sexta-feira, 28 de maio de 2010

Burqa genital

A Academia Americana de Pediatria propôs recentemente (a notícia é de 21 de Maio de 2010) que as famílias que praticam a mutilação genital feminina pudessem ter a assistência de médicos para efectuarem o ritual de circuncisão feminina, que consistiria apenas num corte «simbólico» e não profundo do clitoris, uma espécie de equivalente da circuncisão masculina. Mas Ayaan Hirsi Ali considera que tal proposta, independentemente das intenções dos médicos norte americanos, torná-los-ia cúmplices na perpetuação de uma grave injustiça.

Em primeiro lugar não há de facto equivalência entre o corte, mesmo que superficial do clitoris e a circuncisão masculina, esta apenas remove parte da pele e não o pénis, o mesmo não acontece com a prática da mutilação genital feminina. Por outro lado, as intenções presentes num caso e no outro são completamente diferentes, pois no caso das meninas o que se pretende é garantir que elas cheguem virgens ao casamento, diminuindo-lhes a libido e assegurando posteriormente a sua fidelidade conjugal. Daí que como Ayaan Hirsi Ali salienta, os pais das famílias que recorrem a esta prática não iriam ficar satisfeitos com o simples «corte simbólico» e iriam recorrer posteriormente a práticas de mutilação mais severas e mesmo à prática de coser parcialmente a abertura da vagina, deixando um pequeno orifício para a saída da urina e do sangue menstrual.
Assim, reconhecer legalmente a prática da «mutilação simbólica» não só não irá prevenir outras ofensas mais graves e severas, bem pelo contrário será como que uma espécie de plano inclinado para a sua aceitação. Portanto a única atitude correcta parece ser a de continuar a criminalizar a mutilação genital feminina, ponto final, sem excepções e sem reconhecimentos simbólicos; esta será a maneira possível de lutar contra uma tal injustiça que atinge milhões de mulheres. A própria Ayaan Hirsi Ali, autora de Nomad : From Islam to America, A Personal Journey Through the Clash of Civilizations, sabe do que está a falar, por experiência pessoal:

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