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Optimismo sexual num mundo em mudança

Do blog de gretachristina transcrevo um excerto de um post recente que transmite a sensação de que, apesar de tudo, as coisas mudaram e há alguns sinais positivos no que aos interesses das mulheres diz respeito. No post a autora escreve na primeira pessoa e compara a situação actual com a que existia algumas décadas atrás:

«Quando eu nasci, vibradores e outros itens afins para o prazer sexual das mulheres eram vendidos às escondidas, disfarçando-se o seu verdadeiro propósito. Hoje, uma espantosa variedade de vibradores e de outros instrumentos são acessíveis a qualquer pessoa que tenha um computador e um cartão de crédito … permitindo que milhões de mulheres atinjam facilmente o orgasmo.

Quando eu nasci, a simples ideia de prazer sexual feminino, e a ideia de que as mulheres tinham tanto direito ao prazer quanto os homens, era chocante e controversa. Hoje a noção de que as mulheres de facto apreciam sexo e de que tem o direito de esperar os tipos de sexo que apreciam, está geralmente estabelecida e aceite. (pelo menos muito mais do que há 47 anos. Mesmo os cristãos evangélicos de direita defendem a ideia de casamentos sexualmente satisfatórios … satisfatórios para ambos os parceiros, não apenas para os homens.)

Quando eu nasci, era geralmente aceite que mulheres num escritório estavam lá (1) para o prazer sexual dos homens, e (2) para caçar marido. Hoje, é geralmente aceite que as mulheres estão num escritório para que algum tipo de trabalho seja feito.

Quando eu nasci, o controlo de nascimento era ainda ilegal em cerca de metade dos Estados nos Estados Unidos, e os métodos de controlo disponíveis eram ineficientes perigosos, ou ambas as coisas. Hoje, o controlo de nascimentos é legal, amplamente disponível, numa variedade de formas, e muito mais seguro – permitindo assim que as mulheres desfrutem o sexo sem o constante receio de uma gravidez indesejada.

Quando eu nasci, crianças e adolescentes, que procuravam informação sobre sexo, encontravam-na nos amigos … que não sabiam mais acerca do assunto do que eles próprios. Hoje, crianças e adolescentes, que procuram informação sobre sexo, podem telefonar para San Francisco Sex Information, ou Scarleteen ou qualquer outro recurso de informação sobre sexo, rigorosa, anónima e que não emite qualquer juízo moral.
Bem, isto também é verdade para pessoas adultas, não apenas para crianças e adolescentes. Quando eu nasci, a informação sexual disponível para adultos era principalmente a de Kinsey, uma mão cheia de maus manuais de casamento … e os amigos, que não sabiam muito mais acerca de sexo do que elas próprios. Agora informação rigorosa e detalhada acerca de sexo – desde «Como posso ajudar a minha parceira a atingir o orgasmo? Até «Qual é o modo seguro de fazer um piercing nos meus genitais?.... é facilmente acessível com um simples clique no computador ou chamada telefónica.

Quando eu nasci, livros acerca de sexo, - ficção, não ficção, fotografia, arte, na melhor das hipóteses eram considerados vergonhosos e na pior ilegais, algo que se comprava sub-repticiamente e que se escondia debaixo da cama. Hoje, são vendidos no Amazon.

Quando eu nasci, nos Estados Unidos, pessoas eram encerradas em prisões ou em instituições para alienados mentais por serem homossexuais. Quase todos os homossexuais viviam as suas vidas em segredo, com pânico constante de serem descobertos e arruinados. Hoje, a mulher que eu amo e eu estamos legalmente casadas, vivemos juntas abertamente, com todos os nosso familiares, amigos e colegas de trabalho conhecendo o facto e não se preocupando com o assunto.

E eu podia continuar e continuar. Mas penso que perceberam onde quero chegar. Não pretendo que tudo seja um mar de rosas. Ainda estamos longe. (…) Não estou a dizer que o nosso mundo sexual é perfeito ou mesmo grande coisa (por isso, por favor, não escrevam comentários ultrajantes dizendo quão ingénua ou insensível sou). Não estou a dizer que o nosso mundo sexual é perfeito ou mesmo grande coisa, estou a dizer que é melhor. Está melhor do que estava. E está melhor porque durante décadas as pessoas trabalharam, escreveram e revoltaram-se.
Por isso, o melhor é continuarmos a fazer o nosso trabalho.»

2 comentários:

  1. sim, pena que os ideais da Contracultura e da Revolução Sexual não vingaram, pior, com o advento da AIDS, voltamos ao tempo Vitoriano e da moral puritana.
    a mulher ainda não é livre, o homem ainda é prisioneiro, ainda nos cercamos de tabus e proibições sociais e não temos uma vida amorosa, afetiva e sexual plena, satisfatória ou gratificante.

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