domingo, 7 de novembro de 2010

Mulheres e dissonância cognitiva


Nós, mulheres, dado que somos forçadas a interiorizar um quadro de valores que frequentemente colide com as nossas necessidade vitais, somos presa fácil de um curioso fenómeno psicológico que se designa de dissonância cognitiva
A teoria da dissonância cognitiva foi desenvolvida na década de cinquenta do século passado; é uma teoria contra-intuitiva porque pressupõe que as nossas acções modificam as nossas crenças quando é costume admitirmos exactamente a situação contrária: julgamos que são as nossas crenças que estão na origem das nossas acções.

Os seres humanos manifestam uma constante necessidade de racionalizar e é essa necessidade que a teoria da dissonância cognitiva explica. Ela baseia-se em três pressupostos:

1. Os seres humanos são sensíveis às inconsistências entre acção e crença. Há inconsistência sempre que eu faço qualquer coisa que entra em contradição com um princípio em que acredito. Se eu acredito que uma mulher deve ter independência económica, mas caso e decido ficar no lar tratando do marido e filhos surge aqui uma contradição entre a minha crença e o meu comportamento.

2. O reconhecimento da inconsistência cria dissonância, que se caracteriza por um sentimento de desconforto, e motiva a resolvê-la.

3. A dissonância pode ser resolvida de três maneiras:
a. Mudo a crença
b. Mudo a acção
c. Mudo a percepção da acção

Partamos do exemplo citado:
(1) Posso tentar mudar a crença, convencendo-me que há valores mais altos do que a autonomia, adoptando outra crença, a crença que a mulher é por natureza um ser dependente que precisa da protecção do homem. Foi e é assim que muitas mulheres reagem e são ajudadas pelo condicionamento cultural a rejeitarem a crença de que a autonomia é um valor tão importante para uma mulher como para um homem.

(2) Posso mudar a acção: caso, mas estipulo bem que quero prosseguir uma carreira profissional. Também este caminho é seguido hoje por muitas mulheres.

(3) Ou posso mudar a minha percepção da acção: afinal fui eu que optei por ficar em casa, a decisão é minha e essa situação não vai limitar a minha capacidade de autonomia. A isto chama-se racionalizar a acção e frequentemente é uma forma de nos auto-mistificarmos.

Por isso convém estarmos atentas sempre que surge uma situação de dissonância cognitiva e tentar lidar com ela da forma mais inteligente.

2 comentários:

  1. Espero que entendáis el español.

    ¿Qué piensas tú?

    Muy buen post.

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  2. caro anonimo
    Entendo um pouco de espanhol, sim.
    Obrigada pela visita.
    Adília

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