o filme de que podem ver uma apresentação, foca a importancia que a media tem na representação das mulheres e como se tem deitado pela janela fora um capital de esperança numa sociedade mais equitativa.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Pornografia não sexista
No Canadá, a sex shop Good for Her está a apresentar a 6ª edição dos Prémios para pornografia feminista que visa estimular produtores/as de pornografia que ofereçam uma perspectiva diferente acerca da expressão sexual das mulheres. O espaço para concurso está aberto até 15 de Fevereiro de 2011. As candidaturas devem observar os seguintes critérios:
Descrever prazer, agência e desejo genuínos, e ainda focar conexão, comunicação e colaboração entre os performers.
Desafiar estereótipos e apresentar uma perspectiva que se afasta da pornografia main stream, o que inclui descrever diversidade de desejos, tipos de pessoas, corpos, práticas sexuais e ou enquadramento anti-racista e anti-opressão.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Anti-feminismo, biologismo e idealismo
Se escavarmos um pouco verificamos que por detrás do anti-feminismo se encontra o essencialismo e na base deste o idealismo filosófico; ora tanto o anti-feminismo como o idealismo ainda constituem a ideologia dominante, constantemente reforçada pelos media de informação e de entretenimento, e é uma tarefa ciclópica tentar desalojar esta ideologia até porque mesmo a própria ciência, sobretudo nas suas versões espúrias, parece sustentá-la. Estou a referir-me ao biologismo, ou seja ao determinismo genético, que pretende encontrar os genes responsáveis pelo nosso comportamento e desse modo «naturalizar» as diferenças entre mulheres e homens, com a óbvia consequência de que se as diferenças estão naturalmente inscritas no nosso código genético então nada há a fazer senão aceitá-las e tirar delas o melhor partido.
A base metafísica do biologismo também é o idealismo e convém não o esquecer, as suas hipóteses são o substituto moderno da hipótese divina. No século XIX, e ainda hoje para muitos sectores da população, bastava dizer que deus tinha criado homens e mulheres diferentes e por isso uma mulher que pretendesse ter direito de voto ou exercer uma profissão «masculina» estava a desrespeitar o plano divino. Nos nossos dias a coisa é mais sofisticada, não se invoca o plano divino, recorre-se à genética, com igual sucesso. Mas só «mudam os nomes dos bois» porque num caso e no outro aceita-se que os seres humanos são à partida isto ou aquilo, tem uma essência (ideal) que deve moldar as suas existências (concretas). A partir daqui, a capacidade de intervenção do ser humano fica reduzida à expressão mais simples e a organização social iníqua está justificada: afinal vivemos no melhor dos mundos possíveis.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Discriminação com base na idade
Miriam O'Reilley apresentadora da BBC, substituida em 2009 quando tinha 51 anos de idade, moveu um processo a esta estação televisiva alegando discriminação de género e de idade. O tribunal não deu por provada a discriminação de género mas reconheceu a discriminação com base na idadede; a BBC já se desculpou e reintegrou-a.
As implicações deste caso são importantes pois abre-se um precedente e de agora em diante será mais dificil decidir que quem ocupa um lugar não é a pessoa mais qualificada mas a mais jovem.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Mães solteiras
(Tentei comentar um post da Nana Odara, como não consegui, resolvi publicar aqui o meu texto)
Em relação à maternidade, e sobretudo em relação às mães solteiras – questão que a preocupa - a Nana deveria saber que quem as hostiliza não são as feministas, mas sim as anti-feministas. O caso que conheço razoavelmente é o dos Estados Unidos, que tenho vindo a estudar, e aí são as anti-feministas que têm conseguido através da intervenção política (de direita, é claro) retirar apoios estatais às mães em geral e particularmente às mães solteiras com o argumento de que colocam em perigo a família (patriarcal, claro). Portanto, gostaria de dizer que ela está a ser injusta para com as feministas e está a confundir as feministas com as anti-feministas, o que até é compreensível porque actualmente estas procuram cooptar o feminismo para as suas causas que são tudo menos feministas.
Agora outra coisa, como é que se pode proteger as mães solteiras e tratá-las com justiça se as mulheres se demitirem de intervir politicamente? Se as mulheres não tiverem poder para pressionar? E o poder, tanto quanto eu sei, no mundo em que vivemos, é económico, político e cultural: se você não tiver dinheiro, não ocupar cargos de decisão social, se não estudar e produzir conhecimento, você não tem poder nenhum e não consegue alterar a sociedade. Deveria pensar nisto quando «ataca» as feministas carreiristas de que tanto gosta de falar. Em minha opinião, a Nana é voluntarista e às vezes parece fazer uma análise idealista do mundo e da vida que considero incorrecta porque, embora as ideias sejam importantes, não vingam sem condições materiais, sem condições objectivas que tornem possíveis as mudanças; é pois preciso criar essas condições e só o acesso das mulheres ao poder, mesmo nas circunstâncias actuais, as pode criar .
Embora não me pareça ser a situação ideal para educar uma criança, eu apoio as mães solteiras porque penso que essa pode ser uma opção legítima. Continuo a apoiá-las quando a situação resulta de contingências que não controlaram, mas aí lamento a situação pois considero que de alguma maneira falharam em conseguirem controlar a sua própria vida e em garantirem a sua autonomia enquanto pessoas.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Porque é que os «religiosos» são tão previsíveis!?
Mais um religioso, desta vez um rabi israelita, decretou, e a palavra está correcta, que as mulheres judias não podem/devem conduzir automóvel nem sequer aprender a conduzir porque tal comportamento é um atentado à modéstia e ao pudor que enquanto mulheres devem observar. Não se lembrou de dizer que tal proibição também vai diminuir a sua capacidade de se movimentarem e em consequência a sua independência e autonomia; mas claro que é esse o objectivo que ele e outros como ele pretendem atingir, só que para o tornar mais palatável escondem-se por detrás da religião e da moral. Uma vergonha, uma falta de ética e um desrespeito profundo pelos direitos humanos.
domingo, 2 de janeiro de 2011
Um feminismo para o século XXI - homens embaixadores da igualdade de género
Se nos anos setenta do século XX as mulheres tiveram de cerrar fileiras para entrar no mundo dos homens - aceder à educação e ao mercado de trabalho -, hoje, em pleno século XXI, como escreve Katrin Bennhold, é importante que os homens entrem no universo feminino, «enquanto pais presentes, iguais colaboradores nas ocupações domésticas e embaixadores da igualdade de género».
Numa época em que os rapazes parecem ter pior desempenho escolar e em que os homens perdem postos de trabalho com a crise, mantém-se as assimetrias entre homens e mulheres pois, embora haja mais mulheres com habilitações académicas, os lugares de chefia e o poder económico ainda se encontram nas mãos dos homens. É que, embora em teoria haja direitos iguais, na prática a maternidade e a família continuam a sobrecarregar as mulheres. Uma vez casadas e com filhos pequenos, tendem a desistir da carreira, a trabalhar a tempo parcial, ou a tentar compatibilizar carreira e vida familiar, uma existência stressante que não facilita promoções a nível profissional.
Em alguns países do Ocidente, particularmente nos países nórdicos, começa a perceber-se que é preciso fazer qualquer coisa para contrariar esta real desvantagem que as mulheres sofrem pelo facto de serem mulheres; começa a perceber-se que é preciso concentrar-se nos homens e criar condições para que eles entrem no universo feminino. É esse o sentido das férias obrigatórias por paternidade, intransferíveis para a mãe, que em alguns países já são de três meses. E foram ministros homens que tomaram esta medida e foi também um primeiro-ministro homem que num país meridional, Espanha, tomou a decisão de converter a paridade formal em paridade real, constituindo um governo com um número de mulheres equivalente ao dos homens. Isto significa que os homens são sensíveis ao problema e que se encontram em boa situação para o resolverem porque como diz Celia de Anca, da Escola de Negócios de Madrid, «Quando se quer mudar a cultura é mais fácil para um representante dessa cultura vender a mudança.» Assim, os homens são feministas mais efectivos porque a sua voz é ouvida pelos outros.
Numa época em que os rapazes parecem ter pior desempenho escolar e em que os homens perdem postos de trabalho com a crise, mantém-se as assimetrias entre homens e mulheres pois, embora haja mais mulheres com habilitações académicas, os lugares de chefia e o poder económico ainda se encontram nas mãos dos homens. É que, embora em teoria haja direitos iguais, na prática a maternidade e a família continuam a sobrecarregar as mulheres. Uma vez casadas e com filhos pequenos, tendem a desistir da carreira, a trabalhar a tempo parcial, ou a tentar compatibilizar carreira e vida familiar, uma existência stressante que não facilita promoções a nível profissional.
Em alguns países do Ocidente, particularmente nos países nórdicos, começa a perceber-se que é preciso fazer qualquer coisa para contrariar esta real desvantagem que as mulheres sofrem pelo facto de serem mulheres; começa a perceber-se que é preciso concentrar-se nos homens e criar condições para que eles entrem no universo feminino. É esse o sentido das férias obrigatórias por paternidade, intransferíveis para a mãe, que em alguns países já são de três meses. E foram ministros homens que tomaram esta medida e foi também um primeiro-ministro homem que num país meridional, Espanha, tomou a decisão de converter a paridade formal em paridade real, constituindo um governo com um número de mulheres equivalente ao dos homens. Isto significa que os homens são sensíveis ao problema e que se encontram em boa situação para o resolverem porque como diz Celia de Anca, da Escola de Negócios de Madrid, «Quando se quer mudar a cultura é mais fácil para um representante dessa cultura vender a mudança.» Assim, os homens são feministas mais efectivos porque a sua voz é ouvida pelos outros.
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