segunda-feira, 18 de maio de 2009

A fada do lar




Este é um anúncio publicitário dos anos cinquenta que se limita a actualizar os princípios que, durante séculos,orientaram a "educação" das mulheres. O objectivo dessa educação era colocá-las ao "serviço" dos homens e é tão velho quanto a própria história bíblica e o mito de Adão e Eva, segundo o qual Eva teria sido criada para tornar mais agradável a vida de Adão. Ainda no século XVIII, Restif de la Bretonne preconizava que as mulheres fossem proibidas de escrever e mesmo de ler, estando assim menos distraídas e mais capazes de cumprir as tarefas domésticas. Todavia, Suart Mill, filósofo progressista do século XIX, já denunciou o papel da esposa como o de uma escrava doméstica, mas de pouco terá valido tal denúncia porque nos anos XX a escrava será reciclada como "fada do lar", capaz de fazer um café fantástico e de dar atenção a todos os pequenos e grandes desejos do seu esposo.

Também Engels em A Origem da Família, da Propriedade e do Estado denunciou a escravatura doméstica: "A família monogâmica está fundada na escravatura doméstica, explícita ou disfarçada, das mulheres e a sociedade moderna é composta de moléculas sob a forma de famílias monogâmicas. Na grande maioria dos casos, o homem tem de ganhar a vida e suportar a sua família, pelo menos entre as classes com posses. Por esse motivo, ele obtem um estatuto de superioridade que não requer nenhum privilégio legal especial."

Tudo isto nos faz pensar em como é importante que as mulheres não se deixem aliciar pelas campanhas encapotadas, que as convidam a "regressar ao lar" e a abdicar das suas carreiras profissionais e por inerência da sua indepêndencia, embora esta última parte seja normalmente escamoteada nas referidas campanhas

3 comentários:

  1. Bem, trata-se dum anúncio dos anos 50 do séc. passado. Hoje em dia nada de similar se encontra, creio.

    ResponderEliminar
  2. Mas se calhar crê mal. Continue a seguir o blog que vai ver que ainda agora vai a procissão no adro.

    ResponderEliminar
  3. David,la mayoría de publicidad sigue siendo tan machista y /o sexista como esa y más cara.También es verdad que muchas voces se levantan en contra de ello y hay publicidad que ya tienen código ético para no cosificar a ningún grupo social o individual.
    Saludos desde Argentina

    ResponderEliminar