O amor romântico é uma ratoeira: o isco é a promessa de amor, um amor eterno e absoluto; a presa será a mulher. A presa será a mulher porque, ao deixar-se iludir por esse ideal, ela vai comprometer a sua autonomia pessoal, vai desistir dos seus projectos próprios, vai desistir dela própria, pois, dado o contexto em que vivemos, supõe-se que seja ela a fazer sacrifícios bem concretos para manter a união. Em contrapartida o homem precisa aceitar apenas pequenos e insignificantes ajustamentos.
A experiência é pródiga em exemplos de mulheres que, apanhadas na ratoeira do amor romântico na sua juventude, se descobrem mais tarde, e, sobretudo, mais velhas, numa situação tremendamente desfavorecida em caso de divórcio ou de separação, tendo de viver à mingua de uma pensão de alimentos nem sempre prontamente entregue e quase sempre escassa, sem grandes oportunidades no mercado de trabalho e, já agora, também no mercado marital.
A exaltação do amor romântico, a tal ratoeira, é cuidadosamente montada pelos media de entretenimento, nos seriados e sobretudo nas novelas que as mulheres consomem; mas ninguém se preocupa em dizer-lhes que consequências podem advir pois até importa escamotear esse «pormenor» e pintar o quadro com as cores mais resplandecentes.
Ao comprometerem-se numa união romântica os homens tem muito pouco a perder, para eles o «negócio» compensa, mesmo contando com eventuais danos colaterais. Em caso de divórcio, a sua situação financeira não fica grandemente comprometida porque o que terão de pagar compensa bem todo o trabalho gratuito que as mulheres prestaram durante os anos de casamento, tratando deles, da casa e dos filhos. Por outro lado, muito mais facilmente encontram nova companheira, se quiserem, porque para eles a idade funciona, como sabemos, de outra maneira.
As mulheres são presas fáceis do amor romântico porque são condicionadas fortemente desde a mais tenra infância a orientarem-se nesse sentido, além de que, e este é um aspecto extremamente importante, a sociedade só aceita que tenham actividade sexual com esse envolvimento afectivo e sentimental e acabam por interiorizar de tal maneira o condicionamento social que elas próprias repudiam aventuras «amorosas» sem comprometimento afectivo.
Educar as jovens para o casamento romântico e os jovens para a vida activa no mundo profissional tem sido a norma, mas essa é uma norma que perpetua e reforça a sociedade sexista em que vivemos.
Por que não mencionaste a Igreja Católica, que é a maior transmissora desta ideologia?
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