terça-feira, 7 de setembro de 2010

Emily Bissell - activista social e anti-sufragista

Emily Perkins Bissell (186-1948), a segunda de quatro crianças de uma família da alta burguesia teve um pai banqueiro e investidor imobiliário e um avô materno advogado proeminente e senador; ficou conhecida como activista social e anti-sufragista.
Como acontecia frequentemente com as senhoras da elite, dedicou boa parte do seu tempo a actividades filantrópicas e dentro desse mesmo padrão revelou sempre uma mentalidade nitidamente conservadora que a levava a afirmar, entre outras coisas: “a ralé vive miseravelmente precisamente porque é ralé”, numa clara atribuição da pobreza a factores individuais, os pobres seriam pobres porque não se esforçam por sair da pobreza, porque não são empreendedores, etc. etc., descartando as responsabilidades da organização da sociedade na matéria; num outro registo, defendeu a introdução da punição por chicotadas em público, uma espécie de reconstrução dos pelourinhos medievais, só que em pleno século XX.

Enquanto activista social, Bissell envolveu-se em várias campanhas na luta contra a tuberculose que então era um verdadeiro flagelo, e o seu trabalho foi reconhecidamente meritório. Para angariar fundos, inspirada numa campanha dinamarquesa, teve a ideia , que acabou por vingar, de criar um selo que seria vendido nas estações de correio por uma importância ínfima e aposto junto dos outros selos. Foi ainda responsável pela introdução de uma lei que estabelecia o número máximo de horas de trabalho nas fábricas que podia ser exigido às trabalhadoras, uma medida de discriminação positiva que mais tarde haveria de ser invocada na luta contra o ERA (Equal Rights Amendment).

Bissell foi uma das líderes da National Association Opposed to Woman Suffrage; em 1909 esccreveu um panfleto que circulou em vários estados, «A Talk to Women on the Suffrage Question” em que se explica. Nos seus argumentos contra a concessão do voto às mulheres invoca o fardo que tal tarefa representaria bem como a discórdia que poderia provocar no seio da família. As mulheres tinham, dizia, outros meios para intervirem na vida da nação, tais como a persuasão moral, as actividades na comunidade religiosa e obviamente a filantropia - a que ela se dedicava. Um outro argumento insistia no «perigo» do sufrágio feminino que iria duplicar o voto negro e o voto emigrante, o que obviamente a devia preocupar a ela e às elites no poder.
Atenta às descobertas científicas da época muito favoráveis à causa anti-sufragista, Emily não se esqueceu de as utilizar:
“É nos animais superiores que a ciência encontra as maiores distinções entre os sexos. O homem - a mais elevada forma de vida animal - tem as mais amplas diferenças na função. É natural, é cientificamente correcto, que a mulher seja tão feminina quanto possível e o homem masculino. (…) Exigir, como o sufrágio faz, todos os direitos e deveres do homem é absurdamente anti-científico. Implicaria o retrocesso da sociedade moderna para as épocas da barbárie.” (A Talk to Women on the Suffrage Question, New York, National Association Opposed to Woman Suffrage, 1909, 3)
A ideologia presente é a de que os sexos são diferentes, os papéis são diferentes, as esferas de influência são diferentes, logo nada de permitir à mulher intervir em paralelo com o homem na vida política da nação; como a ciência o comprova, isso não será um avanço, mas um retrocesso.
É preciso dizer mais?!

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