O texto de Christine Gudorf, professora de Teologia na Universidade de Columbia, que a seguir traduzo, contém algumas ideias fortes de como as igrejas podem contribuir para a erradicação da violência sexual; resumidamente pode dizer-se que C. Gudorf propõe que as igrejas:
Condenem explicitamente os textos que aceitam ou perdoam a violência sexual;
Apresentem uma imagem da mulher como sendo tão racional, digna e responsável quanto o homem;
Promovam activamente a educação das pessoas no sentido destas tomarem consciência e condenarem a violência sexual;
Deixem de definir masculinidade e feminilidade em termos de domínio/submissão;
Resistam à homofobia e estimulem modelos de trabalho cooperativo que envolvam tanto homens quanto mulheres.
São bons conselhos, mas infelizmente este texto já foi escrito em 1993 e dá ideia que caíram em saco roto, o que é lamentável dado o potencial que as igrejas têm para influenciar as pessoas, tanto para o bem como para o mal.
«É necessária uma condenação consciente de todas as fontes de aprovação da violência sexual. Isso implica que se aceite criticar a Escritura, os padres da Igreja, os teólogos e todos os ensinamentos da Igreja que são omissos no reconhecimento e na condenação da violência sexual e que, por vezes, até a perdoam. Passos da Escritura e da teologia que apresentam mulheres e crianças como despojos legítimos numa guerra, apropriadas e sexualmente controladas por pais, maridos e senhores, ou que compreendem a violência contra as mulheres como uma injúria aos seus proprietários mais do que a elas próprias, devem ser criticados e rejeitados.
As igrejas devem compensar as falhas da Escritura, da tradição e do ensinamento da Igreja apresentando uma imagem consistente das mulheres como seres racionais com dignidade, capacidade de auto-determinação e responsabilidade equivalentes à dos homens. Uma preocupação autêntica com a violência sexual deveria produzir um certo número de mudanças na vida da Igreja e nos seus ensinamentos. Em primeiro lugar, as igrejas poderiam explicitamente condenar a violência sexual, nos púlpitos, em sessões de educação de adultos, nas escolas dominicais, em programas para a juventude.
As igrejas deviam renunciar à tradição de definir masculinidade e feminilidade em termos de domínio/ submissão. O entendimento de que um «verdadeiro» homem tem controlo sobre ele próprio e sobre os outros, de que a masculinidade pode ser medida pela amplitude desta regra, de que um «verdadeiro» homem está sempre pronto para o sexo e de que o seu pénis é mais uma arma para obter tanto sexo como controlo, deve ser firmemente rejeitada.
Do mesmo modo, as igrejas deviam rejeitar a concepção de feminilidade que encoraja as mulheres a serem vítimas passivas, fisicamente fracas, temerosas de conflito, deferentes e dependentes dos homens.
Renunciar aos papéis sexuais tradicionais vai requerer que se repense as expectativas de ministros ordenados e de leigos assim como o entendimento das congregações sobre a liderança em geral. A aptidão para trabalhar cooperativamente com ambos os sexos deve ser um requisito básico para um ministro. Igualmente importante para o ministério é a resistência à homofobia que serve para reforçar uma compreensão muito perigosa de masculinidade e de feminilidade e do sexo como uma actividade de domínio/submissão.
A igreja deve ser um lugar no qual modelos cooperativos de tomada de decisões entre os sexos devem ser promovidos e desenvolvidos.»
«É necessária uma condenação consciente de todas as fontes de aprovação da violência sexual. Isso implica que se aceite criticar a Escritura, os padres da Igreja, os teólogos e todos os ensinamentos da Igreja que são omissos no reconhecimento e na condenação da violência sexual e que, por vezes, até a perdoam. Passos da Escritura e da teologia que apresentam mulheres e crianças como despojos legítimos numa guerra, apropriadas e sexualmente controladas por pais, maridos e senhores, ou que compreendem a violência contra as mulheres como uma injúria aos seus proprietários mais do que a elas próprias, devem ser criticados e rejeitados.
As igrejas devem compensar as falhas da Escritura, da tradição e do ensinamento da Igreja apresentando uma imagem consistente das mulheres como seres racionais com dignidade, capacidade de auto-determinação e responsabilidade equivalentes à dos homens. Uma preocupação autêntica com a violência sexual deveria produzir um certo número de mudanças na vida da Igreja e nos seus ensinamentos. Em primeiro lugar, as igrejas poderiam explicitamente condenar a violência sexual, nos púlpitos, em sessões de educação de adultos, nas escolas dominicais, em programas para a juventude.
As igrejas deviam renunciar à tradição de definir masculinidade e feminilidade em termos de domínio/ submissão. O entendimento de que um «verdadeiro» homem tem controlo sobre ele próprio e sobre os outros, de que a masculinidade pode ser medida pela amplitude desta regra, de que um «verdadeiro» homem está sempre pronto para o sexo e de que o seu pénis é mais uma arma para obter tanto sexo como controlo, deve ser firmemente rejeitada.
Do mesmo modo, as igrejas deviam rejeitar a concepção de feminilidade que encoraja as mulheres a serem vítimas passivas, fisicamente fracas, temerosas de conflito, deferentes e dependentes dos homens.
Renunciar aos papéis sexuais tradicionais vai requerer que se repense as expectativas de ministros ordenados e de leigos assim como o entendimento das congregações sobre a liderança em geral. A aptidão para trabalhar cooperativamente com ambos os sexos deve ser um requisito básico para um ministro. Igualmente importante para o ministério é a resistência à homofobia que serve para reforçar uma compreensão muito perigosa de masculinidade e de feminilidade e do sexo como uma actividade de domínio/submissão.
A igreja deve ser um lugar no qual modelos cooperativos de tomada de decisões entre os sexos devem ser promovidos e desenvolvidos.»
Christine E. Gudorf: The Worst Sexual Sin: Sexual Violence and the Church. The Christian Century. Volume: 110. Issue: 1. January 6, 1993.
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