terça-feira, 22 de junho de 2010

Cristãos conservadores e misoginia

Mike Huckabee (1950) é um político norte-americano, filiado no partido republicano, ex-governador do Arkansas e apresentado em 2008 como possível candidato a vice-presidente de MacCain; é ainda pastor da igreja baptista e, como não podia deixar de ser, cristão conservador, com larga audiência neste meio. Ora este senhor permitiu-se recentemente a seguinte graçola acerca de Nancy Pelosi (1940) e Helen Thomas (1920), a primeira, líder da maioria democrata no Congresso, a segunda, jornalista, actualmente aposentada, com uma carreira notável na vida publica norte-americana:

«A única coisa pior que um caso tórrido com a doce, doce Nancy seria um caso tórrido com Helen Thomas. Se essas fossem as minhas duas únicas opções, provavelmente eu apoiaria o casamento entre pessoas do mesmo sexo.»

Claro que, como não podia deixar de ser, os media prontamente divulgaram a «graçola», como sempre fazem com notícias que pretendem ridicularizar ou diminuir mulheres que ocupam cargos políticos ou desempenham papeis importantes na esfera pública, a par com os seus colegas masculinos. Acerca desta proclamação não posso deixar de traduzir um comentário de uma leitora que me parece muito lúcido:

«Minhas senhoras, aprendam a lição: não interessa quanto vocês consigam realizar na vida, há-de haver sempre um cara de cu que consegue cobertura nos media para dizer que ele não vos quer f… »

A proclamação merdosa do sr. Huckabee mostra que ele e muitos outros como ele continuam a olhar com hostilidade para as mulheres sempre que elas se destacam e revelam capacidade para ser outra coisa que não esposas dedicadas (a eles próprios!) e mães devotadas (da sua prole!); aí então vem a misoginia ao de cima e revelam o «cavalheirismo» que gostam tanto de cultivar.
De resto é esta mesma misoginia que está presente quando, face a candidatas femininas a cargos públicos, os comentários dos media se focam nos atributos físicos das mesmas ao invés de escrutinarem as suas aptidões para o lugar que pretendem vir a desempenhar e isto tem de ser denunciado com firmeza como aquilo que realmente é: o velho, estafado, mas nunca ultrapassado, preconceito machista.
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