Um dos argumentos mais utilizados pelo anti-feminismo para desprestigiar o feminismo é o de que afinal as jovens, livres e emancipadas – diz-se - não querem nada com o feminismo e rejeitam mesmo o rótulo. Ora isto é em parte verdade, mas precisa de ser desconstruído e é essa a tarefa, ou uma das tarefas, do feminismo - produzir conhecimento - que tanto irrita quem se lhe opõe.
Comecemos pela realidade dos factos: são tão poucas as oportunidades oferecidas às jovens na vida pública que é compreensível que encarem o romance e o casamento como a saída adequada e o campo em que naturalmente se podem realizar; paralelamente, a sociedade esgrime com os valores da família e estimula-as a constituírem família, considerando que, se o não fizerem, a sua identidade fica em risco; tudo no ambiente cultural que as rodeia leva a que se definam em termos da capacidade de serem atraentes e de encontrarem um parceiro sexual; neste contexto, aquelas que tiverem a coragem de se afirmar feministas não vão de modo algum favorecer as suas hipóteses no mercado marital - basta recordarmos que ainda hoje são poucos os homens, jovens ou menos jovens, que simpatizam com o feminismo. Quando se vive num ambiente destes, as justas exigências das jovens, se forem apresentadas, vão dificultar a sua capacidade para encontrar parceiro e como a sua identidade foi construída nessa base é a sobrevivência do eu que fica ameaçada.
A posição das jovens mulheres em relação ao feminismo torna-se assim perfeitamente compreensível porque o feminismo implica a crítica radical da cultura em que foram educadas e das instituições em que se encontram integradas; é uma postura muito exigente que pressupõe o sacrifício de interesses imediatos. Na fase de vida em que se encontram, as desilusões ainda não fizeram o seu caminho e o amor romântico parece pleno de promessas, como resistir quando todo o condicionalismo social convida à desistência?
Lisa Maria Hogeland, professora de Inglês e de Estudos sobre as Mulheres na Universidade Cincinnati, resume de forma magistral as ideias que acabei de expor: “A nossa cultura dá às mulheres tão escassos domínios para se desenvolverem, para explorarem possibilidades, para testarem os limites do que podem fazer e do que podem ser, que as relações sexuais e românticas tornam-se no principal e frequentemente único domínio de realização pessoal.”
Comecemos pela realidade dos factos: são tão poucas as oportunidades oferecidas às jovens na vida pública que é compreensível que encarem o romance e o casamento como a saída adequada e o campo em que naturalmente se podem realizar; paralelamente, a sociedade esgrime com os valores da família e estimula-as a constituírem família, considerando que, se o não fizerem, a sua identidade fica em risco; tudo no ambiente cultural que as rodeia leva a que se definam em termos da capacidade de serem atraentes e de encontrarem um parceiro sexual; neste contexto, aquelas que tiverem a coragem de se afirmar feministas não vão de modo algum favorecer as suas hipóteses no mercado marital - basta recordarmos que ainda hoje são poucos os homens, jovens ou menos jovens, que simpatizam com o feminismo. Quando se vive num ambiente destes, as justas exigências das jovens, se forem apresentadas, vão dificultar a sua capacidade para encontrar parceiro e como a sua identidade foi construída nessa base é a sobrevivência do eu que fica ameaçada.
A posição das jovens mulheres em relação ao feminismo torna-se assim perfeitamente compreensível porque o feminismo implica a crítica radical da cultura em que foram educadas e das instituições em que se encontram integradas; é uma postura muito exigente que pressupõe o sacrifício de interesses imediatos. Na fase de vida em que se encontram, as desilusões ainda não fizeram o seu caminho e o amor romântico parece pleno de promessas, como resistir quando todo o condicionalismo social convida à desistência?
Lisa Maria Hogeland, professora de Inglês e de Estudos sobre as Mulheres na Universidade Cincinnati, resume de forma magistral as ideias que acabei de expor: “A nossa cultura dá às mulheres tão escassos domínios para se desenvolverem, para explorarem possibilidades, para testarem os limites do que podem fazer e do que podem ser, que as relações sexuais e românticas tornam-se no principal e frequentemente único domínio de realização pessoal.”
me interessa ajudar a criar um novo modelo social, não me interessa o feminismo q quer o poder dentro do patriarcado, mantendo o patriarcado, nem me interessa ser profissional bem sucedida dentro do patriarcado, competindo como homem e trabalhando para o sistema...
ResponderEliminarnão me interessa manter o patriarcado e ser bem sucedida dentro dele eliminando as mães, eliminando a maternidade...
o q escravizou a mulher foi o casamento, não a maternidade. A maternidade sempre existiu, o casamento foi inventado pelo patriarcado...
bjins
Adorei o artigo. Principalmente: "A posição das jovens mulheres em relação ao feminismo torna-se assim perfeitamente compreensível porque o feminismo implica a crítica radical da cultura em que foram educadas e das instituições em que se encontram integradas."
ResponderEliminarUm texto muito esclarecedor :)
http://educacion-enrique.blogspot.com/2010/12/la-educacion-anti-sexista-la-vacuna.html
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPerfeito Adília! Realmente, fico com raiva quando alguém vem dizer que nem as mulheres jovens querem saber de feminismo, e quando olho a redor estão todas tentando se encaixar nos poucos modelos de "sucesso" feminino, ainda tão restritos e estereotipados...
ResponderEliminarSem dúvida, feminismo também implica no "sacrifício" de alguns interesses, e na pressão externa constante para desistir da própria liberdade. Mas pelo menos para mim, vale muito a pena tentar ser livre.
Oi Cely
ResponderEliminarGostei do seu comentário e força, sejam quais forem os constrangimentos não troque a liberdade por nada, no fim vai ver que não valeu a pena. Essas que tentam se encaixar e são a maioria já desistiram mesmo antes de tentar, no fundo são as vencidas da vida.
Cely, satisfaça a minha curiosidade, o que é que aconteceu ao seu blog?
ResponderEliminarA sua voz era uma voz muito lúcida, porque se calou?