A notícia já é antiga, data de 2008, ano em que se comemorou o centenário do nascimento de Simone de Beauvoir; na época provocou acesa polémica, mas hoje volto a referi-la por me parecer que apresenta relação com o mito da beleza, abordado em post anterior.
Começo por recordar que a conceituada revista de centro esquerda Le Nouvel Observateur resolveu comemorar o evento publicando na capa um nu fotográfico da filósofa com o título: Simone de Beauvoir, La Scandaleuse. De imediato o grupo feminista francês Les Chiennes de Gard manifestou o seu repúdio considerando que era a dignidade de todas as mulheres que estava a ser posta em causa.
Não subscrevo esta crítica e respectivo comentário pois me parece decorrer de considerações moralistas que a própria S. de B. não defenderia. Mas há um outro aspecto que interessa realçar: o facto de se publicar um nu de uma filósofa, escandalosa é certo, como defendeu o editor, mas de nunca ter ocorrido sequer a ideia de publicitar um nú de um outro qualquer pensador - até porque o não conformismo da filósofa encontra paralelo em outros pares do sexo masculino, chama a nossa atenção mais uma vez para uma constante no tratamento dado às mulheres, sejam políticas, filósofas ou quaisquer outras, que é o de procurar remetê-las para a esfera da aparência e da futilidade, marginalizando de um só golpe as suas ideias e o seu contributo no domínio do pensamento e da cultura.
Não subscrevo esta crítica e respectivo comentário pois me parece decorrer de considerações moralistas que a própria S. de B. não defenderia. Mas há um outro aspecto que interessa realçar: o facto de se publicar um nu de uma filósofa, escandalosa é certo, como defendeu o editor, mas de nunca ter ocorrido sequer a ideia de publicitar um nú de um outro qualquer pensador - até porque o não conformismo da filósofa encontra paralelo em outros pares do sexo masculino, chama a nossa atenção mais uma vez para uma constante no tratamento dado às mulheres, sejam políticas, filósofas ou quaisquer outras, que é o de procurar remetê-las para a esfera da aparência e da futilidade, marginalizando de um só golpe as suas ideias e o seu contributo no domínio do pensamento e da cultura.
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