Emily Perkins Bissell (186-1948), a segunda de quatro crianças de uma família da alta burguesia teve um pai banqueiro e investidor imobiliário e um avô materno advogado proeminente e senador; ficou conhecida como activista social e anti-sufragista.
Como acontecia frequentemente com as senhoras da elite, dedicou boa parte do seu tempo a actividades filantrópicas e dentro desse mesmo padrão revelou sempre uma mentalidade nitidamente conservadora que a levava a afirmar, entre outras coisas: “a ralé vive miseravelmente precisamente porque é ralé”, numa clara atribuição da pobreza a factores individuais, os pobres seriam pobres porque não se esforçam por sair da pobreza, porque não são empreendedores, etc. etc., descartando as responsabilidades da organização da sociedade na matéria; num outro registo, defendeu a introdução da punição por chicotadas em público, uma espécie de reconstrução dos pelourinhos medievais, só que em pleno século XX.
Como acontecia frequentemente com as senhoras da elite, dedicou boa parte do seu tempo a actividades filantrópicas e dentro desse mesmo padrão revelou sempre uma mentalidade nitidamente conservadora que a levava a afirmar, entre outras coisas: “a ralé vive miseravelmente precisamente porque é ralé”, numa clara atribuição da pobreza a factores individuais, os pobres seriam pobres porque não se esforçam por sair da pobreza, porque não são empreendedores, etc. etc., descartando as responsabilidades da organização da sociedade na matéria; num outro registo, defendeu a introdução da punição por chicotadas em público, uma espécie de reconstrução dos pelourinhos medievais, só que em pleno século XX.
Enquanto activista social, Bissell envolveu-se em várias campanhas na luta contra a tuberculose que então era um verdadeiro flagelo, e o seu trabalho foi reconhecidamente meritório. Para angariar fundos, inspirada numa campanha dinamarquesa, teve a ideia , que acabou por vingar, de criar um selo que seria vendido nas estações de correio por uma importância ínfima e aposto junto dos outros selos. Foi ainda responsável pela introdução de uma lei que estabelecia o número máximo de horas de trabalho nas fábricas que podia ser exigido às trabalhadoras, uma medida de discriminação positiva que mais tarde haveria de ser invocada na luta contra o ERA (Equal Rights Amendment).
Bissell foi uma das líderes da National Association Opposed to Woman Suffrage; em 1909 esccreveu um panfleto que circulou em vários estados, «A Talk to Women on the Suffrage Question” em que se explica. Nos seus argumentos contra a concessão do voto às mulheres invoca o fardo que tal tarefa representaria bem como a discórdia que poderia provocar no seio da família. As mulheres tinham, dizia, outros meios para intervirem na vida da nação, tais como a persuasão moral, as actividades na comunidade religiosa e obviamente a filantropia - a que ela se dedicava. Um outro argumento insistia no «perigo» do sufrágio feminino que iria duplicar o voto negro e o voto emigrante, o que obviamente a devia preocupar a ela e às elites no poder.
Atenta às descobertas científicas da época muito favoráveis à causa anti-sufragista, Emily não se esqueceu de as utilizar:
“É nos animais superiores que a ciência encontra as maiores distinções entre os sexos. O homem - a mais elevada forma de vida animal - tem as mais amplas diferenças na função. É natural, é cientificamente correcto, que a mulher seja tão feminina quanto possível e o homem masculino. (…) Exigir, como o sufrágio faz, todos os direitos e deveres do homem é absurdamente anti-científico. Implicaria o retrocesso da sociedade moderna para as épocas da barbárie.” (A Talk to Women on the Suffrage Question, New York, National Association Opposed to Woman Suffrage, 1909, 3)
A ideologia presente é a de que os sexos são diferentes, os papéis são diferentes, as esferas de influência são diferentes, logo nada de permitir à mulher intervir em paralelo com o homem na vida política da nação; como a ciência o comprova, isso não será um avanço, mas um retrocesso.
É preciso dizer mais?!
Sem comentários:
Enviar um comentário