Depois de ler Right Wing Women, de Andrea Dworkin, começo a perceber melhor o movimento anti-feminista e a entender as motivações que levam tantas mulheres a estarem contra os direitos das mulheres.
Dworkin procura desvelar as motivações profundas que se encontram na origem da cumplicidade das mulheres para com a sua própria opressão. Procura explicar por que é que as mulheres se sujeitam à autoridade masculina, por que é que se conformam à submissão. Nos caminhos dessa demanda encontra em primeiro lugar o medo e a necessidade, ancorada no instinto vital, de sobreviverem:
Dworkin procura desvelar as motivações profundas que se encontram na origem da cumplicidade das mulheres para com a sua própria opressão. Procura explicar por que é que as mulheres se sujeitam à autoridade masculina, por que é que se conformam à submissão. Nos caminhos dessa demanda encontra em primeiro lugar o medo e a necessidade, ancorada no instinto vital, de sobreviverem:
«Da casa do pai para a do marido e desta para o túmulo - que pode ainda não ser dela -, uma mulher aquiesce à autoridade masculina para conseguir alguma protecção da violência masculina. Conforma-se, com vista a obter a segurança possível»
A violência masculina é imprevisível e incontrolável, com ela o mundo surge como um lugar perigoso e caótico; as mulheres - a experiência confirma-o - têm boas razões para recear. Mas não há problema para o qual não se encontre solução e para este a direita conservadora, o que é quase um pleonasmo, fornece uma, fácil e acessível: o casamento tradicional - uma união consagrada pela religião - e um lar seguro, estável e confortável. Em simultâneo, recorre à intoxicação ideológica: os homossexuais e as feministas põem em perigo o casamento tradicional, logo a segurança das verdadeiras mulheres fica em risco; o aborto é «assassínio de crianças»; as carreiras profissionais são um acessório facilmente descartável, o verdadeiro destino da mulher é ser esposa e mãe. E com esta intoxicação ideológica se eliminam as reais possibilidades de independência e autonomia. Dworkin não tem dúvidas:
«Todo e qualquer acto de acomodação das mulheres à dominação masculina, embora aparentemente estúpido, auto-destruidor ou perigoso, encontra-se enraizado na urgente necessidade de sobreviver, por qualquer meio, em termos masculinos.»
Mas como os «termos masculinos» implicam sentimentos de frustração e desalento geradores de ódio, a direita dá às mulheres a possibilidade de descarregarem essa frustração, que inevitavelmente têm de experimentar, sobre grupos marginais específicos que funcionam como bodes expiatórios, de entre estes, as feministas - ressentidas e invejosas - transformam-se nas más da fita.
Assim fica mais fácil entender o anti-feminismo e as anti-feministas. Obrigada, Andrea Dworkin.
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