Susan Brown Anthony, 1820-1906, foi a segunda de sete filhos de uma família Quaker que, como acontecia entre os Quakers, era contra a escravatura e acreditava na igualdade entre homens e mulheres. Susan viveu pois num ambiente familiar muito progressista, numa casa que era o ponto de encontro de activistas anti-esclavagistas e teve como vizinho o grande orador afro-americano Frederick Douglas.
Depois de receber educação numa escola religiosa Quaker em Filadélfia, Susan seguiu a carreira de professora durante alguns anos - uma das poucas profissões então abertas a mulheres, ganhando um quinto do que os colegas masculinos ganhavam – e combateu a segregação racial nas escolas. Em 1848, juntou-se às «Filhas da Temperança» (Daughters of Temperance) e em 1852 fundou a Sociedade das Mulheres pela temperança, do Estado de New Jersey (Women´s New York State of Temperance Society), preocupada com os abusos sofridos pelas crianças e mulheres de alcoólicos, apoiou e chegou mesmo a liderar um movimento contra a venda de bebidas alcoólicas.
Conheceu Elizabeth Cady Stanton em 1851 numa convenção anti-esclavagista e tornaram-se amigas. Em 1854 apresentou uma petição sobre os direitos de propriedade das mulheres e sobre o sufrágio. Viu a primeira reivindicação satisfeita em 1860 quando foi reconhecido legalmente o direito das mulheres controlarem os seus próprios salários e heranças e exercerem autoridade sobre os filhos.
Em relação ao sufrágio, a principal reivindicação feminista da época, exigiu-o para mulheres brancas e negras; mas, porque se pronunciou sobre o absurdo que era conceder o voto a homens analfabetos enquanto se negava o mesmo direito a mulheres cultas, foi acusada de elitista. Ora tal acusação, em meu entender, resulta apenas de se ignorar propositadamente o contexto em que as afirmações são proferidas, para distorcer completamente o seu sentido.
Em 1872 teve a ousadia de votar para a eleição presidencial argumentando que a constituição diz: «Nós, as pessoas, e não, nós cidadãos brancos do sexo masculino.» Foi presa, julgada e multada, mas nunca pagou a multa.
De 1868 a 1870 foi proprietária de um jornal - «Revolution» - que, entre outros tópicos, lutava contra a discriminação no trabalho e na aplicação de leis do divórcio. Os apoios financeiros escassearam e ela própria teve de trabalhar durante alguns anos para pagar as dívidas, entretanto contraídas.
Organizou em 1890, em Washington, a primeira convenção para o sufrágio feminino e participou em outros datas e lugares em movimentos a favor do sufrágio pelo que foi de todo o direito que a emenda constitucional, que viria a legitimar o sufrágio nos Estados Unidos, ficou conhecida pela Emenda Susan B. Anthony.
Com este brilhante currículo só é de estranhar que antifeministas dos nossos dias se procurem apropriar do nome e do prestígio de que Susan Anthony goza para promoverem uma agenda que não defende os interesses das mulheres.
Susan Anthony bateu-se pelo direito de voto para as mulheres; lutou pela abolição da escravatura; reivindicou o direito das mulheres controlarem os seus salários e heranças bem como de terem autoridade sobre os filhos e poderem interpor acções de divórcio; combateu a violência doméstica; pugnou para que as mulheres não fossem discriminadas, como ela própria foi, no exercício das diferentes profissões. Todas estas lutas eram no momento lutas prioritárias e corajosas. Poderíamos perguntar se mulheres que hoje nos Estados Unidos se reclamam do seu legado, as tais «feministas conservadoras» de que fala Sara Palin, as teriam endossado. A resposta credível é rotundamente negativa. Hoje gozam de direitos de cidadania que só existem porque as feministas lutaram quando era preciso fazê-lo e quando surgiram condições objectivas para essa luta, mas é de presumir que então teriam adoptado a posição que as antifeministas assumiram, considerando que o voto não era necessário pois os homens representavam bem os interesses das mulheres.
Hoje, a luta feminista centra-se sobre a questão da autonomia das mulheres que passa pelo controlo da sua capacidade reprodutiva e pela garantia dos seus direitos reprodutivos, bem como pelo desenvolvimento de facto das liberdades que a lei lhes concede; ora é precisamente neste campo que as «feministas conservadoras» assestam baterias para minar qualquer pretensão libertadora. (Sara Palin vai ao ponto de afirmar que se uma sua filha fosse violada e engravidasse, a gravidez seria para levar até ao fim). As «feministas conservadoras» costumam ainda rejeitar o apoio a medidas que visam facilitar a vida das mães trabalhadoras, como é o caso da instituição de creches e de outros apoios. Quanto à violência doméstica, embora a critiquem, também não se cansam de afirmar que as feministas exageram o fenómeno. A culpa pelo divórcio é por vezes por elas atribuída a mulheres demasiado exigentes, influenciadas pelo feminismo. Tudo isto, penso, é mais do que suficiente para denunciar o aproveitamento que fazem do nome de uma mulher, essa sim, uma autêntica feminista porque colocou a sua vida ao serviço dos interesses das mulheres com a consciência plena de que estes passam pela sua autonomia e libertação.
Depois de receber educação numa escola religiosa Quaker em Filadélfia, Susan seguiu a carreira de professora durante alguns anos - uma das poucas profissões então abertas a mulheres, ganhando um quinto do que os colegas masculinos ganhavam – e combateu a segregação racial nas escolas. Em 1848, juntou-se às «Filhas da Temperança» (Daughters of Temperance) e em 1852 fundou a Sociedade das Mulheres pela temperança, do Estado de New Jersey (Women´s New York State of Temperance Society), preocupada com os abusos sofridos pelas crianças e mulheres de alcoólicos, apoiou e chegou mesmo a liderar um movimento contra a venda de bebidas alcoólicas.
Conheceu Elizabeth Cady Stanton em 1851 numa convenção anti-esclavagista e tornaram-se amigas. Em 1854 apresentou uma petição sobre os direitos de propriedade das mulheres e sobre o sufrágio. Viu a primeira reivindicação satisfeita em 1860 quando foi reconhecido legalmente o direito das mulheres controlarem os seus próprios salários e heranças e exercerem autoridade sobre os filhos.
Em relação ao sufrágio, a principal reivindicação feminista da época, exigiu-o para mulheres brancas e negras; mas, porque se pronunciou sobre o absurdo que era conceder o voto a homens analfabetos enquanto se negava o mesmo direito a mulheres cultas, foi acusada de elitista. Ora tal acusação, em meu entender, resulta apenas de se ignorar propositadamente o contexto em que as afirmações são proferidas, para distorcer completamente o seu sentido.
Em 1872 teve a ousadia de votar para a eleição presidencial argumentando que a constituição diz: «Nós, as pessoas, e não, nós cidadãos brancos do sexo masculino.» Foi presa, julgada e multada, mas nunca pagou a multa.
De 1868 a 1870 foi proprietária de um jornal - «Revolution» - que, entre outros tópicos, lutava contra a discriminação no trabalho e na aplicação de leis do divórcio. Os apoios financeiros escassearam e ela própria teve de trabalhar durante alguns anos para pagar as dívidas, entretanto contraídas.
Organizou em 1890, em Washington, a primeira convenção para o sufrágio feminino e participou em outros datas e lugares em movimentos a favor do sufrágio pelo que foi de todo o direito que a emenda constitucional, que viria a legitimar o sufrágio nos Estados Unidos, ficou conhecida pela Emenda Susan B. Anthony.
Com este brilhante currículo só é de estranhar que antifeministas dos nossos dias se procurem apropriar do nome e do prestígio de que Susan Anthony goza para promoverem uma agenda que não defende os interesses das mulheres.
Susan Anthony bateu-se pelo direito de voto para as mulheres; lutou pela abolição da escravatura; reivindicou o direito das mulheres controlarem os seus salários e heranças bem como de terem autoridade sobre os filhos e poderem interpor acções de divórcio; combateu a violência doméstica; pugnou para que as mulheres não fossem discriminadas, como ela própria foi, no exercício das diferentes profissões. Todas estas lutas eram no momento lutas prioritárias e corajosas. Poderíamos perguntar se mulheres que hoje nos Estados Unidos se reclamam do seu legado, as tais «feministas conservadoras» de que fala Sara Palin, as teriam endossado. A resposta credível é rotundamente negativa. Hoje gozam de direitos de cidadania que só existem porque as feministas lutaram quando era preciso fazê-lo e quando surgiram condições objectivas para essa luta, mas é de presumir que então teriam adoptado a posição que as antifeministas assumiram, considerando que o voto não era necessário pois os homens representavam bem os interesses das mulheres.
Hoje, a luta feminista centra-se sobre a questão da autonomia das mulheres que passa pelo controlo da sua capacidade reprodutiva e pela garantia dos seus direitos reprodutivos, bem como pelo desenvolvimento de facto das liberdades que a lei lhes concede; ora é precisamente neste campo que as «feministas conservadoras» assestam baterias para minar qualquer pretensão libertadora. (Sara Palin vai ao ponto de afirmar que se uma sua filha fosse violada e engravidasse, a gravidez seria para levar até ao fim). As «feministas conservadoras» costumam ainda rejeitar o apoio a medidas que visam facilitar a vida das mães trabalhadoras, como é o caso da instituição de creches e de outros apoios. Quanto à violência doméstica, embora a critiquem, também não se cansam de afirmar que as feministas exageram o fenómeno. A culpa pelo divórcio é por vezes por elas atribuída a mulheres demasiado exigentes, influenciadas pelo feminismo. Tudo isto, penso, é mais do que suficiente para denunciar o aproveitamento que fazem do nome de uma mulher, essa sim, uma autêntica feminista porque colocou a sua vida ao serviço dos interesses das mulheres com a consciência plena de que estes passam pela sua autonomia e libertação.
Adília,
ResponderEliminarColocamos seu Blog em Memorial Lélia Gonzalez Informa - http://leliagonzalez-informa.blogspot.com Menu à direita, Blogs de Dignidade.
Axé!
Ana
Rio de Janeiro-Brasil
Ana,
ResponderEliminarGrata pela ideia de publicitar o meu blog em Memorial Lélia Gonzalez Informa.
Com a ideia de fazer um post sobre Lélia Gonzalez, procurei por uma biografia, mas não encontrei. Gostaria de saber se há algum endereço no qual possa encontrar o que procuro.
Abraço, Adília
Olá, tenho acompanhado seu blog há cerca de dois meses. Econtrei uma notícia interesante no site G1 do grupo "O Globo", sobre uma pesquisa científica que conclui que, até biologicamente, a identidade feminina, para existir, precisa reprimir constantemente a identidade masculina, tida como o "defalt" genético. Lembro que há tempos atrás conclui-se o contrário. Será que até a Biologia estaria tentando dar ares científicos ao machismo, ou seja a natureza tenderia ao masculino?
ResponderEliminarAí vai o link, trata-se da segunda notícia:
http://colunas.g1.com.br/espiral/
Grata!
Fernanda Linhares - Rio de Janeiro - RJ
Cara Fernanda
ResponderEliminarDesculpe só hoje responder mas viajei e o tempo tem andado curto. Obrigada pelo link que irei consultar.
Quanto à questão que coloca quero dizer-lhe que temos de estar muito atentas pois não é de hoje que ciencias e cientistas fazem o jeito ao sexismo apresentando-o como uma inevitabilidade, determinada geneticamente. Com o aval da ciência, disseram-se,e em minha opinião continuam a dizer-se,enormidades. Isto de modo nenhum significa da minha parte desrespeito pelo trabalho dos cientistas quando é serio, só que por vezes não é e como diz o povo cautela e caldos de galinha não fazem mal a ninguém.
abraço,adíia