quarta-feira, 7 de abril de 2010

Violência sexual e práticas sociais

«A nossa sociedade tolera a violência sexual de inúmeras maneiras. Como as teólogas Beverly Harrison e Carter Heyward sugerem, nós erotizamos a dominação. É sexy para um homem ser maior, mais velho, mais forte, mais rico e socialmente mais poderoso do que uma mulher; o reverso decididamente não é sexy. A nossa sociedade incorpora a dominação e a submissão na sexualidade de um modo que desculpa a violência.

Há um sem número de circunstâncias nas quais sexo sob coação não é olhado como violação, mas como o direito de um homem: se a mulher se veste de forma provocante, se está sob o efeito do álcool ou drogas, se o convida para saírem, se aceita que ele gaste dinheiro com ela, se vai ao apartamento dele, se vai a uma festa, se ele é ou foi casado com ela.
Trinta e nove por cento de alunos do liceu, reportados num estudo, disseram que se justificava forçar a relação sexual se a jovem estivesse bêbada ou pedrada. Num outro estudo, setenta e cinco por cento de alunos universitários disseram que usavam álcool ou drogas para conseguirem sexo.

Os homens parecem não ser capazes de distinguir coerção de consentimento. (…) Esta dificuldade de distinguir entre consentimento e coacção impede oito em cada nove vítimas de reportarem que foram violadas.
Censurar a vítima de violência sexual é um lugar-comum, não só porque torna desnecessário para a sociedade examinar seriamente o nível de violência dominante, mas também porque dá às mulheres (e às crianças e a quem as ama) a ilusão de segurança. Se as vítimas de violação, incesto ou violência física provocam esses comportamentos, então mulheres e crianças «bem comportadas» e responsáveis nada têm a temer.»

Christine Gudorf: The Worst Sexual Sin: Sexual Violence and the Church. The Christian Century. Volume: 110. Issue: 1. January 6, 1993.

1 comentário:

  1. Interesante artículo. Ahora mismo lo traduzco para mi blog, enlazando al tuyo. Gracias.

    ResponderEliminar