sexta-feira, 8 de maio de 2009

Não me amolem com o relativismo cultural

Em nome do multiculturalismo e decorrente relativismo cultural, muitas pessoas no Ocidente tendem a pactuar com práticas que ocorrem noutras culturas e que são, sem sombra de dúvida, verdadeiros atentados aos direitos das mulheres enquanto direitos humanos. Estão neste caso, a poligamia, o uso do véu e da burka e, acima de tudo, a mutilação genital feminina.
Na origem desta atitude de complacência e de aceitação encontra-se a má consciência dos ocidentais em geral e de alguns intelectuais em particular que nos anos setenta teorizaram sobre o multiculturalismo e invocaram diferenças de tradições e de culturas em seu abono. Mas já o notável Condorcet - um homem à frente do seu tempo, nos finais do século XVIII, tinha denunciado o carácter opressivo de muitas tradições e a necessidade de não as aceitarmos acriticamente.
Isto dito, é tempo de reconhecermos que tradição e bondade não são termos equivalentes e que há tradições que têm de ser erradicadas se não quisermos conviver com a selvajaria e com a barbárie. De outro modo, porque não aceitar também a prática da antropofagia ou achar muito razoável que o marido bata na esposa, se assim o entender, já que a percebe como uma menor que está sob a sua tutela?

2 comentários:

  1. O que acho engraçado nesta história é que vejo muita gente a criticar os relativistas culturais mas não vejo nenhum relativista cultural por aí. Não há sequer debate.

    Isto no que se refere a outras culturas que não a nossa, porque quando se trata da nossa cultura lá aparecem os relativistas como no caso das touradas, por exemplo.

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  2. Mas, Mescalero, por aqui também não há debate sobre nada, o que vejo é grupos de pessoas a dizerem mal de outros grupos de pessoas pelos motivos mais futeis, é uma «apagada e vil tristeza».
    Quanto ao multiculturalismo,em outros lugares, o assunto ainda rende dividendos, e os piores, veja: http://www.feministing.com/archives/015251.html
    Quanto às touradas, se ainda ao menos se limitassem a brincar com o touro, era lá com eles, isto há gostos para tudo! Mas cravarem-no cristamente de farpas ou matá-lo para oferecer o espectáculo de bandeja, isso penso que terá os dias contados.

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