domingo, 17 de maio de 2009

O que pensar deste anúncio?

Este anúncio deixa-me um pouco perplexa porque explora um duplo estereótipo: o da mulher dependente, frívola e gastadora, e o do homem, suficientemente tolo para a bancar. A isto junta uma pitada de humor negro: o marido pode morrer de um ataque cardíaco ao receber a conta, mas não há razão para preocupações porque também se vende o vestido em preto.
Além de dependente, frívola e gastadora supõe pois a mulher destituída de sentimentos e apenas preocupada com as aparências: provavelmente a morte do marido não irá afectá-la, mas não deixará mesmo assim de trajar de acordo com as circunstâncias.
Em relação a este esterótipo feminino, a atitude dos homens tem sido sempre ambivalente: acarinharam-no e encorajaram-no, mas em simultâneo criticaram as mulheres por se comportarem em conformidade. Sempre as mulheres foram incitadas a não descurarem as aprências, como diz um velho ditado: à mulher de César não basta ser séria, tem de parecê-lo. Sempre as mulherers, sobretudo nas classes possidentes, foram estimuladas a dedicarem-se a frivolidades e a deixarem os assuntos mais sérios para mentes mais resistentes. Dado este contexto, só temos de reconhecer que o anúncio se limita a dar expressão visual a conceitos comuns na cultura ocidental, mas ao dar-lhes essa expressão também os reforça e torna mais poderosos e esse é o aspecto que me parece mais criticável.

2 comentários:

  1. Estimada:
    Felicidades por tu blog que ya lo pasé a mi directorio.Te pido permiso que yo también tomaré datos del tuyo.Poco a poco lo iré leyendo y ya te pongo en mis favoritos.Aunque es en portugués y yo no tengo conocimiento de este idioma pero se comprende muy bién la lectura.Al igual que cuando leo a Pessoa o Saramago.
    Un afectuoso abrazo de una española en Argentina.
    Tere Marin

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  2. Olá Tere Marin
    Obrigada pela tua participação, estás à vontade para utilizar dados do meu blog, penso que estamos no mesmo barco e é muito importante a entre-ajuda e a divulgação destas matérias. Registo ainda o teu apreço por Pessoa e Saramago que são dos meus autores preferidos. Saramago é espantoso no retrato que faz das mulheres que trata sempre com carinho e simpatia.
    Um abraço, Adília

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