quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

«Masculinidade» vergonhosa

No Guardian de 15 de Janeiro último, foi publicado um artigo que refere uma investigação conduzida por uma associação de defesa de mulheres vulneráveis na qual foram entrevistados 103 homens em Londres acerca do seu «uso» de prostitutas.

A um dos entrevistados, jovem, bem parecido e inteligente, perguntou-se quantas vezes ele pensava que as mulheres a quem ele pagava tinham prazer no sexo. Respondeu «Eu não quero que elas tenham qualquer prazer, eu pago e é trabalho delas dar-me prazer: Se elas gozassem sentir-me-ia ludibriado.» Questionado sobre se achava que as prostitutas eram diferentes das outras mulheres, disse: «O facto de elas estarem preparadas para fazer um trabalho que outras não estão … significa que há qualquer capacidade dentro delas que permite que o façam sem se sentirem desgostosas».

Muitos outros entrevistados acreditavam que os homens «precisam de violar, se não puderem pagar pelo sexo de que necessitam. Um disse: «Por vezes tu podias violar alguém, em vez disso podes procurar uma prostituta.» Outro colocou a questão desta maneira: «Um homem desesperado, que precisa desesperadamente de sexo para se aliviar, pode ser capaz de violar.»
A partir daqui conclui-se que não são as feminstas como Andrea Dworkin ou a própria entrevistadora as responsáveis pela ideia de que todos os homens são potenciais violadores – por vezes os próprios homens o reconhecem.

P.S. Este texto foi traduzido e adaptado do post do blog Feminist philosophers de 19 de Janeiro de 2010.

Podem ler o artigo do Guardian aqui:


3 comentários:

  1. }:) "igual que nem" o seu fauno favorito escreveu:

    http://betoquintas.blogspot.com/2009/12/ecce-corpus.html

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  2. De facto, aí você colococou, como se costuma dizer, os pontos nos is. Estou neste momento a ler um livro muito interessante e num dos ensaios o autor distingue o conceito de sexo como mercadoria, que é o prevalecente nas sociedades patriarcais, do de sexo como desempenho (performance) e aí pode perceber-se claramente a posição daqueles que defendem a prostituição como um trabalho que são precisamente os que adoptam o modelo de sexo como mercadoria. O livro chama-se: «Yes means yes» e talvez o apanha em gigapedia, em pesquisa no google.

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  3. ...e o pior é que eu acertei:

    http://revistamarieclaire.globo.com/Revista/Common/0,,EMI117271-17758,00-POR+QUE+OS+HOMENS+PAGAM+POR+SEXO+FEMINISTA+INGLESA+ENTREVISTA+HOMENS+PARA+T.html

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