A liberdade das mulheres depende da sua participação nas diferentes formas de poder e requer um conjunto de condições objectivas que a tornem de facto, e não apenas de direito, possível. E essas condições para serem preenchidas dependem da participação das mulheres nos diferentes órgãos de poder político em paridade com os homens, bem como da sua participação na vida económica e cultural nos mesmos termos. Enquanto o mundo e os órgãos de decisão pertencerem aos homens em proporções avassaladoras, como ainda hoje se verifica, os obstáculos reais vão permanecer e os progressos talvez continuem a verificar-se, mas num ritmo extremamente lento, havendo a possibilidade de retrocessos. É para estes aspectos que o texto de Natasha Walter chama a nossa atenção e é melhor não fazermos ouvidos moucos!
«As mulheres moveram montanhas no sentido de despertarem a consciência das pessoas para a violência sexual e doméstica. Se ainda se encontram em desvantagem na obtenção de justiça para as mulheres que são violadas ou para encontrar protecção para as mulheres em risco nas suas próprias casas não é porque os seus argumentos não são comoventes e convincentes, mas sim porque não há um número suficiente de mulheres nas forças policiais e nos órgãos judiciais para dar todo o peso à palavra da mulher; não há mulheres em número suficiente no Parlamento e nos Serviços Civis para desenhar legislação que faça sentido para as mulheres. Somente quando as mulheres estiverem tão bem representadas quanto os homens nas forças policiais e nos tribunais se encontrará justiça para as mulheres. Somente quando as mulheres tiverem os mesmos papéis no Parlamento e nos Governos, a legislação tratará com igualdade homens e mulheres. Somente quando mulheres e homens tiverem igual independência financeira, as mulheres serão capazes de escapar de relações abusivas, quando o pretenderem; e, se decidirem ficar, saberão que essa é a sua escolha. Enquanto o suporte da desigualdade material não for suprimido, as mulheres não serão livres.” (Natasha Walter: The New Feminism, Virago Press, London, 1999, p. 223-224).
Concordo: é preciso que as condições sejam dadas para que a voz da mulher possa de fato aparecer. Enquanto a lógica exclusivista (e excludente)do patriarcado for a dominante, difícil pensar em transformações efetivas das relações de poder.
ResponderEliminarConcordo plenamente!
ResponderEliminargostei da imagem.
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