Vem este texto a propósito do ataque empreendido, não só pelas pessoas comuns, mas também por cientistas, intelectuais e filósofos, contra a reivindicação do sufrágio para as mulheres. Um dos argumentos utilizados invocava a manifesta falta de capacidade das mulheres para os assuntos políticos. David Ritchie, na época, denuncia brilhantemente a hipocrisia do argumento e a falácia circular em que repousava:
“É hipócrita negar a capacidade política das mulheres simplesmente porque a sua incapacidade política foi diligentemente cultivada através dos séculos, mas este é sempre o tipo de argumento favorito dos campeões do privilégio: primeiro para impedir uma raça, classe ou sexo de adquirir uma capacidade e depois para justificar a recusa de direitos com base nessa ausência de capacidade – encerrar um pássaro numa gaiola apertada e depois argumentar que ele é mantido nela porque é incapaz de voar.”
David G. Ritchie, Darwinism and Politics, 1890.
Excelente! Ontem, procurei escrever alguma coisa sobre essa presunção de incapacidade na campanha contra a Dilma Rousseff. O tempo todo se procurou cultivar a ideia de que o Lula é que governaria, de que ela não era capaz de se tornar uma liderança política. Em que pesem as especificidades do caso brasileiro, há uma persistência desse preconceito.
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