Do blog Feminist Philosopher, traduzo um excerto do último post que mostra bem, através de breves apontamentos, o extraordinário trajecto que as mulheres americanas percorreram desde a década de sessenta do século vinte e que tem paralelo com o que aconteceu na Europa e também em Portugal.
São sinais positivos, mas há ainda muito para fazer, especificamente quando se continua a verificar enorme disparidade de salários para trabalho igual e quando a maioria das mulheres continua a enfrentar dificuldades significativas para aceder a lugares de maior estatuto e melhor remuneração.
Gail Collins, colunista do NY Times, escreveu: Quando tudo mudou - a espantosa jornada das mulheres americanas de 1960 até ao presente. The NY Times fornece apontamentos dos anos sessenta que podem parecer bizarros, mesmo a quem viveu nesse período:
Em 1960, Lois Rabinowitz, secretária, presente em tribunal para contestar o despedimento pelo patrão …. foi repreendida pelo juiz por usar roupa menos apropriada (slacks) … mandada para casa para trocar de roupa e o marido foi admoestado para a manter com a rédea mais curta, o juiz disse ainda aos jornalistas que detestava ver « as mulheres caírem do seu pedestal».
Em 1964 numa audiência no Congresso, quando os executivos de uma companhia aérea testemunhavam que era imperativo que os homens de negócios tivessem os charutos acesos e as bebidas servidas por hospedeiras atraentes, a congressista Martha Griffiths perguntou, «o que é que vocês estão a dirigir, uma companhia aérea ou uma casa de putas?» e a conversa começou a mudar de rumo.
Ou aquele glorioso dia de 1963 quando 250 mil pessoas se reuniram para ouvir o extraordinário discurso de Martin Luther King, «e muito poucas pessoas se deram conta de que as mulheres negras tinham sido quase completamente excluídas do evento». Embora nenhuma mulher estivesse na lista dos que iriam discursar, os homens continuaram a salientar que «apesar de tudo tinham convidado Marian Anderson para cantar.» (…)
Há uma nota perturbadora no artigo de Gail Collins: Mais mulheres (a partir dos anos 80) do que homens passaram a frequentar o ensino superior; a diferença de salário entre os géneros começou a diminuir. (Se você não quer nenhuma diferença permaneça jovem, solteira e sem filhos). Parece um simples facto que mulheres jovens, solteiras e sem filhos, em áreas metropolitanas, tem paridade de pagamento com os homens, mas mais nenhumas outras mulheres o têm. E sabemos bem porque é que isto acontece, incluindo a sobrecarga acrescida de famílias em que a mulher é o único esteio. “
A imagem é da congressista norte-americana e feminista Martha Griffiths (1912-2003)
Sem comentários:
Enviar um comentário