Nós, mulheres, dado que somos forçadas a interiorizar um quadro de valores que frequentemente colide com as nossas necessidade vitais, somos presa fácil de um curioso fenómeno psicológico que se designa de dissonância cognitiva
A teoria da dissonância cognitiva foi desenvolvida na década de cinquenta do século passado; é uma teoria contra-intuitiva porque pressupõe que as nossas acções modificam as nossas crenças quando é costume admitirmos exactamente a situação contrária: julgamos que são as nossas crenças que estão na origem das nossas acções.
Os seres humanos manifestam uma constante necessidade de racionalizar e é essa necessidade que a teoria da dissonância cognitiva explica. Ela baseia-se em três pressupostos:
1. Os seres humanos são sensíveis às inconsistências entre acção e crença. Há inconsistência sempre que eu faço qualquer coisa que entra em contradição com um princípio em que acredito. Se eu acredito que uma mulher deve ter independência económica, mas caso e decido ficar no lar tratando do marido e filhos surge aqui uma contradição entre a minha crença e o meu comportamento.
2. O reconhecimento da inconsistência cria dissonância, que se caracteriza por um sentimento de desconforto, e motiva a resolvê-la.
3. A dissonância pode ser resolvida de três maneiras:
a. Mudo a crença
b. Mudo a acção
c. Mudo a percepção da acção
Partamos do exemplo citado:
(1) Posso tentar mudar a crença, convencendo-me que há valores mais altos do que a autonomia, adoptando outra crença, a crença que a mulher é por natureza um ser dependente que precisa da protecção do homem. Foi e é assim que muitas mulheres reagem e são ajudadas pelo condicionamento cultural a rejeitarem a crença de que a autonomia é um valor tão importante para uma mulher como para um homem.
(2) Posso mudar a acção: caso, mas estipulo bem que quero prosseguir uma carreira profissional. Também este caminho é seguido hoje por muitas mulheres.
(3) Ou posso mudar a minha percepção da acção: afinal fui eu que optei por ficar em casa, a decisão é minha e essa situação não vai limitar a minha capacidade de autonomia. A isto chama-se racionalizar a acção e frequentemente é uma forma de nos auto-mistificarmos.
Por isso convém estarmos atentas sempre que surge uma situação de dissonância cognitiva e tentar lidar com ela da forma mais inteligente.
Espero que entendáis el español.
ResponderEliminar¿Qué piensas tú?
Muy buen post.
caro anonimo
ResponderEliminarEntendo um pouco de espanhol, sim.
Obrigada pela visita.
Adília